O ÚNICO ODRE PARA O VINHO NOVO É O NOVO CORAÇÃO!
Jesus nunca tentou mudar nada, mas apenas pessoas. Não o vemos tentando cristianizar o Império Romano, nem tampouco se alinhando com os revolucionários judeus de seus dias a fim de derrubar os tiranos. Também não o vemos expressar qualquer palavra sobre qualquer que fosse o valor do Sinédrio de Israel, e nem se ocupa de tentar converter as sinagogas. Nelas Ele fala. Mas logo deixa de falar, pois, não demorou muito para que as sinagogas vissem que o que Ele dizia não cabia nelas. Então o perseguiram. Mas Ele não se alterou. Seguiu pelas estradas, acampou-se ao ar livre, visitou pequenas aldeias, saiu do país duas ou três vezes, e fez amigos entre o povo; e, além disso, entre os chamados “pecadores”. No Templo de Jerusalém Ele só causou perplexidade. Quando menino de 12 anos Ele embasbacou os sábios com Sua fala que mostrava intimidade com o Pai. Estava na “casa do Pai”. Quando adulto, todas as vezes que lá esteve, gerou conflitos e polêmicas. E quando foi levado perante as autoridades religiosas — na casa de Caifás, o Sumo-sacerdote; e no Sinédrio, sendo julgado —, praticamente nada disse. De fato, fez silencio. E, quando falou, praticamente o fez sempre na base do “tu o dizes”. Sim, Jesus nada aspirou em relação a conversão das potestades da religião. E, conquanto Seu julgamento tenha acontecido dentro das “portas da cidade santa”—lugar próprio para juízos—, sua morte, todavia, aconteceu “fora dos muros”. A Cruz se levanta fora da geografia da Religião! E a Ressurreição desabrocha também fora das portas de Jerusalém. A Vida acontece fora das paredes da Religião! Assim, o escritor de Hebreus (cap.13) diz que o “altar” do qual “agora temos parte”, está instalado fora dos “portões”; fora do “arraial” da Religião. E afirma que o lugar-existencial do encontro com Cristo é fora de tais paredes. Então, conclui: “Saiamos, pois, a Ele, fora do arraial, levando o Seu vitupério!” O interessante é que o mesmo escritor de Hebreus, a seguir, fala de líderes dessa comunidade chamada a ser hebréia; ou seja, andante e do caminho —, e os designa como “Guias”. Ora, coerentemente com o espírito da epistola — que é um chamado a que se não retornasse ao obsoletismo da Religião —, os líderes de algo que é caminho, e caminho do lado de fora dos limites da religião, têm que necessariamente ser “guias”; ou seja: gente experiente nas andanças com Jesus fora do portão, nas amplas geografias da existência. Assim, em Jesus, não há dispêndio de energia com o que é obsoleto e já está morto. Por isso Ele manda que mortos sepultem mortos. Também, pela mesma razão, Ele diz que não se deve desperdiçar o Novo do Evangelho com os odres da Religião. Era como botar vinho novo em odres velhos. Ou era como colocar remendo de pano novo em vestes velhas. É verdade que “Jesus” foi feito líder e fundador de religiões. Mas em nenhum delas Ele está. Afinal, a religião é cercada de muros; enquanto Jesus anda do lado de fora, morre do lado de fora, ressuscita do lado de fora, e nos chama a que o encontremos “fora dos portões”. E, obviamente, isto não é algo de natureza físico-geográfica, mas, sobretudo, existencial. Afinal, foi Jesus quem disse que o lugar da adoração não é em nenhum “lugar” (nem mesmo em Jerusalém), mas sim acontece num ambiente chamado “espírito”; o qual é santuário maior que os céus e a terra. Nele, Caio