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From: MUÇULMANO MUITOHUMANOS!
To: <[email protected]>
Sent: Friday, May 01, 2009 8:41 AM
Subject: Muçulmanos “Muitohumanos”….
Caio,
Minha avó, síria, 100 anos, morreu (JAN 2009).
Sou brasileiro. Roraimense (hoje seria um…raposeano da
serra do sol). Mas, a morte dela me trouxe ecos ancestrais.
Embrenhei-me na cultura: comi, li, vi e ouvi muito sobre os
“árabes” (nada sobre os “muçulmanos”, que, de fato, do ponto de visa religioso, a maioria é).
Eles, os árabes, amam seus clãs familiares, são honrados,
têm palavra, são sérios, a comida…deixa para lá, as
músicas são “bipolares”, como os sentimentos de lá em geral,
ou celebram com jeitão de “micareta” ou lamentam com a
profundidade das fossa das marianas (assim também a
literatura, entremeada de filosofia, mística, parábolas,
metáforas e máximas morais).
A alegria é serena, a tristeza, a raiva, ante o contexto
sócio-político, e o ambiente geográfico (duríssimo e que
favorece a solidão, nas caravanas, e a comunhão, nas tendas)
criou uma cultura coletiva bastante intensa.
Pensei de cá para mim: vou aprender o idioma, que se
escreve da direita para a esquerda, praticamente só tem
consoantes, não tem maiúsculas, é dos mais antigos do mundo,
tem caracteres “estranhos” (letras e sinais/acentos), e se
divide em “popular” (só falado”) e clássico (“escrito”), que
são mesmo distintos.
Para os “muçulmanos” o árabe é a língua de Deus mesmo,
constante no corão (“al corão”) e por isso eles cultuam o
“verbo”, “a palavra”, o “livro” a tal ponto que suas
“bíblias” são verdadeiras obras primas (como Jesus, verbo
vivo, quer que nossos corações sejam).
Procurei, pesquise) e fui: aulas no “Centro Islâmico de
Brasília” (de “grátis”: sem “brecinho”). Entrei. Sala c/
homens, crianças e mulheres (de véu [belíssimos, diga-se]).
Eu de tipão ocidental, exceto pelos sobrenomes ao final
revelados. Simpatia a Acolhimento no ar. Legal esse pessoal
que
fala a língua do “Dal” (letra característica árabe)…aula
dentro da “igreja” e nada de “religão”?!? Só amor pelo
estrangeiro?
Perguntado pela professora sobre a razão do interesse pela
lingua, respondi (alinhavando palavras): avó, morte,
saudades do que não conheço..
Na resposta, eu conheci o espírito árabe: a sala em silêncio
por uns segundos, a professora olhando nos meus olhos, e
dizendo com calma, convicção e compaixão: – Nós, os seres
humanos, estamos sempre procurando a nossa verdadeira
origem.
Eu pensei: bendito seja o único e verdadeiro “alah” (Deus,
god, dio), pai de Jesus, o clemente e misericordioso, que,
na forma do árabes dizerem, “ante a dor humana, derrama uma
gota de lágrima por cada grão de areia do deserto”.
“Muitohumanos” os “muçulmanos” que conheci…
E…não percam tempo vendo o vídeo da “PIB de São José dos Campos”; olhai os lírios do campo: vejam o filme “A Grande Viagem”…
Sinopse: “Poucas semanas antes do vestibular, Reda, um jovem que vive no sul da França, se vê forçado a levar seu pai
(muçulmano) para Meca. Desde o início, a jornada peregrina
parece difícil. Eles não têm nada
restrita ao mínimo . Enquanto eles viajam de carro por
vários países e encontram vários povos, Reda e seu pai se
observam cuidadosamente. Como criar um relacionamento quando a comunicação é impossível? Partindo da França, passando pela Itália, Sérvia, Turquia, Síria, Jordânia até a Arábia Saudita, a viagem dos dois é de três mil milhas”).
E, digo eu, ambos vão em busca do……PAI!!
Assalam aleikum, Habib.
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Resposta:
Mano amado Habib: Graça e Paz!
Minha mais profunda relação com árabes islâmicos aconteceu nos Estados Unidos, na Califórnia, em Claremont, entre 1988 e 1990. Estudamos juntos: dois rapazes dos Emirados, um da Arábia Saudita, dois do Líbano e um Egípcio.
Eu já tinha amigos crentes no Egito, pregando a Palavra, como o Ramez, que hoje é Presidente da Sociedade Bíblica do Egito, e com quem tenho ainda contato por e-mail. Além dele, havia também muitos outros irmãos no Marrocos, na Turkia, e em muitos paises africanos de religião islâmica. Todos, porém, eram cristãos.
Estar entre árabes era outra coisa… Desde menino, dado ao fato de que a comunidade árabe/libanesa é grande em Manaus, convivi e namorei meninas da cultura árabe na juventude. Depois, convertido, desde os 22 anos que viajo para paises árabes e convivo com o povo. Mas foram aqueles rapazes de Claremont que me fizeram sentir o mundo árabe de ouro modo.
Ontem, ironicamente, logo depois que postei o material relacionado ao Cat Stevens [CANTANDO A GUERRA ENTRE CRISTÃOS E MULÇUMANOS], minha irmã, Ana, me mandou um e-mail dizendo que meu amigo Salah, do Egito, havia ligado procurando por mim… Vai me ligar hoje; assim espero, pois, me deu muita vontade de vê-lo, caso ele esteja de passagem pelo Brasil. Trata-se de um mulçumano tradicional… Para cinco vezes ao dia para virar-se para Meca e orar…
Nunca tentei falar de Jesus para esses pessoas…
Quem tem um mínimo de bom senso não faz assim…
Os cristãos, na sua infinita ignorância, desconhecem o que o Cristianismo fez a essa gente desde o inicio…
Assim como esquecem o que o Cristianismo significa para os judeus…
Portanto, para eles, apenas digo nada… Vivo. Vou com amor e paciência. Porém, inevitavelmente, pessoas de ambos os grupos, depois de um tempo, eles mesmos perguntam-me: Por que você não fica tentando me convencer sobre Jesus?
Minha resposta: Ele está vivo. Se Ele quiser Ele mesmo convence você disso. Não estou aqui para convencer ninguém de nada. Apenas sei Quem Ele é. Mas Ele é Quem se revela a quem quer…
Sempre há silencio depois…
Invariavelmente, no entanto, começam as perguntas sobre quem é Jesus; e eu vou falando…
Todas as sementes boas de Jesus estão no Corão. No Corão Jesus é o Profeta, maior que Maomé; é a Palavra de Deus; é o Juiz de Vivos e Mortos; é Aquele que vem julgar o mundo…
E assim está escrito… Porém, como eles não criam que Jesus fosse a Segunda Pessoa da Trindade, que fosse Deus mesmo, e que tivesse morrido na Cruz [para o islã é uma heresia pensar que Deus abandonou Jesus na Cruz; eles crêem que ele foi levado aos céus antes de morrer], os cristãos não tiveram a paciência que têm com as Testemunhas de Jeová, por exemplo. Ao contrário, naquele tempo, ano 700 da Era Cristã, e daí em diante, tudo o que importava era retomar lugares Sagrados da Terra Santa, agora ocupada pelo Mulçumanos árabes. Então vieram as desgraçadas Cruzadas… Até hoje o espírito das Cruzadas está presente entre árabes e cristãos ocidentais…
O que me impressiona é que os cristãos não vêem que estamos diante de um povo que, à semelhança dos judeus, também carrega a benção do Deus de Abraão.
E o anjo do SENHOR a achou Agar junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur. E disse: Agar, serva de Sarai, donde vens, e para onde vais? E ela disse: Venho fugida da face de Sarai minha senhora. Então lhe disse o anjo do SENHOR: Torna-te para tua senhora, e humilha-te debaixo de suas mãos. Disse-lhe mais o anjo do SENHOR: Multiplicarei sobremaneira a tua descendência, que não será contada, por numerosa que será. Disse-lhe também o anjo do SENHOR: Eis que concebeste, e darás à luz um filho, e chamarás o seu nome Ismael; porquanto o SENHOR ouviu a tua aflição. E ele será homem feroz, e a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos. E ela chamou o nome do SENHOR, que com ela falava: Tu és Deus que me vê; porque disse: Não olhei eu também para aquele que me vê?
Ora, não só me impressiona que os cristãos não vejam a benção, tanto quanto também não vejam o cumprimento da profecia das determinações de tal benção. Ou seja: os árabes são a cara de Ismael do ponto de vista do que a benção profética lhe designou como atitude e personalidade; e isto há mais de 3700 anos.
A única coisa que os cristãos deveriam fazer seria orar pelos mulçumanos com todo amor, como quem ora por um irmão querido, não apenas porque sejam gente da Bíblia, mas, sobretudo, por que são gente; e, para os cristãos esse deveria ser o grande valor e o interesse.
Se os cristãos apenas orassem… — ah meu Deus! O que não aconteceria ao mundo?…
O problema é que agora não tem mais volta…
O ódio dos cristãos pelos árabes e o dos árabes pelos cristãos se tornou tão intenso quanto o ódio dos árabes pelos judeus e vice versa.
No fim, mais do que tudo, o Armagedom parece que terá os filhos da fé de Abraão [ou, pelo menos do equivoco acerca da fé de Abraão] os maiores protagonistas…
Eu, entretanto, fiquei emocionado com sua inserção no mundo mulçumano de Brasília…
Mano, você é muito amado!
Nele, que ama os filhos de Agar,
Caio
1 de maio de 2009
Lago Norte
Brasília
DF
Leitura: A REVOLTA DOS FILHOS DE HAGAR