PERSEGUINDO A PERSEGUIÇÃO COM BONDADE
A recomendação da Palavra é para que tenhamos paz com todos os homens, e, também, no sentido de que caminhemos de modo irrepreensível, e isto na perspectiva de sermos gente boa e justa de Deus no mundo. No entanto, o viver desse modo, não é garantia de harmonia com todos os homens, até porque há muitos filhos da escuridade andando sobre a Terra. O modelo, entretanto, é sempre Jesus. E Ele era a simpatia, a gentileza, a bondade, a justiça, a sabedoria, a verdade, o amor e a graça Encarnados; porém, nem por causa disso foi poupado. Aliás, nem poderia ser poupado, posto que num mundo que jaz no maligno, nada há de mais provocador do que aquelas que eram as marcas de Jesus. O problema é que há duas maneiras de ser perseguido neste mundo. A primeira é a mais comum; ou seja: em razão de se fazer o que é mau contra os outros ou a sociedade. A segunda é mais rara; ou seja: quando em razão da simpatia, da gentileza, da bondade, da justiça, da sabedoria, da verdade, do amor e da graça, somos perseguidos. Os crentes, entretanto, criaram para si mesmos a auto-justificação de que são perseguidos porque as pessoas não querem a verdade. E é verdade. A maioria não quer a verdade mesmo; e menos ainda o desejam os “pregadores da verdade”, os quais, pregam-na para os outros apenas para terem o álibi de não terem que se enxergar. Assim, o cara é tudo o que Jesus não era: chato, inconveniente, sem bom senso, sem senso de propriedade, sem misericórdia, agressivo, antipático, arrogante, separatista, isolado, olhando sempre com aquela “pena PROCEDENTE dos superiores”; e, sobretudo, não demonstrando interesse em ninguém que não aceite virar um numero de estatística de salvação —; porém, ainda assim, acha estranho que o mundo não goste dele. Pedro disse que era para se buscar jamais sofrer por ser caluniador, fofoqueiro, antipático, preguiçoso, indolente, e, sobretudo, “como quem se entremete nos negócios de outrem”. No entanto, diz ele, se sofrermos por sermos gente boa e justa de Deus, que não nos espantemos com tal coisa; visto que, Jesus, em quem todas as bondades e verdades se encarnaram, foi Ele mesmo objeto de toda sorte de perseguições. Nesse caso, Pedro recomenda que se rejeite a rejeição, que se faça descaso do descaso, que se fique indiferente à injuria, e que nos regozijemos por sofrer por identificação tão visceral com os modos existenciais de Jesus. Quem entende isto, foge dos sofrimentos maus; e também não busca os sofrimentos do bem. Todavia, se eles vêm, tal pessoa não se espanta. Afinal, ela mesma sabe que o destino histórico da bondade absoluta foi a Cruz. Esse tal, portanto, sem queixas, toma a sua própria cruz, e, com alegria, O segue. Nele, Caio