—– Original Message —–
From: SOU DA ASSEMBLÉIA E ACHO QUE SOU GAY… O que faço?…
Sent: Tuesday, April 28, 2009 12:43 PM
Subject: S.O.S.
Caio, meu caro, que reflete com muita sensibilidade a Graça de Jesus.
Nasci em um lar assembleiano onde minha casa e a igreja se mesclavam, pois minha adorável e cuidadosa mãe sempre fez as vezes de líder espiritual e familiar para nós, os seus filhos. Ela sempre foi uma mulher guerreira e cuidadora, mas também representava a rigidez e legalismo peculiares da AD, especialmente de uma AD do interior de um Estado nordestino.
Sinto-me atraído por homens. Não vejo mais isso como problema. Mas, você sabe que é um tema ainda bastante polêmico. Poucos da minha família sabem. (Ou, talvez, os demais fingem que não sabem). Ora, um cara de 30 anos ainda solteiro é meio suspeito, não acha?
Hoje, encontro-me com depressão. Não tem sido fácil, pois os que sabem não entendem as conseqüências dessa doença e os que não sabem me julgam. Sem falar na minha constante luta interior para dar, ao menos, um passo em frente.
Estou tentando conhecer um Deus fora das lentes da religião e, como você sempre diz, Jesus é a chave da hermenêutica bíblica, então, estou tentando começar por um relacionamento com um Deus-Gente, isto é, com Jesus. Pois tenho muitas queixas do deus que pintaram para mim.
Gostaria que você, com esse pincel da Graça que usa de forma tão especial me pintasse um quadro baseado no que relatei.
Abraços,
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Resposta:
Querido irmão no Senhor de todas as Misericórdias: Graça e Paz!
Você me pergunta o que fazer diante de uma situação que você tem como uma condição da sua natureza, e que, para você, não tem mudança.
O que fazer?
Ora, ante ao que seja de natureza essencial ou atávica, o que se faz é adaptar-se. É só o que se pode fazer.
Sim, especialmente quando os que nos amam, amam-nos sem a capacidade de entender; ou, como no caso de sua mãe, ama crendo que a sua condição, se declarada, é uma sentença espiritual ao inferno — conforme ela foi programada para pensar, ainda que com toda sinceridade.
Há pessoas que chutam o balde… Entretanto, a maioria que assim faz não sabe o valor do amor em família e dos vínculos na família que seja boa, ainda que limitada na compreensão.
Assim, o que fazer?…
Primeiro, resolver isso dentro de você. E me parece que você não esteja tão convicto assim. Portanto, inicialmente você deverá ver se sua condição é profunda ou se é apenas traumática, decorrente de acidentes sexuais na infância, ou mesmo se pode decorrer do trauma do tema sexual, tão forte em famílias como a sua. A declaração insistente e obcecada de que certos comportamentos são perversos, como acontece nas famílias dos crentes com intensidade, acaba por gerar muitas vezes o oposto: uma fixação na proibição como forte sedução e desejo.
Segundo, em constatando mesmo o que seja a sua condição, no caso de você se ver como gay/gay/mesmo [o que eu não sei se é o caso], sugiro que você seja bondoso com sua família; e que se mantenha discreto; e que não se entregue à dissolução; e que, havendo chance de estar sem ninguém, sem que isto lhe seja uma mutilação, que o faça; embora Jesus tenha dito que nem todos estão aptos para tal conceito, escolha e decisão.
Sugiro a leitura aqui no site [disponível em DOWNLOAD] do meu livro “Sem Barganhas com Deus”. Ele não é sobre o tema, mas é muito sobre o significado das pulsões apaixonadas do coração. Leia.
O mais é saber que não há condição humana que, sendo vivida com humildade e bondade, possa impedir a pessoa de se tornar um homem/mulher de Deus e de ser um ente de Graça e Misericórdia nesta existência.
Para mim, havendo de tudo à volta de Jesus, o silencio Dele sobre muitos temas, é uma voz de silencio misericordioso.
Jesus se concentrou não em comportamentos, mas em atitudes, sentimentos e caráter.
Assim, a ênfase Dele, quando é negativa, é contra a mentira, a hipocrisia, a manipulação, a cobiça, a avareza, as malícias, as maldades, as dissimulações, as invejas, e todo tipo de desumanidade.
Ele não falou de pessoas e de seus comportamentos. Ele falou de quem eram… [não importando o comportamento]; falou de corações, de atitudes, de decisões de amor, de fé, de coragem de fazer o bem…; não importando se fosse o Samaritano abominado pelos religiosos judeus de Seus dias o homem de bondades verdadeiras.
Portanto, ame, seja bom, seja sincero, seja amigo, verdadeiro e respeitável; e tudo encontrará o seu lugar dentro de você.
O mais mano… — é como seguir o caminho da água: ela sempre acha o leito da vida.
Receba meu carinho e meu amor no Senhor!
Nele, que ama a todos os que O amam e guardam o amor como mandamento da vida,
Caio
28 de abril de 2009
Copacabana
RJ
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