UM TEMPO, DOIS TEMPOS, E METADE DE UM TEMPO

Dn 9: 2 e 12:4—é aconselhável ler os capítulos 9-12, inteiramente. “Eu, Daniel entendi pelos livros, que o número dos anos dos anos de que falara o Senhor pelo profeta Jeremias, em que haviam de durar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos”. Daniel entendeu pelas Escrituras o que Jeremias havia dito de modo claro. O cativeiro seria de setenta anos. Estava escrito. Certas coisas, todavia, não bastam estar escritas. O tempo as abre, as revela, as dês-sela, as ilumina e as torna óbvias—mas não antes do tempo! As nossas hermenêuticas não sobrevivem se não se mantiverem conectadas com o tempo e a hora. Do contrário, o livro fica selado para certas coisas. Com certeza podem-se entender certas verdades da Bíblia hoje bem melhor que no passado. Os nossos problemas hoje não foram problemas para eles. E os deles, não são completamente os nossos. Cada geração tem que ver com seus próprios olhos. “Tu, porém, Daniel encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará”. Chega o tempo. O livro selado é dês-selado. Muitos o esquadrinharão, porém, certas coisas só se revelam quando é chegada a hora. Então, como foi para Daniel, os olhos do cativeiro iluminaram as profecias daquele que quando falava sobre um cativeiro que viria, ninguém cria: nosso amigo Jeremias. Assim era também com aquilo que o próprio Daniel escrevia e ele mesmo não sabia completamente o que era. Ele entendeu sonhos e visões cujos aplicativos tinham a ver com o seu tempo. Nabucodonozor e Belsazar que o digam! Mas não interpretou suas próprias profecias para além de seu próprio tempo. Nesse ponto da revelação que ele escreve, mas não compreende, seu coração se inquieta. Então, Daniel vê que dois seres angelicais conversam. Um deles pergunta ao outro: “Quando se cumprirão essas maravilhas?” O outro jura solenemente pelo nome de Deus, e diz: “Depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E quando se acabar o tempo da destruição do povo santo do poder do povo santo estas coisas se cumprirão”. Um tempo, dois tempos, metade de um tempo—o que é isso, meu Deus? Quando acabar a destruição do poder do povo santo—qual o significado disto, Senhor? É a questão de qualquer um, inclusive de Daniel: “Meu senhor, qual será o fim dessas coisas?” A resposta é animadora para hermeneutas e exegetas: “Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas até ao tempo do fim…os perversos procederão perversamente, e nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão”. As palavras estão encerradas até ao tempo do fim—o que é isto, pergunto eu? Os perversos não as entenderão, mas os sábios entenderão—o que isto? as provações produzem sabedoria e a sabedoria prepara o coração para entender? Então, como eu fico enquanto não entendo? Será que entenderei? Será este o tempo em que os selos serão retirados dos nossos entendimentos tão embotados? “Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás, e, no fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança”. Segue o teu caminho até o fim? Obrigado pela consolação, meu Deus! Mas que consolação se saio como entrei?! Sem entender nada?! Bem, o que sei é que cada um deve ler a Palavra com a expectativa de quem não entendendo o que lê, quer saber. E também sei que só se enxerga certas coisas quando a História nos conta a história delas, ou, pelo menos, começa a nos contar. A luz do Espírito permeia a vida. Também sei que a perversidade sela o livro mais que qualquer outro selo e que a sabedoria que foi purificada e embranquecida pela provação, abre o entendimento do livro para quem se dispuser a buscar saber com a expectativa da revelação. O tempo? Bem, o tempo só Deus sabe qual é. É um tempo, dois tempos e metade de um tempo. É depois que o poder do povo santo se extinguir por completo. É só o que sei! Espero que aqueles que conseguem saber se vai chover ou fazer sol, se vale comprar ou vender, se é tempo de investir ou de se retrair, possam também aprender a discernir os tempos! Enquanto isto…a gente ora, medita, lê a Palavra e a vida, e segue o caminho—pois se nada acontecer, tudo já aconteceu: já sei que me levantarei para receber a minha herança! Caio Fábio