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From: O Marido: “O CIÚME DE NATHÁLIA POR ROBERTO!… é como o seu ciúme?…”
Sent: Monday, October 05, 2009 9:03 AM
Subject: O Marido: “O CIÚME DE NATHÁLIA POR ROBERTO!… é como o seu ciúme?…”
Veja: O CIÚME DE NATHÁLIA POR ROBERTO!… É COMO O SEU CIÚME?…
Bom Dia Caio,
Eu sou o Roberto, marido da Nathália. Pode me chamar de Beto.
Nada de Robertão! Rs Nem o Robertão enciumado e menos ainda o Robertão que provoca ciúmes.
Obrigado por responder a carta da Nathália e por dizer a ela não se sentir curada e nem fazer de mim um salvador.
Eu não sou nenhum santo e o que lhe escrevei a seguir será em relação a carta da Nathália. Eu tenho os meus defeitos. Mas já que ela resolveu falar sobre isso, tem um momento especial em nossa família que você ficará feliz em saber por que você faz parte. Ela não escreveu, pois achou que ficaria muito extensa a carta e teria que dar mais detalhes. Contudo, acho um detalhe muito feliz para você ler e guardar no seu coração.
Meu pai é psiquiatra e minha mãe pediatra.
Conheci a Nathália na faculdade
Visitei a Metodista
Ela era linda, inteligente, simpática e “crente”…
O namoro mal havia iniciado e ela apresentou uma insegurança em alto nível. Um mês depois ela se abriu e explicou que uma irmãzinha disse a ela para tomar cuidado comigo porque eu havia traído minha ex-namorada.
A Nathália se transformou. Ela jogou meu computador pela janela, cortou algumas camisas com tesoura, perguntava onde eu estava e com quem, foi até o hospital onde eu estava trabalhando para me ver/vigiar.
Foi um inferno. Expliquei porque traí minha ex-namorada e que havia me arrependido do que fiz. Ela estava morando
Se eu estivesse na Universidade não teria encontrado tantos linguarudos.
Como filho de psiquiatra tentei analisar o que estava acontecendo porque isso não acontecia sempre. Ficávamos bem dois ou três meses e então acontecia um ataque de ciúmes ou desconfiança novamente.
Meus pais passaram a me ver com mais freqüência nos finais de semana. Conheceram a Nathália e se apaixonaram por ela. Qualquer pessoa se apaixona pela pessoa dela.
Minha mãe percebeu que havia algo errado e me abri com ela. Meu pai participou da conversa e disse que ela precisava urgente de um tratamento. Minha mãe ficou pensativa e em seguida nos disse de que a Nathália tinha somente a fé salvadora. Ela era uma menina em um corpo de mulher de 30 (e que mulher diga-se de passagem!).
Meu pai ficou transtornado porque vinha minha mãe mais uma vez com papo de Deus e Jesus e ele sabia que eu daria ouvidos a ela.
Abrindo um parêntese:
Minha mãe é uma mulher de Deus. Desde as minhas mais recentes memórias me recordo dela contando histórias bíblicas para mim. Orando comigo. Lendo um versículo bíblico antes de ir à aula. Citando exemplos da Bíblia quando eu fazia qualquer traquinagem. Dando conselhos para amar “meus coleguinhas” quando fosse brincar em suas respectivas casas ou no clube. Coisas assim.
É muito bom estar perto da minha mãe. Ela transmite paz, alegria e amor.
Meu pai ficou transtornado e disse que minha mãe estava me destinando a viver uma vida infeliz ao lado de uma inconseqüente. Essa foi a palavra que ele usou.
Minha mãe tinha fé. Para ela se Jesus estivesse olhando a falta de caráter das pessoas, ele nunca andaria com quem ele andou, nunca trataria quem ele tratou, nunca convidaria os discípulos que ele convidou e nunca salvaria ninguém porque a visão dele estaria sendo uma visão humana e diabólica e ela não O seguiria por que ele não seria o filho de Deus.
E mais uma vez ela cantou o seu hino favorito e a sua frase favorita:
Jesus pastor amado, contempla-nos aqui.
Concede que sejamos, um corpo só
Contendas
Nenhum desgosto impeça a nossa comunhão!
Pois sendo resgatados por um só Salvador,
Devemos ser unidos por um mais forte amor;
Olhar com simpatia os erros de um irmão
E todos ajudá-lo com branda compaixão.
Jesus suave e meigo ensina nos a amar
E como Tu sejamos, também no perdoar!
Ah quanto carecemos de auxílio do Senhor,
Unidos, supliquemos, a Deus por esse amor.
Se tua igreja toda andar em santa união;
Então será bendito o nome de cristão.
Assim o pediste, em nós se cumprirá,
E todo o mundo inteiro a Ti conhecerá.
Minha mãe me incentivou a olhar a Nathália além das atitudes dela. E lhe digo que não foi fácil.
Eu queria casar, estava terminando minha residência médica, tinha encontrado uma mulher linda por fora e por dentro (às vezes, ficava em dúvida), alegre, trabalhadora, inteligente, carinhosa, criativa, mas ao mesmo ciumenta, mentirosa, maldosa e desconfiada. Eu me sentia horrível. Se agora nós estávamos assim como estaríamos com filhos, rotinas, contas e problemas normais do cotidiano? Eu estava sem esperança alguma.
Minha cabeça entrou em parafuso porque eu realmente queria me casar com a Nathália.
Com exceção de sua insegurança e atitudes que ela tomava como resultado de sua insegurança, ela era a mulher que eu sonhava em ter ao meu lado até minha velhice. Mas isto tirou o meu sono, atrapalhou-me nos estudos, atrapalhou-me em meu relacionamento com Deus e comigo mesmo.
Quando minha mãe disse para eu tentar pela 5ª vez eu achei que meu pai estava certo. Mas, tentei. Conversamos. Ela chorou muito.
Eu estava sem esperanças e com uma faca entalada no meu coração só em pensar em dar um fim ao nosso relacionamento.
Passamos a orar, cantar e ler a Bíblia. Ela tentou me conquistar com essas fórmulas americanizadas de sucesso. Ela acha que nos ajudou.
Contudo, quando passamos a colocar nossas vidas diante de Deus sinceramente, buscando com fome e sede de mudança, transformação, crescimento, em busca do Reino e não das nossas vontades, anseios e medo do possível sofrimento, fomos sendo libertos. Eu fui sendo liberto da dúvida de casar com ela e das atitudes dela e ela foi sendo liberta da insegurança a meu respeito.
Estou contando superficialmente.
Foi um tiro no escuro, mas com fé
Com o passar das semanas sentimos restauração, paz e refrigério. Fui descobrindo outra Nathália. A Nathália passou a confiar em mim.
Para nossa surpresa meu pai nos convidou (mamãe, Nathália e eu) para uma viagem a Argentina. Na Argentina ele abriu uma garrafa de vinho e disse que queria comemorar um evento especial e seria com vinho, não com champagne, porque ele não acreditava que Jesus “funcionasse”, mas que a partir daquele momento ele acreditava por causa da mudança que ele viu em mim e na Nathália e a fé da minha mãe.
Nossa comemoração seria com o vinho porque ele estava sendo lavado pelo sangue de Jesus. Foi muito emocionante e inesquecível aquela noite. Todos choramos de alegria.
A partir daquela viagem ele se converteu, mas continuava tendo repudiando os crentes, exceto minha mãe e Nathália.
Um ano após sua conversão ele te conheceu e nos apresentou. Até hoje não largamos mais você para nada e por nada.
Raramente, a dúvida me assalta uma vez ou outra. E raramente a Nathália fica em dúvida a respeito de uma médica, amiga ou enfermeira. Nós combinamos que ela poderá me perguntar, gentil e educadamente, sobre qualquer mulher e responderei a ela com calma e sinceridade. Ela me perguntou algumas vezes, mas suas crises não voltaram.
Meu pai, agora um psiquiatra convertido, nos alerta sempre sobre essas questões que você disse à Nathália.
Meu pai relatou que a maioria de suas clientes são inseguras em relação ao sentimento do cônjuge, e nesta frase entendi o que ele estava querendo me dizer.
Não raramente digo à Nathália que a amo, demonstro com um bilhete, um jantar ou um CD. Eu tenho a memória fraca e sou muito ruim com o romantismo, estou melhorando com o passar dos anos. Principalmente quando vejo os olhos dela brilharem de felicidade quando chego com algo para ela ou quando a abraço e a digo que a amo seja falado ou através do meu olhar. Isso recompensa qualquer computador quebrado, camisa rasgada e vergonha que passei.
Nos casamos graças a Graça de Deus que nos alcançou, seus CDs e DVDs, seu site e agora a TV que nos têm abençoado imensamente.
Obrigado pelos seus conselhos.
Temos aprendido muito com você. Toda a minha casa é grata a Deus por sua vida e de seus entes.
Jesus lhe abençoe.
Beto
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Resposta:
Beto amado: Graça e Paz!
Se o verdadeiro amor lança fora o medo; com o medo que se vai pelo exorcismo do verdadeiro amor, com ele vai também o ciúme; posto que ciúme seja um dos subprodutos do medo; logo, aquele que se enciúma do nada, ou sofre de profunda e patológica insegurança, ou ainda não ama como convém amar!
Ora, ciúme é um estado que pode se tornar crônico e patológico com extrema facilidade…
Sim, ciúme é algo altamente viciante, com ou sem razão para que ele exista…
Há muitas formas e causas para o ciúme, mas, independentemente de qualquer causa ou modo de sua manifestação, o resultado é sempre o mesmo: devastação e uma crescente e mortal desconfiança; realidade essa que tem o poder de acabar com qualquer amor ou sentimento…
Uma mulher bonita e atraente, que se acostumou a ver as tentativas dos homens ante a presença de uma mulher bela, e que, ao constatar tal fato, o odeie… — sim, pois há mulheres que amam serem desejadas, ainda que não façam nada… — tenderá a projetar/transferir para o marido ou cônjuge, o mesmo tipo de atitude que percebe nos homens em geral em relação a ela; e, assim, pela projeção/transferência, odiará os demais homens no marido, sim, como representante da categoria dos canalhas…
O pior ciúme, portanto, é aquele sem causa…
Digo, pior, querendo dizer pior mesmo; pois, o ciúme com causa é explicito em si mesmo, e, portanto, a cura decorre de decisões do objeto do ciúme [no caso seria você], quanto a afastar todo e qualquer motivo que deflagre o processo…
O ciúme sem causa, ou o ciúme do passado, ou o ciúme por transferência, é o diabo para a alma; pois, mesmo não havendo nada, esse nada que não é e não há…, torna-se algo em-si-mesmo…; o que fará com que o mal se torne cada vez mais um vício mental e psicológico, e, não raramente, acaba por se tornar um processo que se instala até mesmo criando circuitos de pensamento fixo e viciado, que, quase sempre, evoluem para um estado de ciúme/paranóico…
Nesse caso, só conheço um caminho de cura, que é a vereda estreita da confiança em Deus, antes de ser no cônjuge; e mais: tal confiança em Deus tem que se fazer acompanhar de uma certeza que somente os maduros na fé alcançam; ou os que pela fé o almejam; a saber: que ninguém que é “traído” de fato é traído, pois, somente quem trai é traído, pois, trai a si mesmo, antes de trair a quem imagina estar enganando…
Todavia, tal estado somente alcança aquele [a] que ficou livre do padrão mundano de “traição” como “otarice do traído”; coisa essa que também é fruto da reputação moral como o “Grande Ídolo do Lar”…
Eu havia vivido sem nunca sentir ciúmes… A vida toda…
Entretanto, depois de “velho” [Rsrsrs], quando conheci minha mulher, Adriana, dado ao fato de que eu não a “criara” como minha mulher, posto que ela já tinha três filhos, fora casada, e tinha tido uma vida longa sem mim, com milhões de pessoas, fatos, histórias, conhecidos, amigos, viagens, e uma vida toda da qual eu nada sabia, e, menos ainda, participara — de súbito me vi sentindo coisas que eu jamais sentira, e que decorriam da minha Síndrome de Onipotência Marital, e que se manifestava como raiva de não ter tido a ela como minha esposa, na minha vida e história, desde sempre e o tempo todo…
Então, me vi com ciúmes de todo o passado dela, que fora sem homens, sem namoros, sem histórias macabras, sem nenhum concorrente para mim…, mas que, assim mesmo, dado ao fato de que eu passara a vida toda tendo todos ao meu lado como “criação” de minha história…, o simples fato de que ela tivera uma vida dela mesma, por tantos anos, e sem mim, me gerava um sentimento novo, desconhecido para mim; sim, para mim que casara a primeira vez com 19 anos e com uma menina que esperara fazer 18 para casar no mês seguinte…, tudo aquilo era tão novo como difícil de digerir…
Ou seja: descobri que meu ciúme era de ninguém, mas de mim sem ela e dela sem mim por tantos anos…
E mais: o fato de que eu sou um ser com forte perspectiva histórica em tudo o que faço…, parecia que ter amado uma mulher que tinha tido [teoricamente] mais da metade da vida sem mim, dava-me a impressão de me dizer que era possível uma vida feliz sem mim…; o que expressava o fato/emoção de minha alma […] como estando profundamente adoecida pela minha Síndrome de Onipotência Conjugal; a qual não queria controle, mas apenas o impossível: que o passado não tivesse sido como foi…; que o presente trouxesse uma amnésia de qualquer passado sem mim; que tudo o mais antes fosse relegado à categoria da inexistência…
Para mim era como se eu estivesse ficando louco… Sim, pois, em minha mente, tudo era repudiável e sem sentido, mas as emoções não obedeciam a minha razão…
Até que chegou o dia em que, diante de Deus, eu chamei aquilo de “doença minha”…
Sim, e ao fazer isso, ao não me dar razão, ao discernir aquilo como um mimo de um homem macho acostumado a que as mulheres de minha vida não tivessem tido uma existência sem mim… — logo vi que a “estrutura” daquele mal sem causa começou a ruir; e a ruir de tal modo que eu me assustei com a rapidez do fenômeno…
Estou contando esta história, história minha, a fim de demonstrar a sutiliza de tal doença das emoções; e mais: a fim de também demonstrar a irracionalidade do processo todo…
Portanto, ciúme que não tem causa só pode ser vencido com verdade e fé…
No meu caso a verdade era a minha relatividade…
Ora, o problema é que ela, a minha mulher, entrou na minha vida com um poder avassalador justamente na hora em que eu me sentia mais relativizado em toda a minha vida…; sim, por todas as ocorrências dos anos de 98/99; ocorrências que além de me deixarem “morto”, também me puseram em um ambiente coletivo no qual eu era tratado como bandido pelos meus irmãos…
Foi em meio a toda essa relativização pública de minha vida e história [algo que eu não sabia e não conhecia como experiência na vida], que ela chegou; e a chegada dela, ante tudo o que em mim se passava […], relativizava ainda mais o meu significado para mim mesmo; posto que o que eu experimentasse naquele tempo da vida fosse a sensação de que eu me tornara um fantasma de mim mesmo solto na terra…; e, naquele estado, teoricamente, tudo o que a minha alma não precisava era de uma poderosa sensação de relatividade relacionada à mulher que eu agora amava…
Já no caso de sua esposa, o que suponho é que a insegurança dela nasça, antes de tudo, dela mesma; de sua beleza; de sua certeza de como os homens agem ante uma mulher bela, etc… E como veio a história de sua “traição” à sua “ex-namorada”, de súbito, na alma dela, você virou todos os homens…
Jesus disse que somente a verdade liberta!…
Ora, se eu não tivesse tido a coragem de ver que meu problema não era ciúme, mas sim Síndrome de Onipotência Conjugal, jamais teria ficado curado, e, possivelmente, nem teria continuado a relação que desembocou em um casamento feliz e maravilhoso.
O que ela precisa fazer agora é aproveitar o ciúme como sintoma de algo mais profundo, e, assim, discernir a causa nela de tanta insegurança; pois eu creio que tais coisas são boas quando encontram gente que não diz “É assim que eu sou!”…
A verdade só liberta quem diz “É assim que a verdade é!”; mas não faz nada de bom por quem diz “É assim que eu sou!”
Portanto, agora é a boa hora para ela entender seu mecanismo psicológico de insegurança, e, assim, curar-se não do ciúme [que, no caso de vocês, é apenas sintoma…], mas das causas profundas da insegurança dela.
Amei saber de seus pais… Amei a firmeza da sua mãe… Adorei a Jesus pela Graça Dele se derramando sobre seu pai… E mais: amarei a chance de abraçar a todos vocês…
Beto, querido, que o Senhor guarde você sempre em tudo; e que, sobretudo, você guarde puro o coração!
Nele, que ama com zelo, mas cujo amor não se enciúma,
Caio
5 de outubro de 2009
Lago Norte
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