Hoje bati um papo com Ezequiel…
Viajei para tempos antigos a fim de encontrá-lo…
Cheguei de mansinho e o cumprimentei com reverencia e amizade.
Eis o que ele me disse:
Meu nome é Ezequiel, vivo entre os desterrados do meu povo,
Eu olhei em volta e só havia ossos…
E Deus me fez andar ao redor deles…
E eram muito numerosos sobre a face de todo vale…
Os ossos estavam sequíssimos!
Deus então me perguntou:
Filho do homem, poderão reviver estes ossos?
Olhei para eles. Todos estavam mais que mortos, demasiadamente secos e mortos!
Então, respondi:
Senhor Deus, tu o sabes!
O que poderia eu responder a Deus?
Que opinião teria eu a dar?
Eu não consigo imaginar a ressurreição de um único osso!
Como posso responder a Deus sobre as possibilidades de um Vale de Ossos Secos virem a conhecer a ressurreição e a vida?
Senhor Deus, tu o sabes! — foi o que respondi ao Senhor.
Então Ele me disse:
Profetiza sobre estes ossos, Ezequiel, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor! Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que vou fazer entrar em vós o fôlego da vida, e vivereis. E porei nervos sobre vós, e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o fôlego da vida, e vivereis. Então sabereis que eu sou o Senhor!
Quando Deus manda, eu sempre obedeço. Ele sabe o que manda.
Então profetizei conforme a ordem que Ele me deu.
Ora, enquanto eu profetizava houve um ruído…
Era algo que soava como um estranho rebuliço…
Então, perplexo, eu vi os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso.
Tudo estava se encaixando…
Cada osso achava o seu lugar naquele mar de ossos desconjuntados e separados.
Os ossos buscavam os seus iguais, cada um correspondendo ao seu próprio corpo e lugar.
Os esqueletos estavam agora ajuntados como corpos de ossos.
Então, olhei, e vi que cresciam enervações sobre eles…
Depois, vi que cresceu carne sobre os nervos e os ossos.
E cada corpo ganhou sua própria pele…
Mas ainda eram apenas cadáveres: ossos rejuntados, cobertos de nervos, porém não havia neles fôlego de vida.
Então Deus me falou outra vez:
Profetiza ao fôlego da vida, profetiza, ó filho do homem, e dize ao fôlego da vida: Assim diz o Senhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó fôlego da vida, e assopra sobre estes mortos, para que vivam!
Fiz conforme ele me ordenou.
E assim eu disse:
Vem dos quatro ventos, ó fôlego da vida, e assopra sobre estes mortos, para que vivam!
Desse modo, profetizei conforme Deus me ordenara!
Então, o fôlego da vida entrou neles e viveram, e se puseram em pé…
Era um exército sobremodo grande!
Um vale de ossos desconjuntados […] rejuntam-se com perfeição.
Nervos cobrem seus esqueletos…
Carne humana e pele os vestem conforme a Palavra do Senhor.
Mas, eis que agora, os defuntos recebem a vida, e colocam-se em pé como um grande exército!
Deus é assombro!
Então Deus me falou outra vez e me disse:
Filho do homem, estes ossos são o meu povo. Eis que eles dizem: Os nossos ossos secaram-se, e pereceu a nossa esperança; estamos de todo cortados; não mais crêem que podem ser trazidos à vida.
Portanto, Ezequiel, profetiza, e dize-lhes:
Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu vos abrirei as vossas sepulturas, sim, das vossas sepulturas vos farei sair, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel! E quando eu vos abrir as sepulturas, e delas vos fizer sair, ó povo meu, sabereis que eu sou o Senhor! E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra; e sabereis que eu, o Senhor, o falei e o cumpri, diz o Senhor!
Era humanamente impossível…
Mas Deus sabe o que diz.
Eu apenas confirmo: Senhor Deus, tu o sabes!
A visão era maravilhosamente assombrosa. Mas o povo continuava sendo o povo, e o cativeiro continuava a ser o nosso lugar.
Tudo havia acontecido nos lugares do Espírito, mas nada havia mudado na terra; nem eu sabia o que fazer depois de tudo o que ouvi.
Eu cri!
Então, a Palavra do Senhor veio a mim outra vez, dizendo:
Tu, pois, ó filho do homem, toma um pau, e escreve nele as seguintes palavras: Por Judá e pelos filhos de Israel, seus companheiros! Depois toma outro pau, e escreve nele: Por José, vara de Efrain, e por toda a casa de Israel, seus companheiros; e ajunta um pau ao outro, para que se unam, e se tornem um só na tua mão!
Então, entendi que nunca haveria ressurreição, se os defuntos não aceitassem sua comum desgraça e sua comum salvação!
Então vi que nossa morte procedia de nossa desunião!
Então entendi que a Palavra da Ressurreição era também a Palavra da União, e que não haveria libertação enquanto os irmãos vivessem como num vale de ossos, secos e desconjuntados.
O milagre vem de Deus!
Os homens, entretanto, precisam parar de guerrear entre si, do contrário, eles mesmos cavam as suas próprias sepulturas!
Agradeci a mensagem e beijei o rosto macho e verdadeiro de meu irmão Ezequiel. E também entendi que aquilo que ele discerniu para os seus dias, era também aquilo que se precisa discernir hoje, quando o povo de Deus está esparramado pelo vale da desgraça, e seus defuntos guerreiam entre si, e a morte os acalenta.
Caio
Copacabana
RJ
2003
Primeiro ano do site.