QUEM QUISER ME CONHECER, SÓ ME CONHECENDO!
João 7: 1-30
Depois disso, Jesus começou a andar pela Galiléia; Ele não queria andar pela Judéia, pois os líderes judeus dali estavam querendo matá-lo.
Aconteceu que a festa dos judeus chamada de Festa das Tendas estava perto.
Então os irmãos de Jesus disseram a Ele: -Saia daqui e vá para a Judéia a fim de que os seus seguidores vejam o que você está fazendo. Pois quem quer ser bem conhecido não deve esconder o que está fazendo. Já que você faz essas coisas, deixe que todos o conheçam.
Até os irmãos de Jesus não criam nele.
Ele respondeu: -A minha hora ainda não chegou, mas para vocês qualquer hora serve. O mundo não pode ter ódio de vocês, mas tem ódio de mim porque eu afirmo que o que o mundo faz é mau. Vão vocês à festa, mas eu não vou porque a minha hora ainda não chegou.
Jesus disse isso e ficou na Galiléia.
Depois que os seus irmãos foram à festa, Jesus também foi, mas fez isso em segredo e não publicamente.
Os líderes judeus o procuravam na festa e perguntavam: -Onde é que está aquele homem?
Na multidão havia muita gente comentando sobre ele. Alguns diziam: -Ele é bom. Mas outros também diziam: -Não é não; ele engana o povo!
Mas ninguém falava abertamente sobre Ele porque todos tinham medo dos líderes judeus.
Quando a festa já estava no meio, Jesus foi ao Templo e começou a ensinar.
Os líderes judeus ficaram muito admirados e diziam: -Como é que ele sabe tanto sem ter estudado?
Jesus disse: -O que eu ensino não vem de mim, mas vem de Deus, que me enviou. Quem quiser fazer a vontade de Deus saberá se o meu ensino vem de Deus ou se falo em meu próprio nome. Quem fala em seu próprio nome está procurando ser elogiado. Mas quem quer conseguir louvores para aquele que o enviou, esse é honesto, e não há falsidade nele. Foi Moisés quem deu a Lei a vocês, não foi? No entanto nenhum de vocês obedece à Lei. Por que é que vocês estão querendo me matar?
A multidão respondeu: -Você está dominado por um demônio! Quem é que está querendo matá-lo?
Então Jesus disse: -Eu fiz um milagre, e todos vocês estão admirados por causa disso.
Vocês circuncidam um menino até no sábado porque foi Moisés quem mandou vocês fazerem isso. Mas a verdade é que a circuncisão não começou com Moisés, mas com os patriarcas. Para não deixarem de cumprir a Lei de Moisés, vocês circuncidam um menino, mesmo no sábado. Então por que ficam com raiva de mim quando eu curo completamente uma pessoa no sábado? Parem de julgar pelas aparências e julguem com justiça.
Algumas pessoas que moravam em Jerusalém perguntavam: -Não é este o homem que estão querendo matar? Vejam! Ele está falando em público, e ninguém diz nada contra ele! Será que as autoridades sabem mesmo que ele é o Messias? No entanto, quando o Messias vier, ninguém saberá de onde ele é; e nós sabemos de onde este homem vem.
Quando estava ensinando no pátio do Templo, Jesus disse bem alto: -Será que vocês me conhecem mesmo e sabem de onde eu sou? Eu não vim por minha própria conta. Aquele que me enviou é verdadeiro, porém vocês não o conhecem.
Mas eu o conheço porque venho dele e fui mandado por ele.
Então quiseram prender Jesus, mas ninguém fez isso porque a sua hora ainda não tinha chegado.
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Meu Deus, como é maravilhosa a Palavra de Jesus! Como é simples! Como é esmagadora! Como é irresistível! Como é a Verdade!
Não há estudo atrás do qual se escudar—Ele não sabe letras!
Não há viagens em delírios de muitas palavras. Tudo é trazido para a luz. Cada um ouve o que precisa. Os exemplos são absolutamente próprios. É puro conhecer. É total entender. É Luz do mundo. De qualquer mundo. É juízo de vivos e de mortos. É a Verdade encarnada na experiência do mais ambíguo existir: o existir humano.
É a luz sendo luz onde nada é luz, onde tudo é ambíguo e nebuloso, onde o olhar é turvo pelo engano da presunção do bem e do mal.
E lá está Ele! Iluminando tudo e todos, e prevalecendo com a Palavra que sai de sua boca, e com as Graças que se derramam em todos os Seus caminhos.
Ele está anulado em tudo. Não tem a ninguém a quem recorrer como Fonte senão ao Pai. Mas Ele sabe quem o Enviou e para o que foi enviado. Ele sabe que somente a mais radical sinceridade poderia ser o veiculo da Verdade. E sabe que o testemunho não será verdadeiro apenas por ser escutado com os ouvidos, mas sim quando trazido para as vísceras da vida.
Quem desejasse saber se o que Ele dizia era a Verdade, que praticasse, que provasse, que fizesse a vontade de Deus—que era reconhecê-Lo entre eles—; pois, então, após experimentar, qualquer um saberia que Ele era o Enviado de Deus, Deus mesmo com eles e conosco.
A salvação é reconhecer a Presença de Deus, Emanuel!
Assim, antes de oferecer provas, Ele convida a um salto louco, a mergulhar de cabeça, a aceitar o convite de um Louco ou do próprio Deus, na beira do precipício e que diz: Pula e verás que digo a Verdade!
“Quem quiser saber se o que eu digo é verdade, faça a vontade de Deus e saberá que eu fui enviado por Ele”—é sua proposta.
E pensar que tinha gente que não compreendia como Ele podia saber aquelas coisas sem ter estudado!
Quem pode estudar algo que se apresenta como matéria de experiência própria e não de um conhecimento que vem de fora?
A Verdade tem que ser conhecida na carne do ser, tem que ser vivida, a fim de ser conhecida como Verdade.
E pensar que Seus irmãos achavam que Ele poderia apenas aparecer lá e fazer propaganda de Si mesmo, ou que pudesse chegar e ficar de beijinhos e cumprimentos!
Não, com Ele não poderia ser assim. Onde chegava a luz acendia, e todos começavam a sentir o terrível desejo de matá-lo ou de jogarem-se Nele.
Ele relaxava transformando água em vinho!
Para Ele a Verdade, que Ele encarnava, só poderia ser conhecida como experiência de Deus na vida que se torna Vida. Não seria possível estudá-la. Aliás, estudá-la como objeto de interesse acaba com ela como Palavra de Vida.
A Palavra é espírito e vida. O Espírito é vento. O Espírito é a verdade. Ora, isto faz com que o conhecimento da Verdade de Jesus só possa acontecer enquanto se respira, no vento da própria Vida, que é sopro de Deus.
E pensar que tem gente que pensa que Jesus pode ser provado com argumentos, e que por isto brigam pela tentativa de fazer de Jesus o ser mais histórico possível, como se isto lhe desse mais crédito ou que se lhe reforçasse o testemunho.
Jesus se ri disso.
Ele está é justamente fazendo o oposto, e dizendo:
Se você quiser saber se Eu Sou a Verdade, pule de cabeça, mergulhe, salte… Só assim você terá a experiência da Verdade. Se você se arrebentar, eu estou mentindo. Se você começar a respirar a Vida, então você vai saber que eu digo a Verdade. Com Deus e com a Vida é assim: ou é, ou não é!
Vejo os cristãos se orgulhando de que Maomé está sepultado, mas que Jesus não tem um cadáver em lugar nenhum. Ou seja: a maior prova histórica da Ressurreição é que não há evidencia de nada, posto que não se tem um corpo a apresentar a fim de se tornar evidencia. Assim, quanto menos histórico for, mais verdadeiro será.
No entanto, quando alguém escreve um artigo e questiona a historicidade de Jesus, todos se revoltam e querem escrever em resposta, e dizer: Como é que pode? Você não sabe que Deus se Encarnou e que viveu num corpo humano, e que o nome do Indivíduo era Jesus?
O que não entendemos é o seguinte:
Jesus foi histórico. Ele existiu. Deus se fez carne. Ele viveu conforme os Evangelhos, e conquistou para nós, na Cruz, todo o bem que o Novo Testamento nos assegura. Ele ressuscitou dos mortos num corpo incorruptível, e é o primogênito da Ressurreição, sendo Ele mesmo o próprio Deus.
Agora, acompanhe o que eu escrevi acima, e veja como por mais histórico que eu possa começar na minha confissão de fé acerca de Jesus, no entanto, ela sempre me levará para um ambiente novo, no qual a história deixa de ter qualquer importância, pois, a verdade se instala nos ambientes da mais absoluta subjetividade, e chama os céus dos céus para dentro de mim.
Paulo não conheceu a Jesus segundo a carne—historicamente—, porém, me parece, conheceu a Cristo Jesus muito mais profundamente do que a maioria— se não todos—dos que com Jesus caminharam.
Ora, o que isto nos diz? Nos diz que a experiência do Jesus histórico é menor do que a experiência do conhecimento da Verdade em Cristo. A Verdade tem que ser experimentada em nós, não somente na observação de um Homem que anda adiante de nós.
O que os olhos não viram, nem ouvidos ouviram e nem subiu ao coração de homem algum, continua a ser aquilo que Deus revela no Espírito a todos aqueles que o amam. Portanto, qualquer de nós, à semelhança de Paulo—que não conviveu com Jesus—pode experimentar a Verdade da Vida em Jesus do mesmo modo, e até de modo mais surpreendente. Ou será que alguém pensava que Paulo estava desejando colocar um “teto” na Fundação que ele estava ajudando a estabelecer, sendo Cristo a Pedra Angular? A esperança dele era que nossos olhos do coração fossem iluminados, e que assim pudéssemos entender e conhecer com todos os demais companheiros no Caminho, qual fosse a largura, a extensão, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede a todo entendimento. Existe um teto pata isto? A Nova Jerusalém não tem telhado!
Paulo foi um homem que não andou com Jesus segundo a carne, mas que o conheceu no Caminho da Graça, e andou com Ele em maior intimidade que muitos daqueles que com Ele haviam partido o pão, ou que tinham sido testemunhas oculares de Sua Ressurreição.
Até nisto Paulo lhes ultrapassa no conhecimento experiencial da revelação. Eles viam muito mais os fatos. Paulo via muito mais os fatores. Ele viam muito a Crucificação. Paulo via muito mais a Cruz. Eles viam muito um reino restaurado em Israel. Paulo via toda a criação e todas as criaturas reconciliadas com Deus por meio de Jesus.
No fim não adiante prova histórica nenhuma. Se o indivíduo não pular para ver “qual é”, ele jamais saberá. Poderá até dar aula sobre o assunto, mas jamais saberá do que se trata.
A História? Sim, ela é muito importante. Mas saibam todos: ela logo fica uma estrada muito fixa e básica quando se trata do conhecimento de Cristo Jesus. Nela a gente vê Jesus, o Cristo. Mas é no coração que a gente conhece Cristo, Jesus.
Ou seja: se na História é Jesus quem revela o Cristo, no coração é o Cristo quem revela Jesus. E como nós não somos “testemunhas oculares da história de Jesus”, nós estamos na categoria daqueles em quem é Cristo quem revela a Jesus.
De fato, a própria ausência de corpo que prove o destino Histórico de Jesus, fala acerca dessa inversão de papeis. Eu sei de Jesus pelas “testemunhas históricas”. Mas só conheço a Jesus pela revelação de Cristo em mim. Isto porque os discípulos viram-no ressuscitado dentre os mortos e com Ele comeram e beberam. Eles tiveram experiências da mais absoluta sensorialidade com Jesus. No entanto, só iriam conhecê-Lo mesmo, depois que não mais pudessem tocá-Lo. E é assim porque mais importante do que ser testemunha ocular da ressurreição, é crer no poder da ressurreição, e experimentá-lo como fator existencial.
Alguém sente algum arrependimento em Paulo por ter sido o último, o nascido fora de tempo, o que conheceu o Ressuscitado depois da Ressurreição?
Não! Paulo sabia que quem quer que conheça o Ressuscitado conhecerá o próprio poder da Ressurreição, em cuja ocasião o testemunho de Jesus foi: “Bem-aventurados os que não viram e creram”.
Mas e a História? A história é o cenário, às vezes o presépio. O coração é o lugar da revelação. E é revelação que se encarna, visto que o coração já não é de pedra, mas de carne.
A história, porém, é cheia de enganos. Aliás, ela é o grande lugar do engano e da cegueira. Nela os que ouvem, não entendem; os que têm olhos, não vêem; e os que sabem discernir, não querem experimentar. Na história as tentações das importâncias dos momentos cegam os olhos para o que é, para o eterno.
A história é lugar de discussão, de debates, de dissimulações, e de argumentações que se escondem da verdade fazendo adesão verbal a ela, ou fazendo um juízo contra ela, ou pegando em pedras nome da defesa dela.
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Algumas pessoas que moravam em Jerusalém perguntavam: -Não é este o homem que estão querendo matar? Vejam! Ele está falando em público, e ninguém diz nada contra ele! Será que as autoridades sabem mesmo que ele é o Messias? No entanto, quando o Messias vier, ninguém saberá de onde ele é; e nós sabemos de onde este homem vem.
Quando estava ensinando no pátio do Templo, Jesus disse bem alto: -Será que vocês me conhecem mesmo e sabem de onde eu sou? Eu não vim por minha própria conta. Aquele que me enviou é verdadeiro, porém vocês não o conhecem.
Mas eu o conheço porque venho dele e fui mandado por ele.
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Aos debatedores da verdade histórica, geográfica, genealógica, teológica, doutrinária, e de qualquer outro “meio” histórico, Jesus pergunta: Será que vocês me conhecem mesmo e sabem de onde eu sou?
Caio