NÃO CONSEGUI FAZER A IGREJA SER MÃE

 

 

 

 

—– Original Message —–

From: NÃO CONSEGUI FAZER A IGREJA SER MÃE

To: [email protected]

Sent: Tuesday, September 04, 2007 12:11

Subject: ME DÊ UMA LUZ, POR FAVOR!

 

 

Graça e paz, meu pai na fé!

 

 

Não é a primeira vez que te escrevo chamando-te de pai na fé, mas, na verdade, nunca te escrevi dizendo nada sobre mim, de modo que isso fosse confirmado na Luz.

 

Hoje, após ter lido teu texto [link: O CAMINHO DA IMAGEM DE DEUS ], pude entender o porquê desse fato não ter se tornado ainda Verdade…

 

 

Tenho 29 anos, sou casado  e pai de dois lindos garotos.

 

Fui criado num lar pobre, com 4 filhos, meu pai apesar providenciar a alimentação e o vestuário, não participou efetivamente na minha educação, transferindo esse dever a minha mãe.

 

Ela, criada católica romana, ensinou-nos aquilo que havia aprendido em sua vivência e deu-nos conselhos para que fôssemos homens de bem.

 

Fui muito doente durante a infância. Aos 7 anos, quase morri.

 

Tendo pulmão paralisado, fui desenganado pela medicina.

 

Minha mãe levou-me para casa e disse ao médico que se era para que eu morresse no hospital, preferível era ter-me próximo a ela.

 

Ela pediu socorro ao Senhor e disse-Lhe que se eu vivesse consagrar-me-ia a Ele. Por um milagre, sobrevivi. 

 

Desde cedo, ouvi a voz de Deus, pois quando via mendigos e moribundos, chorava muito em meu coração de criança. 

 

Depois de ter sido curado, ainda nessa época, sem saber da “promessa” de minha mãe, eu dizia a ela que seria padre. Porém, quando me tornei adolescente desisti logo dessa idéia.

 

Aos 17 anos conheci uma moça que era membro de uma igreja protestante [como dizia a minha mãe], a quem passei a namorar. Ela me convidou a participar de um encontro para jovens e foi lá que o desejo de servir ao Senhor intensamente acendeu.

 

Contudo, quando saí de lá completamente decidido a viver para Cristo, me deparei com a instituição “igreja”.

 

Só comecei descobrir como ela era quando passei a me “infiltrar”, ocupando cargos na administração, até chegar à vice-presidência.

 

Nesse período, vi a dissimulação e hipocrisia que “rola” dentro… Aquele que tinha por pai, o pastor, fez de tudo para que eu calasse, pois discordava de muitas de suas atitudes, porém, tinha-lhe profundo respeito.

 

Por sentir que as coisas de Deus não eram daquela forma, saí de lá e vaguei fora da igreja, revoltado… Já era casado nessa época e pai. Fiz tudo aquilo que o sentimento de descrédito produziu em mim, posto que pensava que rompendo com a  “igreja” estava rompendo com Deus.

 

Três anos distante. Passei alguns amargos que me fizeram entender que Deus não tinha nada a ver com aquilo. E que Ele me amou desde sempre… E tem um propósito lindo para mim.

 

Resolvi voltar. Crendo que deveria “olhar para Cristo” e viver mais sossegadamente, sem denunciar aquilo que enxergava e que me causava nojo.

 

Fiz seminário… Tive muitos embates com o pastor, mas como o tinha por pai, acreditava numa possível mudança, que não aconteceu.

 

A contragosto dele, tornei-me pastor o ano passado, pois foi decisão da comunidade que isso acontecesse.

 

Sofrendo os ciúmes do pastor-presidente, não percebi que ele havia mudado de estratégia… Queria ter-me por perto, na intenção de me calar, de me comprar, de me fazer participante…  Coisa que já sei e não quero.

 

Eis o cenário…

 

Continuando…

 

Ainda ontem faltavam-me duas coisas para que eu, verdadeiramente, tornasse um filho da fé: o entendimento e a coragem…

 

Nesta manhã, só me falta a coragem, porque o entendimento já o recebi como iluminação.

 

Porém, até ontem, faltava-me também o entendimento, porque cria que poderia estar inserido na “igreja” sem sofrer os embates daquilo que é contrário ao meu coração em Jesus.

 

Todavia, está por volta dos 11 anos que estou na tutela da “igreja” e sempre com o espírito desassociado dela.

 

Durante esse tempo, vivi a ilusão de que a “igreja”, a “má-drasta” que me acolheu, viesse ser uma Mãe para mim e para os demais irmãos. E, por isso, incansavelmente, procurei diluir óleo em água, na esperança que tais substâncias se tornassem uma mistura homogênea.

 

Eu não te dei ouvidos, Caio.

 

Achei que tornando-me pastor, conseguiria fazer algo para mudar o quadro…

 

Me sinto aflito e confuso… Feito alguém que precisa tomar uma decisão de vida ou morte… Sei que é dessa natureza…

 

Agora, me falta a coragem de romper, de decidir, de abdicar…

 

De me expor…

 

Enquanto isso tenho sido moído internamente, vendo tanta injustiça, dissimulação, mentira “empestar o ar” das vidas… o gemido de outras… e o da minha própria…

 

Estou me encontrando com a verdade de meu coração…

 

Assusta-me ver tantas contradições em mim; e, simultaneamente, me alegra notar que existe uma chama pequenina, que começa a brilhar mais intensamente, fruto desse desejo de acolhimento da Graça.

 

Gostaria de poder te ouvir, Caio, por favor.

 

Receba meu beijo carinhoso,

 

Edson.

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Resposta:

 

 

Meu mano Edson: Graça e Paz!

 

 

Os seres viventes diante do Trono (Ap 4) têm olhos para dentro e para fora; e, para fora, em todas as direções.

 

Assim, quanto mais próximo ao Trono da Graça, mais nos vemos e mais nos percebemos; e tal percepção só gera um único crer-confessar-adorar: “Santo, Santo, Santo é o Senhor; toda a Terra está cheia da Sua Glória”.

 

Então, no mesmo lugar-existencial de João, Isaías, mais de 800 anos antes, vira o mesma coisa, o mesmo Trono, e a mesma glória, e disse: “Ai de mim…; pois meus olhos viram o Santo!

 

João viu o Santo e chorou: “Não chores mais” — disseram a ele, quando o apóstolo pensou não haver ninguém além do Santo para salvar o mundo; e o Santo parecia longe demais… “O Cordeiro venceu…” — bradaram a ele; fazendo-o parar de chorar.

 

Isaías viu o Santo e disse: “Ai de mim! Vou morrer. Sou pecado. Falo pecado. Sinto pecado. E o meus olhos viram o Santo?!

 

Ora, quando algum olho humano vê o Santo, que tal pessoa saiba: isto é Graça.

 

Porém, a Graça dói como Glória. Dói porque eu não sou nada além de erva. Mas é  também a própria Graça que tira o meu pecado e que me dá conforto ante a Graça da Glória.

 

Então, João profetizou e Isaías também, mas não sem antes chorarem por si mesmos.

 

Afinal, quem poderá educar-formar filhos se não tiver minimamente formado nas bases de seu próprio ser?

 

Então, sofra a alegria da dor reveladora da Graça e da Glória, e não tema sentir-se mal pelo bem dessa Graça; pois, é nesse chorar de hoje que sua maior alegria reside.

 

Bem-aventurados os que choram…”; tais lágrimas lavam e limpam o coração, e nos põem na simplicidade de ver Deus.

 

Agora não olhe para casas passadas e nem para promessas humanas que se frustraram.

 

Você é um chamado para fora [para servir]; para dentro [a fim de se enxergar]; para frente [pois, tudo adiante de nós ainda está]; e para cima [a fim de crescer]; mas nunca será chamado a retroceder.

 

Também não espere ser chamado, pois você já o foi!

 

Abra a boca. Pregue. Reúna pessoas. Ensine-as na Palavra com humildade e brandura. Seja um modelo simples e nunca insincero de nada. E não aprenda a ruminar; pois, em geral, tais animais existem no deserto.

 

Se precisar de ajuda para iniciar algo simples e que necessite de orientações conforme o espírito do que ensinamos, escreva para [email protected]; ou para [email protected] – e você será ajudado.

 

 

Receba meu beijo e certeza de que ninguém que Nele ande está sozinho,

 

 

 

Caio

 

04/09/07

Manaus

Am