—– Original Message —–
From: NIGÉRIA: missão sim, culpa não!…
Sent: Tuesday, October 20, 2009 6:19 PM
Subject: SOB O PATROCÍNIO DA CULPA
Caio, sempre recebo casos como o do moço abaixo.
O que fazer com esses passaportes da culpa que alguns carregam?
Ao mesmo tempo é uma resposta ao Papo de Graça de hoje na VVTV…
Beijão
Marcelo
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Contato – Caminho Nações – 20/10/2009 – 17:09:48
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Mensagem:
Não tenho dinheiro.
Eu quero ajudar aquelas vidas na Nigéria.
Eu quero ir até lá.
Não estou doente e nem tenho traumas do passado.
Quero ir porque eu não estou fazendo o que Jesus mandou.
Tenho sido egoísta.
Não posso continuar assim.
Hoje, assistindo o Papo de Graça, tive nojo de mim.
Nasci em igreja evangélica e nunca fiz nada por ninguém.
Vejo que nunca vivi o verdadeiro EVANGELHO.
Ainda é tempo!
Estou aqui.
País: Brasil
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Resposta:
Meu filho Marcelo, meu amigo Chico, e meu querido mano que escreveu se oferecendo para ir à Nigéria: Graça e Paz!
De fato a carta do nosso irmão amado é um atestado de missão motivada pela culpa. Sim, é a culpa como motor “missionário” […], e isto não é nada novo; posto que milhares, no curso da “história da igreja”, tenham feito missão em razão da culpa ou do medo; ou ainda: em razão de barganhas com Deus […]; mas nem sempre apenas motivados por aquele amor que diz: “Se tu me amas, então, cuida das minhas ovelhinhas!” – e que foi o que Jesus deu a Pedro como fator e poder motivacional para a missão dos discípulos no mundo; ou seja: mero amor…
Agora, falando com o nosso mano [peço que envie esta resposta a ele], digo que ele não tem que ir à Nigéria […] justamente e, sobretudo, em razão de tal motivação culposa e angustiada.
Meu conselho é que ele leia o “Sem Barganhas com Deus” antes de qualquer coisa… Sim, recomendo a ele e a todos aqueles que lerão esta resposta no site, e que têm se oferecido para irem à Nigéria […] movidos pela mesma culpa piedosa e angustiada.
Estou certo de que a leitura do “Sem Barganhas” deixará tais pessoas, com tais motivações aflitivas […], livres delas, e, assim, capacitadas a irem sem culpa, mas apenas pelo amor na Graça.
Ainda sobre o irmão amado, ele disse não ter dinheiro nem para ajudar a mandar alguém, nem para ir ele mesmo, por conta própria, mas, mesmo assim, desejaria ir à Nigéria, num ato de remissão de pecados; sobretudo do pecado da omissão, da frieza, do descaso e da indiferença…
Na realidade, inconscientemente, uma ida à Nigéria a fim de defender causa tão explicita do Evangelho e da Vida, ou seja: em defesa das crianças que estão sendo bruxificadas e mortas pelos pastores do inferno — vem carregada [digo: inconscientemente] de um forte apelo de “pedágio espiritual”…
Ora, como é isto?…
Veja:
Por que não descer até a rua, na cidade dele, e começar a tratar bem os transeuntes, as crianças da esquina, passando a conhecer gente sem cara e sem nome?…
Por que não ajudar os que estão a um passo de distancia?…
Por que não pregar no andar […], no ir […], no encontrar […], no vai e vem da existência?…
Por que terá ele que, ao invés disso, ir até à Nigéria fazer re-missão de pecados, numa espécie de sacrifício missionário de bodes e de touros?…
Sim, por que antes não ser fiel no pouco a fim de que se aprenda o caminho na fidelidade no muito?…
O perigo de ir à Nigéria [tema em questão…] sem a motivação certa, é que isso fará mal à pessoa, seja porque a Nigéria virará uma desculpa inconsciente para alguém ter ido e praticado inscientemente uma barganha do tipo: “Depois de tanto esforço, ganhei licença premio em relação a tudo o mais!”… —; seja porque tal pessoa viverá dessa “aventura”, tornando-se um “testemunheiro da missão na Nigéria”, o que seria também adoecedor para a alma em pouco tempo…
Hoje, para a atual fase do “projeto”, da “missão”, já temos os 12 que necessitávamos, e com as qualificações espirituais, humanas e profissionais necessárias à esta 1ª viagem [haverá outras…].
Agora, precisamos do seguinte:
1. Muita gente mobilizada para orar de verdade sobre esse desafio espiritual que temos adiante de nós; e que não será fácil.
2. Muita gente investindo financeiramente até que tenhamos os cerca de cinqüenta mil reais necessários para essa 1ª fase: passagens, o envio dos 12, e a manutenção do grupo […]; com todas as implicações, que vão de alimentos e remédios, à hospedagem bem simples; e, sobretudo, meios para socorrer as emergências; e tudo isto não custa mais de cinqüenta a cinqüenta e dois mil reais.
3. Gente disposta a se voluntariar para a 2ª fase do projeto, que, provavelmente, tenha a ver com manter os abrigos de crianças já existentes, bem como criar novos, conforme a necessidade.
Assim, meu filho Marcelo, meu amigo Chico e meu mano amado que escreveu […], também aproveito e respondo aqui a todos os demais […], bem como tento ajudar as pessoas a melhor discernirem suas motivações […]; pois, missão não é remissão de pecados, e nem é cura para a doença da omissão; e mais: missão não é viagem, missão é encontro; encontro na vida, com gente que quase nos traspassa todos os dias, de tão próximos de nós que caminham…
Mano, amado, você está perdoado de todos os seus pecados; e não é a Nigéria, que lhe será algo como uma “missiologia da remissão”, que resolverá a sua culpa.
Você não tem que pregar sem amor!…
Não faça nada sem amor…
É melhor não pregar nada, do que pregar sem amor…
E culpa é filha do medo, não do amor; posto que o verdadeiro amor não apenas lance fora o medo, mas, também, lança fora toda culpa.
No amor não há culpa nunca!…
Portanto, mano amado, comece onde você esteja já semeado pelo amor de Deus…
Sua missão é ser de Jesus em qualquer lugar desta vida…
Assim, para você, a Nigéria é aqui; pois, se ela não for antes aqui para você, e isto em amor livre e sem culpa, a Nigéria de lá, a da missão, a das crianças feitas bruxas pelos pastores do inferno, jamais lhe fará bem; pois, é aqui, bem aqui, bem ali, alizinho mesmo, na esquina, na praça, na night, entre os amigos, no trabalho, na faculdade, no clube, nos ambientes de laser, na vida, no mundo, toda hora, todo dia, o tempo todo — é que é o lugar da minha missão, e não vejo como não ser também o lugar primordial da sua.
Filho Marcelo, amigo Chico, e mano amado — vocês todos; e todos os demais, recebam meu amor e toda a minha gratidão pela disposição de vocês em servirem no amor livre!
Nele, que diz que é aqui, ali, além, e onde quer que haja gente e criatura, aí é o lugar da missão,
Caio
20 de outubro de 2009
Lago Norte
Brasília
DF