A VIDA TEM SEU MODO
Quando eu era bem jovem, com 20 anos, recém casado, aceitei tomar conta da casa de um casal de missionários amigos, e que iriam passar um tempo de férias nos Estados Unidos.
Eu não entendia nada de casa, de manutenção, de jardim e de plantas.
Ora, a casa demandava muitos cuidados. E eu me dediquei ao que me parecia mais próprio para mim: o lado de fora da casa.
E molhei as plantas… Molhei de manhã, de tarde e de noite. Toma água! Um dilúvio de água sobre as plantas.
E elas iam ficando (não todas, mais muitas delas, especialmente as de flor) cada vez mais meladas, mais murchas, depois amareladas e descaídas, sempre molhadas, e, depois de um tempo, estavam todas quase mortas.
Alguém chegou lá a tempo de salvar as plantas do meu amigo de morrerem de excesso de cuidado sem entendimento e sabedoria.
Sim! Quase as matei de cuidados sem conhecimento.
Dei-lhes tudo que era essencial à vida, especialmente água, mas numa quantidade desmedida e em horários impróprios, sem falar que certas plantas não pedem água, e que outras querem apenas ter um pouquinho de umidade na terra, ou apenas drops na raizinha.
Assim, comecei a aprender que nem tudo o que é essencial à vida faz bem sempre, pois, na hora errada, do modo errado, e sem o conhecimento próprio, a administração dos bens mais excelentes e mais divinos entre os homens (qualquer deles), pode vir a fazer mal a quem recebe.
Desse modo, confirma-se a sabedoria do livro do Eclesiastes, que diz que o sábio aprende o tempo e o modo no derramar até mesmo da sabedoria divina.
Muitas vezes a gente dá todo amor, todo carinho, todo cuidado, e todo afeto, mas, mesmo assim, as flores de nosso jardim não ficam sadias. E a gente não entende. Entretanto, até a água do amor e da vida, quando administrada ou servida em excesso, dependendo de quem recebe, de sua constituição intrínseca, de sua natureza, e de sua adaptabilidade ao ambiente ou fase da existência — pode gerar o que se busca evitar: fazer mal ao ente de quem se cuida.
Cada uma das plantinhas dos nossos jardins de amor e afeto tem suas peculiaridades. As palmeiras bebem toda água que lhes for servida, mas as Azaléias não são assim.
O que é bom para um em certas medidas e volumes de afetos e cuidados, para outro pode ser o enfraquecimento que faz murchar e até morrer.
Ponha na mente esse princípio e o aplique à sua vida se nele você encontrar sabedoria e verdade.
Nele, em Quem sabemos aprendemos tempo, modo, hora e a sabedoria,
Caio
20/06/07
Lago Norte
Brasília