DE GAGO PARA GAGO!… um papo de pregação!

 

—– Original Message —–

From: DE GAGO PARA GAGO!… um papo de pregação!

To: Pr. Caio Fábio

Sent: Thursday, May 14, 2009 9:06 AM

Subject: Li o “Confissões” e não posso ser mais o mesmo…

 

Caio,

Que a Graça e a Paz Dele inundem teu ser e dos teus.
Vivo o Evangelho há mais ou menos 30 anos, aceitei Jesus como meu Salvador ainda adolescente.
Sempre atuei na área da música, como instrumentista. Fazia parte de um conjunto, em Niterói, e sempre saíamos para evangelizar em escolas, praças, outras cidades, outros estados.
Tenho uma deficiência que me acompanha desde os 06 anos. Participando de uma colônia de férias na praia de Icaraí, fomos a um clube e alguém esbarrou, ou empurrou, não sei bem. Acabei caindo numa piscina semi-olímpica e me afoguei. Nunca tive mágoa ou raiva.
O fato é que fiquei gago depois disto. Anos passaram, fiz tratamentos sem surtir muito efeito.
Até que, já na união de mocidade, em uma gincana nacional, uma das tarefas era que um jovem que nunca havia pregado fizesse o estudo em culto nos lares.
Os caras sugeriram meu nome, de sacanagem, é claro. E o pior é que aceitei!!!
Orei a Deus pedindo capacitação e ajuda. Preparei a mensagem (João 14). Só lembro que comecei lendo o texto e que fiz o apelo, onde os que fizeram a zoação vieram à frente consagrando-se a Deus.
Eu realmente não sabia o que tinha acontecido. As pessoas estavam meio atônitas e não paravam de falar: “Vc não gaguejou!!!”
Daí, passei a pregar em congregações, pontos de pregação, fazer estudos. Deus abençoava…
Minha fala melhorou consideravelmente, a ponto de mudar a minha auto-estima.
Mas, tenho comigo uma frustração: Não consigo falar de Jesus na rua, no caminho. Não tenho o menor traquejo para evangelismo pessoal.
Quando alguém procura para conversar, consigo falar, aconselhar. Porém se precisar iniciar, não consigo. Prego em auditório, em público, mas não na simplicidade do caminho, da rua.
Li o “Confissões de um pastor” e como Deus te usa com as pessoas, acho um barato!!!
Evangelismo pessoal é um dom, um talento ou a gente pode aprender?
Espero que vc possa responder, pois considero vc meu pastor. As palavras deste site mudaram minha forma de pensar, de ver a vida e de agir.
Um grande beijo em vc e nos seus.

Carlos.

____________________________________________

Resposta:

 

Meu amado irmão: Graça e Paz!

 

Eu sou gago. Fiquei gago bem novo, quando meus pais começaram a ter problemas conjugais, aí pelos meus seis para sete anos de idade.

Continuei gago, com alternâncias nas intensidades, e com variações nas seqüências de gagueira, até me converter e começar a pregar.

Antes, eu já havia “mapeado” legal a minha gagueira, as palavras nas quais eu mais “engatava”, e, além das palavras, descobri que também havia silabas de gagueira em mim, e, a todo custo, driblava tais palavras ou silabas, escolhendo palavras novas, sinônimos e adjetivos diferentes, o que acabou abrindo em muito meu leque de alternativas para expressar as coisas em palavras.

Também descobri que eu tinha ciclos de gagueira. De mês em mês havia uma semana danada, terrível. E, assim, ao ir mapeando o ciclo também, fui me preparando antecipadamente… Assim, quando sentia que estava entrando no ciclo, aumentava os cuidados no evitar as palavras e as silabas que mais “engatavam”…

Depois de começar a pregar, a gagueira parou na fala pública. Aqui e ali havia uma recorrência, mas eu já estava com o “mapa” pronto… Mas parar de gaguejar na fala pública é mais fácil, pois, pela intensidade do ato, o cérebro trabalha com mais intensidade e acuidade, estimulando também novos campos no cérebro; sem falar que o público ajuda a pessoa a focar no que dirá.

Também aprendi que respirar era fundamental. Quando engatava…, eu fazia uma pausa suave, respirava e continuava…

Faz anos que “parei” de gaguejar para quem não sabe que sou gago. Quem vê de fora não acredita. Mas minha família sabe que sou gago.

Outro dia minha mulher dizia que hoje ela já acredita, pois, no início, ela pensava que era brincadeira minha, quando eu dizia que era um “gago bem administrado”.

Agora, entretanto, uma década depois, ela já sentiu como faço; e mais: já me viu “engatado”. Só que está tudo já tão programado, que faço o “desvio verbal” e as pessoas nem notam. Mais: ficou automático.

Sobre pregar pessoalmente, sem ser em publico, sugiro a você que relaxe…

Viva a Palavra e seja bom e amigo dos seres humanos.

O resto vem naturalmente…

E mais: aconselhar é pregar.

Ou você pensa que evangelizar seja qualquer coisa além de apenas estar, ser, conversar, esclarecer, viver, exemplificar e ajudar quando solicitado?

Evangelizar é viver o Evangelho!

E mais, como alguém já disse [… se não me engano o meu amigo Jorge Camargo]:

Se precisar…, use palavras!

 

Nele, em Quem viver é evangelizar quando a vida é segundo o Evangelho,

 

 

Caio

17 de maio de 2009

Lago Norte

Brasília

DF