SEMEANDO E COLHENDO…GRAÇAS A DEUS

Eu denuncio no livro O Enigma da Graça aquilo que chamo de Teologia Moral de Causa e Efeito. O que é isso? É muita coisa, mas os exemplos mais básicos vêm de duas fontes bíblicas: os livros de Jó e Eclesiastes. Em Jó você vê como o justo pode colher o que não semeou, e como pode ser julgado por isso baseado nas leis carmicas de causa e efeito—que são inegáveis na Natureza, mas não na História. Em Eclesiastes você vê Salomão escrachando a vida e dizendo que não há lógica na história humana. Vê-se de tudo…burros em altos postos…príncipes que nada têm na cabeça…corrupção como a lei de toda sobrevivência política…o esquecimento das boas obras dos justos…a premiação dos que estavam no lugar certo na hora certa, e não necessariamente dos mais competentes ou melhores…etc… O problema é quando o critério da Natureza é utilizado para avaliar a natureza humana, pois, no homem, há um lugar para além das leis do universo: o universo do coração…e o desígnio de Deus para ordenar esse universo indivisível…que nenhum homem conhece…nem o próprio. Aqui acaba a discussão. Mas então não há semeadura e colheita? É claro que há! A forma e o lugar da semeadura e da colheita é que nem sempre estão disponíveis aos sentidos humanos: tem-se que enxergar humildemente para e com o próprio coração—aos demais sobra olhar com misericórdia e humildade o que não compreendem. Mas é claro que existe semeadura e colheita. Somos mandados a semear as melhores sementes a fim de colhermos a superlativização de todos os frutos: a trinta, a sessenta e cem por “um” investimento feito…vale até em copos de água …ah! tem também o “vale visita”. A gente só não sabe em que moeda será devolvido o investimento e nem em quanto tempo haverá o giro e o retorno do capital. Às vezes, só na eternidade…bem, lá é mais que certo que virá de modo absoluto aquilo que aqui, por melhor que seja, é sempre relativo. Mas e a colheita!? Essa é certa! Na maioria das vezes os seres humanos conseguem níveis mínimos de causalidade entre o que plantam e o que semeiam na terra. Mas nem sempre, todavia…é assim. Você encontra, por exemplo, um casal de advogados… cristãos, bons, honestos, hospitaleiros, fraternos, trabalhadores, esforçados, virados, dispostos a tudo—a vender bolinho na esquina!—, mas que não conseguem se manter. Ele tem que ganhar trezentos e oitenta reais, fazer bicos dirigindo um caminhão de mudança, enquanto ela faz e vende docinhos de aniversário…e ainda têm que ver o caminhão emprestado ser roubado da porta da casa…?…e filhos pequenos para criar? O que é isso? Meu Deus! À cada testemunho de prosperidade que você ouve, saiba que a ele correspondem milhares de tristemunhos que não podem ser dados, pois não “ficaria bem” para o nome de Deus e não daria “poder” ao suposto detentor humano daquele poder espiritual. O que é, então, o que acontece com o casal descrito acima? É um encosto? Falta fé? O que é? Não sei, não quero saber e tenho pena de quem pensa que sabe! Sei quem eles são…e sei que sabendo da existência deles, eu tenho o privilégio de ser parte da resposta de Deus para o problema deles—sem messianismos de minha parte, é claro! Mas a gente semeia e colhe…todos sabemos. O que não sabemos é como aquele bem virá a nos fazer bem. As vezes aquele bem chega com cara feia—Jó que o diga e Salomão que o testifique. De vez em quando alguém chega para mim falando que o marido a persegue, os filhos não gostam dela e todos em casa a perseguem. Mas em casa ela não cuida do marido, não dá bola para os filhos e não nutre as afeições de ninguém, então como pode ela esperar o que espera? Até a Mangueira sabe que quem semeia amor vai colher a paz… É a favela dizendo como deseja ser tratada! Aí, é causa e efeito… O mais é saber que Deus está cuidando…daí não devermos nunca nos cansar de fazer o bem…pois muitas vezes o bem semeado não aparece aos nossos olhos do modo como o concebemos para nós mesmos…mas a seu tempo saberemos. Aí então é que faz toda a diferença saber que todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus. Caio Fábio