SUA MISSÃO DE PAIZÃO E DE PASTOR…

 

—– Original Message —–

From: SUA MISSÃO DE PAIZÃO E DE PASTOR…

To: Contato Caio Fabio

Sent: Friday, June 05, 2009 2:39 PM

Subject: Prometo…

 

             A paz Caio…

          Meu nome é Ronaldo, já tenho lhe enviado alguns e-mails. Começo este após ter lido seu texto NOSSA FÉ SÓ TEM ROCHA, NAO TEM PILAR…”. Li e compreendi seu pedido, tanto quanto a sua preocupação em alertar aos seus leitores sobre o perigo da possível “idolatria” à sua pessoa. A esse “fetiche” como você mesmo menciona. Gostaria de dizer algumas palavras.

          Desde o primeiro contato contigo quando lhe enviei o vídeo “Zeitgeist” e você de forma muito educada e prestativa me respondeu, tenho lido mais seus textos, assistidos aos vídeos da Vem & Vê TV, acompanhado sempre que posso o “Papo de Graça”. Tenho notado o quanto tem lhe incomodado a insistência das pessoas em procurar o “Caio Delivery” e sinto a honestidade dessa sua preocupação em sua carta acima citada. Mas gostaria de ressaltar algumas coisas.

          Coloco-me como objeto do meu próprio argumento. Há muitos anos acompanho seu ministério, porém só a pouco tive contato com seu site e a oportunidade de me comunicar contigo através desse e-mail. Creio que de igual modo, outros tantos. Lendo algumas cartas que você tem respondido (até o momento, dia 5 de Junho de 2009, são 2261), os inúmeros casos, muitos similares, inclusive o meu. (Zeitgeist, Mitos, Religiões Pagãs etc…) me fazem notar que as pessoas não estão procurando textos apenas, reflexões. Estão procurando um PASTOR, um amigo. Uma pessoa, e não um amontoado de argumentos e respostas.

          Vou colocar meu exemplo novamente. Sou nascido em lar evangélico, e posso lhe dizer com toda convicção que em meus 33 anos de vida, uma única vez tive alguém que realmente ocupasse a figura de pastor, do qual a bíblia menciona. Hoje tenho um amigo, maestro e presbítero que tem sido esta pessoa. O qual me “pastoreava” enquanto membro da orquestra da Ass. De Deus, do Belenzinho – SP, cujo pastor-mor nem sabia da minha existência.

Numa igreja de quase 1000 membros, humanamente impossível. Mas enfim, depois que saí da Ass. de Deus, fui congregar numa Igreja Batista mais próxima a minha casa em 2001. A partir de então, numa igreja menor, pensei eu ser possível ter aproximação dessa “figura paternal” que é o pastor. Porem nada disso aconteceu.

 O que acabou acontecendo desde então, foi o estreitamento entre os amigos do grupo de louvor e outros “agregados”, uma “igrejinha” dentro da igreja. Trocando idéias, frustrações, incertezas, compartilhando textos bíblicos, “pastoreando” uns aos outros. Até que tem dado resultado, e se tenho compreendido, essa é a proposta que você expõe no “Caminho da Graça”. Visto que Jesus é O CAMINHO, o demais é só apetrecho.       

Entendo plenamente a necessidade do “andar com as próprias pernas” e tudo que disso decorre. Amadurecimento, discernimentos e etc… Ainda assim sempre senti “carência” dessa figura. E assim como eu, meus amigos. De igual modo sinto a mesma carência nas cartas que te enviam.

E no seu caso, não que seja sua culpa, de fato não é. A sua eloqüência, argumentos firmes, postura. Isso tudo atrai. O seu discurso forte em relação à igreja contemporânea, desmascarando biblicamente o “padrão evangélico” estabelecido etc… Sua pessoa torna-se atrativa. Alguém inteligente com quem conversar. Jesus é Deus e tudo mais, mas ele não está por aqui encarnado, e as pessoas precisando de uma mão no ombro, ou de levar uma bronca carinhosa, acabam por recorrer a você. Carinho, amor, repreensão que a bíblia traz.  Mas a figura “paterna” lhes falta. Você poderia fazer de suas palavras as mesmas de Jesus: “até quando estarei convosco?”

          Mesmo assim… Você tem se tornado esse “paizão”.

          Tenho assistido aos bate-papos do “papo de graça” e os que participam contigo, olham pra ti com esse olhar. Não o de “Guru”. Mas do Caio experiente, que tem o que dizer sobre Quase Morte, sobre Calendário Maia e outros tantos assuntos. Com propriedade, com convicção, que talvez eles tenham, e provavelmente tem, mas muitos, pra não dizer todos os argumentos mais contundentes partem de ti. Os demais cooperam com pequenas intervenções, úteis, pertinentes, porém, são menos intensos ao falar. Onde acaba por recair a atenção sobre ti, naturalmente. Quase não há discordâncias, contrapontos. Existem questionamentos sobre os assuntos não sobre a sua argumentação. Não quero dizer que isso seja ruim, ou errado, que isso seja proposital. Mas nesse momento pode haver muitas pessoas olhando pra você e pensando: “Esse é o cara”. Eu mesmo me pego pensando assim. Não como devoção. No campo humano mesmo. Não tenho a carga de leitura que você tem, as “horas de vôo”… e assim, outras tantas pessoas.

É claro que a ignorância também faz de muitos de nós, me incluo nessa, buscar “viagens” que, muitas vezes, uma pequena lida na bíblia já desfaria o nó. Mas aí o cidadão senta na frente do PC, e ouve os seus argumentos e se maravilha. Eu mesmo em muitos momentos me pego pensando: “putz… nunca pensei nisso”. Eu tenho buscado em outras “fontes” reflexões sobre um monte de coisas. E nem por isso deixo de ler a bíblia e buscar em Jesus o que ele já ensinou. Ninguém, incluindo você, ocupa esse lugar tanto em minha vida quanto na de muitos outros. Mas tenho notado esse papel pastoral que você tem desempenhado.

Oras…, num mundo onde a maioria dos “pastores” “tiram o couro” de suas ovelhas em busca do ultimo tostão, e, além disso, jogam sobre elas pesados fardos, a figura do “paizão” do “vozão” espiritual quase que desaparece.

Então meu amado irmão, muitos e-mails ainda serão escritos na expectativa de criar um “laço afetivo” contigo… Eu mesmo gostaria muito de bater papo… Sentar em casa, comer uma pizza e falar. ler..discutir…Com Jesus a minha esperança é de quando chegar na eternidade, é de que todos nós, sentados ouviremos do próprio mestre coisas que nem podemos no momento conceber.

Termino por aqui essa nossa conversa. Prometo não atazaná-lo tão cedo. Darei folga “aos seus dedos”. ( risos ). Mas quero encorajá-lo a continuar o seu trabalho tão importante, na Graça de Jesus. Que te dê sempre a paciência e a perseverança necessárias pra cumprir os propósitos dele em sua vida. Abraços. Fique na paz de Jesus, o Cristo.

Ronaldo.

Interlagos

São Paulo

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Resposta:

 

Meu mano amado: Graça e Paz!

 

Mano, não há “perigo” de que nada me tire do amor do meu trabalho… Meu estimulo nasce de um lugar muito profundo…

Sou pastor e sou pai. Sou um homem pleno de humanidade também. Não fujo do meu semelhante nunca… E nem evito questões de nenhuma natureza…

As pessoas que você mencionou eu as conheço todas, muito bem; e, como sei que são pessoas públicas no “meio que lê este site”, tirei seus nomes, pois, não lhes pedi permissão para mencioná-los.

Alguns deles já trabalharam comigo como ajudantes…

Conheço bem a todos…

O problema é que o peso que eles levam eu carrego sem reclamar 100 vezes mais… Sei por ver durante anos…

Você, todavia, não tem idéia dos volumes que me chegam…

E mais:…

Minha questão não é não pastorear; é justamente esta: poder pastorear…

Ora, para que isso aconteça, sendo eu um só, e havendo no site respostas para quase tudo [biblicamente falando, sem falar nos milhares de outros conteúdos do site] é que digo que aquele que escreve para mim sem ler o site, está “jogando na loteria”, ao invés de ir ao Banco e sacar o recurso que está “depositado” em favor de todos…

Criança pequena a gente dá comidinha na boca…

Um pouco maior… a gente ensina a pegar o talher, embora corte a carninha, como fiz com meus filhos e faço com meus netos…

Mais adiante a gente os ensina a pegar direito no talher e a cortar a própria carne…

Às vezes eles aprendem até a cozinhar…

Meus filhos Ciro e Davi, ainda com oito e sete anos respectivamente, acordavam cedo, compravam o pão, faziam o café, punham a mesa, e, muitas vezes, quando eu levantava aí pelas 7:30…, eles já haviam feito tudo…

O Davi, com oito anos, dava banho nos irmãos mais novos, os vestia, e, depois, ao meio-dia, os levava à escola; voltava depois para pegá-los… Muitas vezes ele mesmo os banhava antes que eu chegasse em casa…

Quando um tinha 17 e outro 16…, emancipei-os legal e formalmente… Já eram homens!

Tive um filho, todavia, que não queria crescer…

Seu nome era Lukas.

Ele se negava a assumir responsabilidades de gente que deveria crescer…

Foi assim até que notei que se não o forçasse a crescer, eu não poderia morrer…

Pais preparam os filhos para a sua ausência, não para a sua presença…

Assim, forcei-o a crescer…

No início ele gemeu e reclamou…

Mas, depois de um tempo, sem sentir, foi assumindo o que dizia que não queria, e o fez sem sentir…

Mesmo não admitindo que estivesse mudando, desde os 17 que começou a trabalhar, enquanto estudava… Nunca mais deixou de trabalhar até morrer e partir para a Glória Excelsa aos 22 anos.

Ou seja: quando ele morreu, eu estava, em relação a ele, pronto para morrer… Pois, havia desenvolvido um homem, ou, no mínimo, um jovem com vontade de andar com as próprias pernas.

Aqui no site tenho filhos de todas as idades e maturidades…

Mas também existem aqueles que sabem ler, mas não querem ter o trabalho; que entendem, mas têm o vício de ter alguém contando histórias no colo…; que nunca leram o site, mas acham que eu tenho que repetir as mesmas coisas para sempre e enviar a eles com minha grife…

Sei o que falo… Eu é que leio o que me pedem… Rsrsrs.

Estimular essas pessoas a tal tipo de “continuidade” seria fabricar aleijados…

O problema desses é que não querem crescer… Querem uma babá, um aio permanente, um oráculo, um ente que lhes sirva de Superego, um “Urim e Tumim”.

Esses jamais terão a minha solidariedade para a permanência no estado deliberado e preguiçoso de infantilismo…

Ou seja: faço com eles o que fiz com o meu amor, com meu filho ganguruzinho, com meu amiguinho, meu Luk-Luk…

Você lembra que Jesus olhou o “jovem rico” e o “amou”?…

Pois bem, mesmo assim Jesus não o imbecilizou…, antes o forçou a crescer.

Se eu tivesse apenas o fluxo de cartas que as pessoas que você citou têm…, creia: responderia a tudo e todos…; com os pés nas costas, como fiz no início do site, até porque não havia ainda nele [no site] a fartura de material e de temas que hoje nele existe.

Quanto ao mais, sei que existe em mim uma figura paterna desde antes de eu ter cara de avô… Foi assim a vida toda!

Ou seja: sei e vejo tudo o que você disse… Entretanto, é justamente por esta razão que não posso permitir que meus filhos dependam de mim, pois, não estarei aqui para sempre.

Quanto aos que chegam querendo “adoção”, saiba: todos são adotados, mas as políticas de minha paternidade não mudam. Como foi e é com meus filhos biológicos, assim também é com meus filhos espirituais…

Ou seja: pratico como pai o que vejo no meu Pai que está nos céus!…

Ou não é assim que Ele ensina e faz?…

Ou não foi assim que Jesus fez?…

Ou não era essa a ânsia de Paulo?… Deixar gente andando com as próprias pernas?…

Assim, aos curiosos e preguiçosos, inapelavelmente mando ler o site… Aos verdadeiramente desesperados e com questões não respondidas…, a esses trato sempre como quem pega a criança para tirar o coco, trocar as fraudas e dar comida na boquinha…

O problema é quando o filho que tem tudo para ser o que tem e pode ser…, mas não quer crescer; e, assim, deseja minha solidariedade a fim de imbecilizá-lo para sempre…

Meu amor não sabe participar de tais fomentações de doença!…

Dificilmente você encontrará aqui no Brasil ou em qualquer lugar da Terra uma pessoa mais disponível do que eu para lidar com tantas questões humanas, todos os dias, há mais de 36 anos…

Assim, não estou em divida com nada ou com ninguém. Faço mais do que é possível sempre… E com todo amor… Mas não induzo ninguém à dependência de mim, pois, não quero “correr em vão”…

Tem gente que me escreve apenas porque um amigo disse que tem um cara que responde a todo mundo… Então, sem nem passarem no site e lerem e pesquisarem, me escrevem aquilo que lá sobra em conteúdo…

Além disso, a fartura de material em livros, a Vem e VÊ TV, a rádio do site, etc. [tudo de graça] — oferecem uma quantidade imensa de respostas e de ensino…

Estes são os fatos simples da vida.

Este é meu modo de tratar as coisas…

É assim que sou pai e pastor!

Receba meu amor e meu carinho!

 

Nele, que disse “Convém-vos que eu vá...”, e, assim, deixou a quem amava apenas por que na Sua ausência eles cresceriam mais…,

 

Caio

6 de junho de 2009

Lago Norte

Brasília

DF