—– Original Message —–
From: COMPULSÃO DE FALAR…
To: [email protected]
Sent: Monday, December 17, 2007 07:13
Subject: Precipitações
Caro e amado Pastor Caio Fábio,
Sou da cidade do Rio de Janeiro.
Ultimamente tenho sido muito abençoado pela palavra de Deus, que é o Evangelho, ministrada através de você.
A questão é que tem aspectos de nossas vidas que parecem insolúveis.
Eu brigo contra mim mesmo contra elas.
Estou falando de precipitações e pulsões.
Sabe amado pastor, estou inteirado sobre muitas coisas a cerca do Evangelho, tenho pagado o preço de vivê-las, mas a alegria do Senhor tem sido minha força. Só que não consigo raciocinar para responder com precisão, sou muito emotivo (alma) e tenho dificuldades de subjugar a minha alma ao meu espírito. Isso é difícil.
Quero o maior tesouro, que é Deus. Sair em breve, do casulo, dessa crise, crisálida.
Só para se ter maior entendimento do que falo, um exemplo simples ocorre entre mim e minha noiva. Ela diz que devo pensar antes de falar algo, procurar ser esclarecido. Mas, não tenho conseguido. Isso desgasta qualquer relacionamento.
Enfim, meu irmão, busco a cura. Ressalto que quero viver a plenitude do evangelho.
Identifico-me muito com Pedro.
Um grande abraço e obrigado,
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Resposta:
Meu amado mano: Graça e Paz!
Jesus disse que realmente a língua é perigosa. Ele falou de como as palavras frívolas podem fazer-nos mal e a outros. Entretanto, no Novo Testamento, foi Tiago, irmão de Jesus, quem mais falou sobre o mal da língua.
Leia a epístola de Tiago por inteiro e medite no que ele fala sobre o poder da língua. Além disso, peço que leia o livro de Provérbios todo fazendo a mesma coisa.
Controlar a língua e as palavras é o exercício mais difícil ao qual um ser humano tem que se impor.
Quem aprende a controlar as próprias palavras é mais forte do que aquele que tem poder para conquistar uma cidade fortificada — diz Provérbios.
O “temor do Senhor”, diz Provérbios, consiste, entre outras coisas, em controlar a língua.
Além disso, o controlar a língua deve dar lugar à capacidade de ouvir. Ora, ouvir é um modo de falar muita coisa, embora a maioria não creia nisso.
A compulsão por falar o que vem à cabeça é filha da impaciência e da ilusão de que se a pessoa não falar não terá participação responsável na vida — isso no caso de quem não tem a intenção de falar para destruir.
Desse modo o falar compulsivo é neurose. Sim! Quando esse falar é fruto de se buscar ter uma presença de opinião em tudo, esse tal falar é neurose. Assim, a pessoa fica inquieta e angustiada se não fizer ou falar ou expressar o que crê.
O grande exercício para quem não sabe não falar é transformar a compulsão de falar em atenção no ouvir e em oração a Deus.
Assim, diante das pessoas ouça e diante de Deus fale!
Por outro lado, quem não sabe deixar de falar também evidencia falta de confiança em Deus. É como se a vida só tivesse jeito se nossas palavras fossem ouvidas…
Não estou sugerindo que você fique mudo. O que estou dizendo é que você deve daqui para frente dormir sobre as suas opiniões e conversar sobre elas com a sua noiva, e, assim, checar suas opiniões ou o “timing” delas com gente que ama você e não está interessada em ver você se desgastar como você vem se desgastando.
“Até o tolo quando de cala passa por sábio” — diz Provérbios.
Leia os evangelhos e veja a quantidade de vezes que Jesus calou, ou fez silencio, ou passou sem dar opinião acerca de tantas coisas.
Gente como você lê acerca dos “silêncios” de Jesus e não entende. Às vezes até se pergunta: “Mas como pôde Ele nada dizer?”
Jesus também disse “muito teria ainda a vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora”. Ou seja: até a verdade deixa de ser verdade quando falada de modo insensato e fora da hora. A verdade é também o modo e tempo.
Entretanto, saiba: à semelhança de Pedro você também aprenderá a se conter.
O pior mal da Terra é a língua do homem!
Uma língua solta é pior do que uma metralhadora giratória; e seu mal pode reverberar de geração em geração, fazendo males viverem por muito tempo.
O que lhe falta não é conhecimento, mais sim contimento.
Conhecimento sem contimento de nada vale, pois, sem amor e moderação nada que seja verdadeiro será, todavia, sábio.
Pense com todo carinho no que lhe digo.
Ah! Nós temos Estações do Caminho aí no Rio. Se você desejar se integrar a uma delas me escreva.
Um forte abraço!
Nele, que é o Verbo e nem por isso esbanjou palavras,
Caio
17/12/07
Lago Norte
Brasília
DF