Leitura: Salmo 81
Quando eu tinha uns 13 anos o salmo 81 me impactou muito.
Meu pai era recém-convertido.
Freqüentávamos a Igreja Presbiteriana Betânia.
Dona Maria José, esposa do Rev. Antônio Elias estava lendo o salmo.
Era bem de manhãzinha…
Fiquei impressionado com o tom no qual Deus fala no salmo!
Ah! Se meu povo me escutasse…
Abre bem a tua boca e ta encherei…
Ah! Se meu povo andasse nos meus caminhos…
Eu abateria os seus inimigos…
Os que me aborrecem seriam a eles subordinados…
Eu saciaria o meu povo com o trigo mais fino e o sustentaria com o mel que escorre da rocha!
Fiquei pensativo.
Falei com meus pais.
Falei também com Dª Maria José e com o reverendo Antônio Elias.
Com certeza eles lembram.
O salmo de fato entrou em mim.
Hoje ele soa mais ou menos do mesmo jeito pra mim.
Mudou apenas a sutiliza da percepção.
Mas continuo impressionado com o tom de Deus no salmo.
Primeiro Ele fala de como cuidou de seu povo tirando-o do Egito; livrando-o dos pesos da opressão!
Depois Ele vem e começa a fazer Suas orações ao povo.
O que me impressiona sempre é esse Deus que faz preces ao Seu povo, que fala como se precisasse dele, e que suspira com esses “Ahs!” exclamativos…
As promessas que se seguem são ainda mais sérias.
Se, se, se…
Eu, eu, eu…
E quem fala é Deus.
E quem tem que responder é todo aquele que se sabe Seu povo.
O impressionante é que a terra que mana leite e mel não é lá essas coisas!
É desértica.
O Canadá é melhor.
O Brasil, nem se fala.
Mas Deus não está oferecendo o melhor chão do mundo.
Ele está oferecendo a Presença que faz o melhor trigo nascer, mesmo no deserto.
Ele está oferecendo a Presença que faz o melhor mel escorrer de qualquer rocha.
Assim, esse Deus que faz preces ao Seu povo nos diz:
Quando vocês clamam, eu ouço e atendo.
Por que vocês só me querem na opressão?
Será que vocês só sabem ser meu povo no cativeiro?
Que pena que vocês só me conheçam na tormenta!
Que dor a minha!
Sirvo apenas para tirar vocês de encrencas?
Quando vocês ouvirem os gemidos de meu amor, será responderão a mim como eu respondo a vocês?
Ou vocês não sabem que meu interesse em vocês não é outro se não o Daquele que ama, e que está vendo que a pobreza de vocês vem do fato que vocês só me buscam na beira do abismo?
Eu quero ser também o Deus da fartura de vocês!
Eu quero que vocês me conheçam como o Deus da paz!
Eu quero que vocês me experimentem como o Deus que não precisa de ajuda da terra e nem das circunstâncias a fim de realizar o prodígio.
Eu conduzi vocês pelo deserto. Por que não poderia eu dar o melhor trigo a vocês em qualquer chão? E dar a vocês doçura mesmo que para isso as rochas tenham que se derramar em mel?
Bem que eu tento…
Mas as bocas de vocês estão fechadas para a minha provisão.
O eco da voz divina é um só:
Vocês estão como estão porque querem um Deus de ocasião.
Se é assim, que andem em seus próprios caminhos; e que busquem suas próprias soluções!
Mas se me quiserem, saibam, o paladar da alma de você saberá o gosto do que é bom.
Quando eu era menino…
Agora, que sou homem…
Bem, não mudou muita coisa neste aspecto.
Continuo impressionado com a oração de Deus.
De minha parte, mais do que nunca, quero abrir a minha boca; quero andar nos Seus caminhos; quero que ele me dê o chão de Sua vontade; quero que Ele me livre de andar conforme o que eu mesmo aconselho a mim mesmo!
Quero ser resposta branda e calma a essa maravilhosa Oração de Deus!
Caio