MINHA CONFISSÃO!
Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes como me assento e com que motivação me levanto. Esquadrinhas o meu andar, o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos—até mesmo aquelas veredas que não sei reconhecer ou não quero!
Ainda nem pensei e tu já sabes!
Ainda nem processei o sentir, e tu já o conheces!
As palavras que procedem da minha boca são as que menos ouves, pois o que não digo nem para mim mesmo grita mais alto aos teus ouvidos!
Esse auto-conhecimento eu não possuo. Mas possuo a certeza de que o tens. Sou um flagrante absoluto aos teus olhos!
Não tenho ilusões quanto a me esconder de ti. Nos céus sou lembrado de tua gloria. No abismo vejo tua graça lidando com minhas agonias. Em nenhuma terra distante deixei de encontrar e ver a tua face, e tua mão me guiou até nos labirintos da morte!
Hoje sei que para ti as trevas e a luz são a mesma coisa!
Tu sabes quem sou!
O Cordeiro foi imolado por mim antes de haver qualquer existência!
O ser que teceste no seio de minha mãe era eu!
Reconheço o assombro de minha existência e angustio-me por não ser mais grato do que consigo ser!
Vejo as maravilhas de tua criação em mim e, também, reconheço as feiúras que eu mesmo acrescentei ao que fizeste de bom em mim!
Sei que todos os meus dias, incluindo este momento, estão todos inscritos no teu livro e não duvido que tudo faz parte da história que insistes em contar através de mim. Creio que ao final serei uma bela poesia ao teu louvor!
Teus pensamentos me assombram, me assustam, fazem-me ter que confiar, demandam de mim entrega, um salto no escuro—num lugar-ventre onde só se respira pelo cordão umbilical da fé.
Afinal, nasci de minha mãe, mas tu me carregas no ventre de tua graça!
Tomara, ó Deus, desses cabo de todo mal que há em mim. Aparte-se de mim a natureza magoada, ressentida e incapaz da surpreza!
Não aborreço os que te aborrecem, pois, temo confundir o que não gosto neles com aquilo que não gosto em mim. Por isto, prefiro aborrecer a mim mesmo e ter misericórdia dos que te aborrecem com menos consciência do que eu tenho de teus caminhos!
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, pois, eu mesmo, não suportaria me enxergar por inteiro!
Vê se há em mim caminhos maus para além dos que eu mesmo enxergo, e, guia-me pelo caminho da vida, da graça e da paz!
Estou aqui, ó Deus! exatamente onde comecei há trinta anos. Por isto, repito a mesma oração:
“Se o teu interesse é em pecadores, olha então para mim, pois sou o homem ideal para ser achado, usado e ungido. Pois tudo o que em mim e de mim proceder será aos olhos de todos somente fruto de tua escandalosa graça”.
É aqui que estou, meu Senhor!
Estou no único lugar onde sou—em Teu Filho, meu Senhor!
Assim recebe minha confissão de ser e de fé:
“Fiel é tua Palavra e digna de toda aceitação: creio que Jesus veio ao mundo morrer por todos os pecadores, mas, sobretudo, por mim, pois, entre todos, eu sou o principal”
Caio