—– Original Message —–
From: ATEU DE CIANURETO!
Sent: Thursday, October 11, 2007 17:02
Subject: cianureto
Estou preocupado com alguns fermentos que tem levedado o meu coração. Sinto que tenho permitido uma grande ira tomar minha fé de assalto. Sou convertido desde janeiro de 2006. Antes disso minha crença era na minha razão. Estava completamente imerso no ateísmo. Achava como já disse alguém há muito tempo atrás que se as vacas pudessem pensar e produzir linguagem, deus teria chifres e comeria capim.
Depois da minha conversão e do colapso das minhas convicções me envolvi numa espécie de fé tola. Por quê? Porque acreditei em Deus como uma criança acredita num pai. A questão é: essa crença é realmente tola? Estou dizendo que é tola porque o meu convívio dentro do “corpo de cristo”, com os seus representantes têm me feito acreditar que eu preciso ficar mais “esperto”, pensar mais em mim.
Jesus Cristo foi institucionalizado. Mamon conseguiu finalmente seu local de adoração e o bezerro de ouro reluz como nunca, ainda que este seja um ouro de tolo. Mas enquanto os homens adoram ao bezerro, fico curioso por saber quem está no alto da montanha, adorando de fato o Único que é digno de adoração. Há alguém lá afinal? Quando os homens estavam adorando ao bezerro de ouro Weber achou por bem tomar nota e explicar a grande contribuição que eles estavam dando ao mamonalismo.
Meu ateísmo está gritando. Nesse exato momento, sinto como se estivesse participante de um grande espetáculo pomposo, bonito, envolvente e falso. As igrejas criaram superestruturas e o clericalismo veio disfarçado de necessidade de organização. Uma burocracia celestial que impede que essas pessoas que não sabem lidar com seus problemas, essas pessoas imaturas que vivem metidas em crises, essas pessoas que ainda não tiveram revelação da graça, essas pessoas que não sabem ir primeiro aos pés do Deus que eu sirvo, extrapolem os limites do bom senso e não venham por fim sobrecarregar seus pastores com pseudo-problemas. Ah, esses fiéis, não entendem que o corpo está crescendo e que, portanto, as lideranças precisam administrar o coeficiente muito grande de problemas. Hoje o corpo precisa de internet, de rádio, de televisão, de data show, de pirotecnia… Será que não seria uma boa idéia abrir também uma igreja dentro do “second life”, amenizaríamos mais o vazio existencial propagado ali. Abriríamos uma conta para os dizimistas fiéis e ofertantes generosos. Temos que usar de todas as estratégias que Deus tem nos dado. Será que alguém já pensou nisso? Vou patentear. De repente ganho uma grana.
Certa vez um amigo meu me mostrou o seu site e falou um pouco do seu “trabalho”. Também falou que o senhor estaria abrindo uma igreja em Goiânia e que seria interessante dar uma olhada. Mas eu disse a ele que não iria em respeito ao senhor: em sua carta o senhor pedia que não fosse à reunião curiosos, pessoas interessadas apenas no “cainho” ao invés de estarem interessadas no Caminho; o senhor também não queria ninguém ali que apenas estivesse magoada com a igreja. Portanto, me recusei a ir. Se fosse seria por curiosidade apenas. Não iria buscar o “cainho”, porque o nome Caio Fábio (com todo o respeito), pra mim, um ex-ateu, não diz nada.
Hoje eu diria que o senhor continua não dizendo nada, mas a insatisfação do senhor com a mega estrutura diz alguma coisa. Diz tanto que uma legião de insatisfeitos começa a aclamá-lo. Perdoe as minhas palavras, pastor, eu me sentindo numa espécie de divã virtual… Vou adotá-lo na minha igreja que abrirei no second life, poderei até receber o pomposo nome de apóstolo… Minhas palavras estão ásperas: a boca fala do que o coração está cheio.
Onde está Deus, que permite tudo isso. Por que Ele não diz nada? Há algo que Ele precisa dizer? Eu estou certo na minha insatisfação? O que eu entendo de igreja para já vir despejando esse peso imaturo de dúvidas e incertezas? E pensar que eu tinha um chamado pastoral. Até parece.
Desculpe, eu só precisava desabafar um pouco. Acho que essa dose de cianureto não faz muito bem. Estou cansado.
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Resposta:
Meu irmão querido: Graça e Paz!
Não sei como você se “converteu”, e nem em que lugar belo e pomposo você de “congrega”. Sei, entretanto, que 1 ano foi o bastante para que o que você sentia antes pela “religião” se tornasse agora num direito adquirido de sua parte quanto a dizer: “Eu dei uma chance a Deus através da igreja. Ele não aproveitou. Estou me sentindo livre para ter raiva do que sempre tive: religião. Eu estava certo”.
O problema é que você foi para a “igreja” sem ter conhecido Jesus e a Igreja. De fato, você conheceu o “Jesus da igreja” e a “igreja” da “igreja”; ou seja: conheceu o fenômeno “cristão”; e, assim, você apenas se envolveu com o que há de pior em sua versão: a ufania adoecida dos evangélicos.
Entretanto, para um “ex-ateu” [conforme você fez questão de dizer e repetir] sua “elaboração” é muito tola, pois, um ateu de verdade não daria essa chance que você deu à “igreja”. Sim! Porque um ateu de fato seria antes de tudo um ateu de “igreja”; ou seja: um ateu em razão da “História de Deus no Cristianismo”.
Assim, sua “conversão” aconteceu numa fraqueza de superstição de sua alma cansada, mas não em razão de um encontro com Deus. Pois, se houve um encontro com Deus então não há ateísmo gritando… Nunca mais haverá!…
Até hoje todos os ateus que conheci são ateus de “Deus na história do Cristianismo”; ou, então, são seres traumatizados pela experiência ateia que a “igreja” oferece.
O lugar mais ateu que existe é a estrutura da “igreja”. Sobre tal lugar o que se tem que dizer com esperança é “ …e as portas do inferno não prevalecerão…” — posto que o ambiente é brabo e nauseante.
Por isto a “igreja” também é o perfeito álibi para os que desejam ser ateus de discurso.
Sim! Para quem relaciona “Deus e igreja”, ser ateu de discurso é o obvio; pelo menos para mim seria, se eu relacionasse Deus à “igreja”.
Seu ateísmo é de cianureto mesmo!
Ou seja: é ateísmo psicológico e de amargor traumático; e nada mais, além disso… Portanto, é tarefa para o “divã” mesmo — falando fenomenologicamente.
Quem lê sua carta nada vê além de amargor infantil. Nem mesmo é possível ver onde e no que se estriba seu ateísmo emocional; até porque é impensável um ex-ateu ir para a “igreja” com tão elevadas expectativas.
Somente um ateu de brinquedo vai para um ajuntamento humano “crente” que encontrará os anjos reunidos.
Um ateu de verdade [se tal houvesse] quando se convertesse o faria por Deus e contra tudo. Mas não parece ter sido o seu caso. Talvez você fosse “a-igrejeu” e tenha pensado que isso era ser ateu. O homem tem o poder de dizer “Não há Deus”, mas não tem o poder de viver sem aquilo que só se busca e vive em razão de Deus.
Portanto, sonde seu coração, pare de criancice, e veja com que motivação você foi para “esse Deus de igreja”.
O que você queria?
O que levou você a chegar já com um chamado “pastoral”?
A impressão que deu é que por um momento você creu que essa panacéia poderia ser seu lar!
O que houve? Não lhe abriram o “espaço” ou foi seu coração que não agüentou a “náusea” de tal convívio?
Afinal, tudo isso aconteceu de 2006 para cá. Assim, pergunto: Que surto foi o seu? Sim! O de pensar que a história inteira seria diferente em Goiânia?!…
O que foi?…
Assim, como nada tenho a lhe dizer segundo você mesmo, apenas pergunto a você: o que foi que deu em você senhor ex-quase-futuro-ateu-apóstolo-da-igreja-second-life?
Na realidade se eu lesse a sua carta com outros olhos, a julgar pela sua insistência de ter uma “igreja” sem gente [virtual], mas com um “apóstolo” virtual de sua qualidade, diria que você está frustrado de não ter sido guindado a posições melhores na estrutura. Afinal, quem poderia desperdiçar a contribuição de um ex-ateu como você?
Para mim, de longe, você soa como um filho de “crentes” e que desejou “voltar para a igreja” e não suportou a “onda”; ou melhor: o maremoto.
De fato, nada tenho a lhe dizer, mas o Espírito Santo tem muito a lhe falar.
Assim, o invoco:
Espírito Santo! Ilumina a mente confusa de meu irmão e pacifica a alma angustiada que nele suspira. Revela-lhe a face de Cristo, e ajuda-o a conhecer-te Hoje, por revelação da verdade do Evangelho ao coração dele!
Agora, peço a você: ajoelhe-se e ore a Deus; pois, seu coração sabe a diferença entre “Deus”, “igreja”, e Deus mesmo.
Orou? Então, pode continuar; pois, se você continuar sem orar de verdade, o que direi a seguir de nada lhe adiantará; afinal, você mesmo já me deu tal garantia…
Prosseguindo…
E por que Ele não fala? — indaga você.
Ora, Ele tem falado, mas você não tem querido ouvir!
Sei, entretanto, que você ouvirá com admissão de fé a Voz de Deus no dia da Graça, que é sempre Hoje. E minha esperança é que esse Hoje tenha sido já Agora para você.
Agora, sendo prático em relação a algumas coisas, quero dizer o seguinte:
Eu não abri “uma igreja”
No “Caminho da Graça” ninguém é ensinado a confundir “igreja”, nem a Igreja, ou qualquer outra coisa, com Deus mesmo. E isto também inclui a Bíblia. O Verbo Encarnado é Jesus. A Bíblia, como o nome diz, é uma Biblioteca Encadernada. Assim, se for lida a partir de Jesus, ela ilumina. Porém, se apenas lida a partir de si mesma, ela cega a pessoa com a presunção “do saber sobre Deus” — o que de fato nem verdade pode ser se a relação da pessoa for apenas com a Bíblia.
No “Caminho da Graça” também me dá ojeriza até quando vejo gente brincando umas com as outras tratando o outro ou alguns outros como se fossem “líderes”, ou “bispos”, ou qualquer coisa do gênero. Sim! Porque “o modo cristão-histórico” de reconhecer “líderes” é a antítese do que o Evangelho ensina; e quase todos os cristãos que conheço são viciados nisso; e ou inconscientemente amam tais loucuras. Portanto, nem para brincar tais categorias servem, pois, na brincadeira elas vão penetrando na ilusão dos que brincam ou dos que deixam brincar disso.
Fui ensinado pelo Evangelho a reverenciar todos os homens e a não ver em ninguém nada além do que a Graça compartilhou livremente com cada pessoa.
Entretanto, entre nós, não num “second life”, mas no chão do caminho, só tem gente; e gente com todos os defeitos que as pessoas têm. A começar de mim, que se conheço bem os “defeitos humanos” — é apenas porque os conheço a partir de mim mesmo.
Se um dia você desejar esquecer-se de que foi ateu e acabar com essa bobagem reconhecendo que você é igual aos “crentes” como ateu, e, se com tal desejo lhe vier a disposição de andar com gente que crê no Evangelho, então, apareça numa reunião da Estação do “Caminho da Graça” em Goiânia; pois, lá, eu garanto a você que só tem gente; e, se entre eles houver algum dia alguém com surto de superioridade, enquanto me derem crédito, eu mesmo cuidarei para que tal pessoa aprenda que só lidera quem serve ao outro sem idiotices e com sinceridade.
Pior do que um “ateu discursivo” só mesmo “discurso de apóstolo de plástico” — como o são os que, cheirando a látex, falam de “unção”.
Leia os links abaixo se de fato desejar tratar a questão como ela é.
Sobre “Igreja” e Igreja leia mais de 90 textos apenas escrevendo Igreja no serviço de Busca do site. Faça o mesmo escrevendo Evangelho, Escritura, Deus, deuses, etc.
Sobre a Bíblia você pode ler os seguintes links:
O que também lhe digo é que se você começasse a ler este site hoje levaria três vezes mais tempo para você concluir a leitura do que o tempo que você tem de convertido à “igreja”. Embora eu não creia que você esteja interessado em nada disso; posto que pelo que pareceu, você é do tipo que não vê e não prova, mas, mesmo assim, não gosta.
No que concerne ao que digo, tenho a dizer apenas o Evangelho e nada mais. E se isto não lhe diz nada, me angustio; pois, nesse caso, não sou eu quem não diz nada a você [o que de nada importa], mas sim o Evangelho [o que tem importância capital].
Se você quiser falar sério mesmo, então, tenho apenas duas coisas a lhe dizer:
1. Pare com essa história infantil de ex-ateu; pois, só creio em ateus mortos. Ex-ateu falando de Deus é contradição de termos. Ex-ateu é categoria “cristã pervertida”. No Evangelho todos são ateus até que Deus se revele e assim se possa conhecer a Deus. E ex-ateu de verdade não fica falando disso, pois, ele saberá no seu coração que todo homem é ateu sem que conheça a Deus pela fé. “Ex-ateu” soa mal como “ex-prostituta”, ou “ex-gay”, ou “ex-drogado”, ou “ex-evangélico”… O Evangelho só conhece na categoria dos “exs” os ex-mortos em delitos e pecados, e que pela fé simples foram iluminados e ressuscitados por Jesus.
2. Leia o Novo Testamento todo, de cabo a rabo [conforme sempre recomendo]; e, depois, se sobrar algum absinto ou cianureto em você, me escreva. Pois, antes disso, qualquer outra conversa me parece ser algo como ver um leão de circo se candidatando a domador do espetáculo fazendo de conta que não é assim. Se lhe dou assim falando pretexto para mágoa, me perdoe, mas, por favor, ouça o que lhe digo com todo amor na verdade.
Além disso, saiba: o que digo sobre a religião ou sobre os “evangélicos” não é novo [é velho mesmo!]; e tampouco o que digo procede de cianureto existencial que em mim exista, mas apenas se origina no amor e no desejo de ajudar essa gente querida e que anda sendo enganada por pessoas cheias de cianureto. Sim! Meu único desejo é vê-los aprenderem de fato o que é o Evangelho e, assim, virem a conhecer a Jesus no espírito, e não segundo a carne.
E mais: isto não é “meu trabalho”, mas sim minha vida.
Receba meu carinho; e entenda que o que lhe disse, o disse na mesma sinceridade com a qual cri que você me escreveu.
Meu coração está cheio de carinho por você!
Com verdade, sinceridade e muito desejo de que a Voz se lhe faça ouvir; Nele, em Quem ateu nem mesmo o é o diabo,
Caio
12/10/07
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