O PODER DA CULPA SOBRE O COMPORTAMENTO

 

 

Tortuoso é o caminho do homem carregado de culpa, mas reto o proceder do honesto”. Pv 21: 8

 

Pecar é humano, mas permanecer em estado contínuo de tortuosidade produz um estado de culpa que os humanos não suportam por muito tempo.

Mesmo que seja aquela culpa que não se trata como tal, mas que o praticante sabe que é culpa.

Seja culpa sabida e sentida como culpa, ou apenas a culpa interpretada como tal pela esperteza do praticante que esconde seus atos — o resultado final é sempre o mesmo: os caminhos se tornam tortuosos.

Para encobrir o ilícito, anteparos, álibis, pretextos, desculpas, encontros inexistentes, falsos compromissos, estórias, desvios súbitos de rota, encontro com amigos desaparecidos, falsificação, distração — precisam ser inventados para que o que pratica a coisa desonesta possa escapar com ela.

Só que se trata de um interminável processo de construção de um mundo paralelo, inexistente aos sentidos de terceiros, mas necessariamente “real” para o contador de estória. E mentirá tanto que poderá acabar se convencendo que sua estória é uma história.

As conseqüências são as seguintes:

1.    Seu senso de realidade se alterará. Com o passar do tempo a mentira se instala como programação natural e o ser inicia um processo de mistura entre o real e o imaginário, e adoece.

2.    2. Os caminhos tornam-se tortuosos. Uma vez que alguém se vicie nessa pratica não haverá jamais a possibilidade de que tal pessoa faça qualquer coisa reta, à menos que se arrependa e se deixe reeducar.

Do contrário, todas as tentativas de fazer o que é reto esbarram no seguinte: a execução da nova vereda reta passará, inevitavelmente, pela vereda tortuosa — e poucos têm coragem de se auto-denunciar no que é tortuoso a fim de iniciar a pratica do que é reto.

Assim, muitas coisas já não cridas como espertezas, continuam sendo praticadas pelo medo que o praticante tem de vir a ser descoberto como um estelionatário da realidade por tanto tempo.

Desse modo, a culpa faz a manutenção da vereda tortuosa…

É obvio que se alguém puder consertar caminhos tortuosos sem precisar escrever um livro, melhor será.

Afinal, esse é um mundo que não vive de verdade, mas de aparências. E os juízes humanos são implacáveis.

 

Nele, que nos redime de toda culpa pelo arrependimento,

 

Caio

Copacabana

2003