CAIO, SAI DO SERENO!

 

 

 

 

 

 

 

—– Original Message —–

From: CAIO, SAI DO SERENO!

To: [email protected]

Sent: Thursday, November 20, 2008 7:56 PM

Subject: Sai do sereno!

 

 

Pérolas proferidas pelos donos da igreja cristã brasileira:

 

 

“Deus não se agrada de vc ter uma prestação maior de que seu dízimo”. “Deus sonha com a tua prosperidade irmão”.  Faid Faraj

 

 

“Persevere, mesmo que seu ministério seja pequeno e Deus lhe ensinará a fazer grandes negócios”. Silas Malafaia

 

 

“A graça de Deus não é tudo, é preciso querer mais”. “Apóstolo” César Augusto

 

 

“A fé sem dinheiro é morta”. “Bispo” Macedo

 

 

“O deputado é verdadeiramente um homem de Deus”. Pastor Marco Antonio

 

 

Isso tudo acontecendo… e vc… aí na praça (da Academia de Tênis)… dando milho aos pombos.

 

 

É uma pena.

 

 

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Resposta:

 

 

Como sair do sereno? Afinal, serenou, eu Caio, eu Caio…

 

 

 

O irmão que escreve acima é bem-intencionado. Mas é desinformado, simplista e insistente.

 

 

Um verdadeiro crente com uma missão para os outros. Sim! Pois me escreve todos os dias, às vezes várias vezes no mesmo dia, sempre me cobrando alguma coisa: desde a cronologia do Apocalipse, supostamente tendo eu que ter certeza de cada movimento dos anjos na História, até a cobrança de que eu vá sabe Deus para onde… e, loucamente, cave um espaço de “aparição” entre os “evangélicos” a fim de convertê-los ao Evangelho.

 

 

Como eu disse o moço ou o senhor, não sei a idade, é bem-intencionado. Mas falta-lhe sabedoria.

 

 

Ele é de um tipo psicológico muito presente na religião, nos times e nos partidos políticos. É o tipo torcedor apaixonado, mas sofrendo porque o time está na 3ª divisão do campeonato e porque o jogador que ele acha que pode ajudar na virada não joga mais no tal campeonato.

  

 

Na opinião dele eu sou como ele: um “evangélico” ressentido com a “igreja”, e que, por ser crente, saiu por um pouco, até que haja clima para voltar e fazer alguma coisa. E como ele acha que o “clima” está presente, que seria [e de fato seria] a hora de se dar um grito a fim de ver a casa cair; e como ele não me vê fazendo qualquer movimento nessa direção, então, me acusa de não dar tal grito, e, além disso, me acusa de estar perdendo o meu tempo com o “Caminho da Graça”, com o site, com as pessoinhas das quais cuido, com os milhares aos quais respondo, com os muitos mais ainda que me lêem; e ainda perdendo tempo com esta cidade de Brasília, que, pela misericórdia de Deus, hoje, em proporções maravilhosas de audiência, me ouve com atenção todos os domingos de manhã.  

 

 

Também me acusa de estar jogando milho pra pombos em uma Praça da Academia de Tênis.

 

 

 

Rsrsrs.

 

 

A fantasia é uma espada enlouquecida e perversa quando usada por um ser angustiado, e que a empunhe cheio de certezas.  

 

 

Entretanto, sei que ele faz isso como um bom judeu faria ao ver Paulo perdendo tempo com os gentios, ao invés de ficar em Jerusalém pregando aos escravos do espírito de assassinato de profetas.

 

 

Dou graças a Deus que me deu forças e me dá, pois, desde menino que me afadigo na pregação da Palavra, praticamente vivendo em todos os lugares, me dando de todos os modos e formas que minha alma divisou durante anos, sempre fazendo tudo com amor e generosidade, sem sacrifícios, sem lástimas, sem salário, sem busca de recompensa humana.

 

 

Mas dou muitas graças a Deus hoje; ao mesmo Deus e Pai que antes me deu ânimo para ir a todos os lugares, por décadas! — Sim, a Ele agradeço pela bênção de hoje não precisar mais correr a fim de ver a Palavra ir.

 

 

Dou comida a centenas de passarinhos todos os dias, os quais agora vivem nas árvores de minha casa, seres angelicais, cheios de bondade de Deus. Tenho três papagaios; o “Teuzinho” morreu, ficaram três. Alimento uns 300 peixinhos e uns cinco peixes maiores. Além disso, uma família de três micos cresceu aqui nas árvores, e hoje já são quase vinte bichinhos. Também construo pequenas coisas, tanto de madeira quanto com pedra e tijolo. Agora mesmo recolhi todos os escombros das calçadas aqui do Lago Norte e trouxe para o terreno alugado pelo “Caminho”, na frente de minha casa, onde estamos construindo uma tenda, a qual será cercada pelas “ruínas” que construirei a partir de tais escombros.

 

Amo construir entre ruínas.

 

 

Também dou muito “milho” para a minha mulher, para os nossos filhos e para os netinhos.    

 

 

Além disso, estou me preparando para jogar cada vez mais “milho” para “bons pombos”, sem ter que correr as ‘praças geográficas’ deste mundo.

 

 

O que esse amado irmão bem intencionado [mas ainda viciado nos modos de resolver as coisas conforme os “evangélicos”] tem que saber, é que tudo isto tem a ver com uma grande Gargalhada de Deus.

 

 

Ouço a Gargalhada de Deus todos os dias. Sim! Em tudo!

 

 

Mas também a ouço quando vejo o impacto constrangedor do Evangelho pregado através desse Portal dos Invisíveis, este site; e que vai arrebentando padrões e instaurando princípios e verdades; tudo sem mãos humanas, tudo sem coerção ou manipulação, tudo livre, tudo fruto de volição de quem busca a fim de ler, ver e ouvir.

 

 

Deus Gargalha sobre mim!

 

 

Sim! Gargalha sobre meu desprezo pela eficiência de um meio tão sem meio como este da Internet.

 

 

E foi aqui, neste Portal dos Invisíveis, que vi e vejo uma revolução sem bandeira acontecer sem passeata.

 

 

Sim! A tal ponto que o amigo que me escreve com bom coração, porém sem entendimento, reconhece que prego a Palavra, mas somente ficará feliz quando me vir pregando-a outra vez como um “orgulho dos evangélicos”.

 

 

Meu irmão, o jardim da minha casa é mais útil ao Evangelho do que as praças de milhares e milhares de “igrejas”.

 

 

O arrulho dos pombos, das rolinhas, dos sabiás, dos pássaros pretos, dos sabiás laranjeiras, e o festejo ruidoso dos periquitos, chegam diante do Trono como culto.

 

 

E mais:

 

 

O Senhor ama me ver cuidando desses bichinhos; e isso enquanto prego, escrevo, ensino, atendo, amo e aprendo paciência e renúncia.  

 

 

Meu irmão, sua carta me pede para sair do “sereno”.

 

 

Ora, eu amo o sereno, amo o ar livre. Se pudesse, se não fosse um homem entre os civilizados, dormiria muitas e muitas noites ao ar livre — e minha mulher sabe disso.

 

 

Uma de minhas grandes alegrias amazônicas é dormir no sereno. No Amazonas, quando posso, ato minha rede no sereno, apenas para acordar todo molhadinho.

 

 

Durante anos sonhei que minha casa era ao ar livre. Hoje vivo literalmente ao ar livre. Muitas vezes entro no ambiente interno da casa apenas à noite; e há noites em que vou para o quarto apenas muito tarde; isso em razão do apelo do sol e da lua, que me chamam para o ar livre.

 

 

Com relação às frases dos líderes evangélicos, digo:

 

 

Quem dera “frases” fossem tudo o que deles procedesse.

 

 

Mas quanto ao irmão que me escreve, digo:

 

 

Deixa os mortos corrigirem os seus mortos e suas frases; quanto a ti, vai, e prega o reino de Deus!

 

 

E saiba:

 

 

Não fosse esse meu jogar de milho, e você, meu amado pombinho, não estava tendo forças nem mesmo para me dizer as tolices que me diz.

 

 

 

Por último, quero dizer a você, meu mano amado, que se a Palavra vai… apesar de eu ficar, que raiva tem você? Afinal, é a Palavra ou é a mim que você quer?

 

 Enfim, é melhor jogar milho aos pombos do que pérolas aos porcos!

Receba meu beijo; e não se espante de a minha resposta ter tratado você como ‘a um terceiro’ em nossa correspondência, pois foi proposital; visto que ao responder a você, também respondo a vários outros, os quais, à sua semelhança, me cobram uma morte angustiada, infeliz e lamentosa.

 

 

O Senhor vive! Nele eu vivo também!

 

 

 

 

 

Nele, que jogou milho para este pombo que sou eu,

 

 

 

 

Caio

 

22 de novembro de 2008

Lago Norte

Brasília

DF