Lucas 10: 1-20 (Leia)
Jesus disse que nos daria poder sobre serpentes e escorpiões, e sobre todo poder do maligno. Mas o que serpentes e os escorpiões têm a ver com isto? O que eles têm a ver com o maligno?
É impressionante como algumas criaturas ficam marcadas pelos estigmas que decorrem da ligação associativa de algumas de suas capacidades de defesa e ataque—as quais nos são repugnantes, como humanos—, e que passam a servir para ilustrar males com os quais a vida humana se depara no chão invisível, no mundo do espírito, e que ferroam, mordem, ou envenenam.
A coruja, o basilísco, a serpente voadora, o dragão, o monstro marinho, o leão que rondam ao derredor, os chacais, os bodes, os cabritos, os abutres, a raposa, as rãs, os touros, e, obviamente, as serpentes e escorpiões—todos pertencem ao imaginário bíblico de simbolizações do mal. Os pobres bichinhos, no entanto, nada têm, na pratica, a ver com o diabo. Eles e quaisquer outros bichos.
Os indianos têm a sua vaca sagrada, e sagrados, para eles, são todos os demais animais. O budismo mantém uma relação idêntica de reverencia para com todas as criaturas, e nenhuma é imunda. Daí a atitude deles ser ecologicamente muito menos destrutiva, como um todo, que a mentalidade dos que, pela simbolização religiosa, acabam por de fato estigmatizar um bichinho que apenas ilustrou, pelas suas características de sobrevivência, as ações do mundo do espírito.
Sim, o mundo espiritual tem seus venenos, seus oportunismos, seus ataques surpresa, seus botes, suas mordidas doídas e sutis, suas manifestações repugnantes, suas assombrações e uivos, e toda sorte de veneno e pânico para a alma. Mas os bichinhos usados para ilustrar tais coisas não são os representantes desses males espirituais na natureza; e, portanto, devem ser por nós separados das realidades espirituais que eles ilustram.
O literalismo intrepretativo, todavia, transforma figuras, ilustrações e imagens, dando a elas o papel de realidade em-si, o que gera não apenas um mundo de agressividade contra tais criaturas—que são mortas sem pena—, como também faz com que muitos passem a olhar para tais criaturas com a suspeição de que de fato elas carreguem alguma coisa maligna.
Quando Jesus usou “serpentes e escorpiões” a fim de ilustrar o poder do maligno, Ele apenas dizia que andando na alegria da salvação e no espírito do Reino (Ele disse isto depois da “missão dos setenta”), ter-se-ia o anti-veneno contra o poder do maligno. Daí Ele também ter dito que diante da alegria com a qual os discípulos voltaram daquela missão, o próprio Satanás ter caído em terra como um relâmpago. E acrescentou: “Não se alegrem, entretanto, com o fato de que os demônios se vos submetem; mas sim pelo fato de que seus nomes estão escritos no livro da vida”.
O anti-veneno seguro, e com o qual Jesus ensinou que se pode pisar no mundo espiritual e suas mordeduras malignas, pois ele nos deixa imunes, é a alegria de caminhar no poder do reino e com o coração cheio da alegria de ser de Deus—ter o nome escrito no livro da vida.
Alegria de ser de Deus é o que nos deixa imunes a todo poder do maligno!
Sim, o diabo não suporta ver o reino ser vivido, pregado, praticado e experimentado como alegria em Deus!
A alegria que entra em casas estranhas sem medo, que deseja paz onde chega, que cura pela imposição das mãos os que sofrem, e que não se fixa em nenhum geografia, posto que é de alegria em alegria que se continua no caminho, é o estranho poder que nos torna protegidos das mordeduras das serpentes e das picadas dos escorpiões do mundo do espírito.
“Alegrai-vos, todavia, não porque os demônios se vos submetem; mais sim porque os vossos nomes estão escritos nos céus”—disse o Senhor.
A alegria que nos torna imunes a tais ataques não é nem a alegria de estar imune aos ataques, mas sim a alegria que se vincula não à vitória sobre os venenos do mal, mas sim em razão do pertencimento ao Pai.
O diabo não suporta um coração que anda na alegria do Pai.
A alegria do reino é o antídoto contra os venenos do inferno!
Caio