—– Original Message —–
From: ORDENAÇÃO NO CAMINHO DA GRAÇA?
Sent: Saturday, January 24, 2009 1:41 PM
Subject: ACERCA DO SEU TEXTO SOBRE SIMBOLOS! – BENDITO SURTO DE SIGNIFICADOS!
Rev. Caio,
Com imensa alegria escrevo mais uma vez para você!
A primeira vez o que me fez escrever foi o estado de desespero e ansiedade em que me encontrava, por ter sido impactado pela Graça e confrontado com muita intensidade na denominação que freqüentava.
Hoje, porém, dei a volta por cima.
Pela misericórdia de Deus, iniciamos uma Estação do Caminho aqui na minha cidade, e o que Deus está fazendo entre nós é incompreensivelmente belo e grandioso!
Tenho servido na nossa Estação com todo amor, dedicação e força da minha alma.
Tenho uma rápida pergunta. Li o que você escreveu acerca do significado dos símbolos e fé!
Estive pensando:
Um ato simbólico de grande importância, a meu ver, seria a imposição de mãos ou a ordenação daqueles que trabalham a serviço da Obra, como Paulo descreve nas cartas a Timoteo!
Porque não fazemos isso no Caminho da Graça?
Não estou falando em delegar títulos e nomenclaturas, pois sei a falta de importância que isso tem!
Mas, sim do “ordenar” aqueles que servem como mentores nas Estações!
Bom, desculpe a minha falta de conhecimento e sabedoria quanto a essas coisas. E por favor, não me entenda mal, pois sei muito bem a desgraça que o amor a títulos e besteiras assim, tem causado nas pessoas! Muitas delas não conseguem lidar corretamente com isso e passam a achar que são donas espirituais dos outros!
A minha pergunta é inteiramente ligada a questão espiritual que essas ordenações devem ter!
Beijão pra você, sua esposa e seus filhos!
Ah! Você não tem idéia de como suas pregações e textos tem levado tantas pessoas ao encontro sincero com Jesus!
Agradeço a Deus com toda sinceridade do meu coração por um dia ter me dado a oportunidade de conhecer seu ministério pela internet!
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Resposta:
Meu amado mano: Graça e Paz!
Obrigado pelo seu e-mail e pelo seu carinho. Que o Senhor o abençoe ainda muito, muito mais.
Mano, de fato não temos feito este gesto no “Caminho da Graça”. Ninguém foi ritualmente “ordenado” nada no “Caminho”.
E por que, se tal ato é bíblico?
É que quando iniciamos a inflação de ordenações estava no auge.
Era gente sendo ordenada bispo e apóstolo aos montes, em escala industrial.
E mais:
Tal gesto estava vinculado ao que havia e ainda há de mais pernicioso entre os “evangélicos”, de cujo grupo a maioria de nós é oriundo: a tal “cobertura” de poder “apostólico”.
Por isto, achei melhor, mais pedagógico, não fazer ordenação de ninguém; fazendo apenas como Jesus fez “no caminho”, enquanto ia; ou seja: apenas indicar pessoas como “mensageiros”; ou, no nosso caso, mentores.
O que, com efeito, aconteceu e acontece; ainda que sem a imposição das mãos, mas sempre com a validação do grupo, que, dia a dia, vai reconhecendo quem é quem no meio dele.
Assim, dei preferência a outro tipo de significação, e que tem a ver com o meio, o processo; o qual, como você mesmo disse, tem muito a ver com a Internet como mídia.
Desse modo, reconhecemos e instruímos pessoas — os Mentores Supervisores de Regiões têm feito isto sempre —; e, então, depois disso, deixamos que o processo flua com naturalidade, como aconteceu em sua cidade e em muitas outras.
Creio, no entanto, que chegará a hora em que todos estarão já bem conscientes de que no “Caminho da Graça” não há títulos; mas apenas designação de serviço explicito.
Então poderemos ordenar com toda a riqueza simbólica do rito e do espírito do ato, sem que isto seja visto como uma titularidade ou como uma superioridade espiritual. Desgraça esta que a todo custo desejamos evitar.
Vejo, no entanto, que Jesus mesmo não batizava, e, além disso, vejo que Ele impôs as mãos sobre doentes e aflitos, mas não para ordenar.
A imposição das mãos para ordenação de alguém, por mais espiritual que seja, também carrega o peso da formalidade da unção humana, e feita por homens; o que, em geral, acaba se misturando com a idéia de poder e de superioridade, tanto de quem ordena sobre os ordenados, como também dos ordenados sobre os não-ordenados: “o povo” — que é como em geral se passa a chamar os irmãos.
Portanto, é necessário que nem brincadeiras haja entre nós sobre o assunto, pois, mesmo sem imposição de mãos, aqui e ali ouço, na brincadeira, a afirmação de alguém como sendo o nosso isso ou o nosso aquilo.
Ora, entre nós há gente e há dons segundo a Graça; e apenas isto.
E mais:
Se passar disso, o Caminho já não será de Graça!
Estas são cautelas que tenho, pois, estou muito mais interessado em unção real do que na titularização de qualquer ungido.
A unção se impõe por si mesma. Mas, muitas vezes, uma ordenação sem unção impõe o “si-mesmo” de alguém sobre os demais.
Nós, no entanto, sem neurose ou paranóias, caminharemos com segurança, buscando sempre ver se o entendimento da maioria já alcançou o que a Palavra ensina; especialmente nos casos nos quais a confusão acerca do símbolo seja maior do que a necessidade dele.
Mano, desculpe a pressa. Mas, de coração, espero estar sendo de alguma utilidade para você e para outros.
Receba meu beijo e minha gratidão!
Nele, que nos ordena em Seu amor todos os dias,
Caio
24 de janeiro de 2009
Lago Norte
Brasília
DF