POR QUE VOCÊ NÃO ASSUME QUE ATÉ HOJE NÃO CREU?
Jesus disse que pouco é necessário; e é isso mesmo ASSIM, pois, de fato, o que é essencial não é nada além de muito pouco.
Quando encontrei o Senhor o que mais me chocou foi isso — ver que pouco era necessário!
E o que é necessário para que a vida de alguém seja como um estádio cheio de gente para muito mais gente ainda?
Sim! Pois a promessa do reino, segundo os profetas, é que um seria como mil. E Jesus disse que aquele que Nele cresse faria obras ainda maiores do que as que Ele mesmo fez.
Ah! Muito pouco é necessário!
Nós, todavia, não vemos isso porque o poder está dentro, coberto por um vaso de barro, que é essa nossa realidade de fraqueza.
Por isso, quem olha apenas para o que vê em si mesmo do lado de fora, ou tem que ter nascido rico, ou precisa ter muito dinheiro e fama, ou necessariamente carece de poder político — a fim de crer que pode fazer alguma coisa.
Mas não é assim.
Veja Jesus. O que Ele tinha ou buscou do lado de fora? Ambicionou Ele fazer amigos entre os ricos? Laborou Ele por se fazer respeitado no Sinédrio de Israel? Buscou Ele algum vínculo com Herodes, com Pilatos, com o Imperador Romano? Por que não atendeu Ele o convite dos gregos que, via Filipe, desejavam levá-Lo para Edessa?
Sim! Veja Jesus! O que Ele tinha? E diga-me: Quem teve mais que Ele?
Quando Jesus disse que os que cressem Nele fariam as mesmas obras Dele e outras ainda maiores, fazia referencia a duas coisas: a 1ª era ao poder do Espírito Santo em todos os que crêem; e a 2ª era ao potencial que a Graça plantou em todos nós — na forma de dons, talentos, e, sobretudo, na forma de um poder oculto, o qual é ativado pela fé, pela esperança e pela paixão do amor de Deus.
Não são os mais inteligentes, ou sábios, ou os poderosos do lado de fora, os que mais podem.
Não! São os que crêem os que podem; e os que olham o invisível; e os que se lançam à vida como loucos de certeza; crentes que milagres acontecem; e, sobretudo, sabendo que tudo é possível ao que crê.
A história bíblica inteira é a narrativa de como os que não tinham, tiveram; de como os que não podiam, puderam; e de como os que não eram visto, fizeram surgir as realidades inolvidáveis aos sentidos históricos.
Quem era João Batista? Quem era Pedro, João ou Paulo? Que apoio tiveram? Quem lhes ofereceu qualquer oportunidade? Quem lhes deu o “púlpito”? Quem lhes disse que eram fadados à glória humana? Quem afirmou qualquer coisa em favor deles? Que meios tiveram? Com quais instrumentos trabalharam? Quanto dinheiro possuíram? Ou quando alguém os viu se queixando que sem muita infra nada poderiam fazer?
Nenhum deles teve nada além do que se podia carregar no coração, oculto aos olhos humanos.
E o que houve?
Ora, eles surtaram de significado; e crerem que Jesus os havia enviado; e, sabendo disso, não duvidaram; e apenas partiram para as ruas, as praças, as sinagogas, as ágoras greco-romanas, os anfiteatros públicos, as casas, as estradas, os caminhos, as prisões e os exílios — sempre crendo que cada lugar era o chão do milagre e da revolução; e que cada pessoa era uma multidão de potencial se cresse na Palavra; e que os novos “Gadarenos” diriam: “Cheios de Deus é o nosso nome!”.
Eu cri nisso aos 18 anos. E vi; e vocês mais velhos também viram que um menino cheio do Espírito Santo, adulto na fé e na esperança, sem temor de homens e sem esperanças mundanas, pode, pela sinceridade simples da fé, realizar obras extraordinárias.
E vi que o necessário é apenas crer e andar. Sim! Crer e andar. Crer, ver, andar, fazer!
E tudo começa a partir de 5 pães e 2 peixes. Ou partir de 12 homens. Ou mesmo pode começar se um homenzinho obstinado e apaixonado crer, e, assim, com sua fé, decidir visitar toda a Terra dizendo a todos que há um só Deus; e fazer isso com tamanho amor que ninguém consiga dizer que aquela pessoa, certa ou errada, não seja “de verdade”.
Assim nasceram e nascem os Pedros, os Joões, os Paulos, e todos os santos malucos que mudam homens e histórias.
E se cada um deles fosse perguntado sobre o que seria necessário, todos eles diriam: “Ora, pouco é necessário; basta que esse vaso de barro abrace o grande tesouro que Deus depositou em seu coração”.
Então pergunto a você:
O que você está esperando? Até quando você se esconderá do fato que em você habita o poder do milagre, e que sua vida é assim como tem sido, pequena, sem alegria, sem os tumultos bons, sem os bons combates, sem o espírito da revolução, apenas por que você não crê mesmo?
Há pessoa que simplesmente vivem como se nelas não houvesse nada além de dor, fraqueza e impotência.
Mas não é assim. Pois grande é o tesouro que este meu vaso de barro guarda; assim como é grande a riqueza que habita o seu vaso.
Não temos desculpas. Quem não manifesta o que recebeu é porque enterrou como o homem que ganhou um talento e o escondeu.
Pense nisso!
Caio
30/07/07
Lago Norte
Brasília
POR QUE VOCÊ NÃO ASSUME QUE ATÉ HOJE NÃO CREU?”- II
Agradeço a todos os que escreveram a propósito de meu texto intitulado “Por que você não assume que até hoje não creu?”.
Na maioria das cartas se diz a mesma coisa:
“Eu creio, mas minha fé não é um surto de significado, o que não me leva a deixar as coisas que hoje me prendem a uma vida só pra mim, trocando-a por uma existência cheia e plena de significado para mim e para outros”.
Somente um pastor tentou me dizer que eles, os Pedros, Jões e Paulos, eram “homens de pouca fé”, e que por isso ele discordava de mim, mas não conseguiu explicar em que discordava.
De fato por “surto de significado” eu quero dizer “poder do Espírito Santo” dando à vida da pessoa uma única chance de felicidade — a de viver para comer o pão da vida e da missão da vida, não tendo assim qualquer outra chance de realização pessoal sem que tal seja o âmago da vida conforme o Evangelho.
Na Parábola dos Talentos Jesus fala do que fazer com o que se é; ou seja: com o que se recebeu como essência, passando a ser algo “operacional” apenas porque o que é, tem que se manifestar.
Além disso, Jesus também diz que tais talentos-dons são dados “conforme a capacidade de cada um”. Por isso cada um recebeu quantidades diferentes.
No entanto, se é conforme a capacidade de cada um, então, é igual para todos; pois, seria desigual se quem tivesse 1 tivesse que ter a performance quantitativa de quem recebeu 5.
Portanto, não há desculpas; posto que ninguém recebeu nem mais nem menos do que foi capacitado pela Graça a ser e executar — dentro e fora de si.
O que acontece, entre tantas coisas e causas, é que muita gente não assume o surto de significado em razão da culpa.
Tais pessoas sempre acham que não devem ser ou ir por não serem “dignas”.
Assim, de modo muito virtuoso, deixam de multiplicar o que são e têm em razão da culpa; sendo que logo a culpa vira álibi para que nada se seja ou faça.
Outro aspecto é que muita gente confunde as manifestações de fé conforme o N.T.
No N.T. temos:
- A fé como esperança de graça convirgida para Jesus. É a fé dos que buscaram e buscam milagres para si e para outros. É a fé dos que são salvos, ou curados, conforme o grego dos evangelhos. “A tua fé te curou!”
- Temos ainda a fé que é fidelidade para com Jesus e Sua Palavra; e isso de modo focado na busca da preservação da integridade do ensino e da vida pessoal e comunitária. Nesse caso a fé tem a ver com conteúdo sadio e com vida coerente.
- Há também a fé que vê, que enxerga, que acredita que o que não existe pode vir a existir. É a fé que remove montanhas.
- E há, por último, especialmente em Paulo, a fé como uma designação para o corpo de ensino apostólico.
Ora, a fé que gera o surto de significado é a fusão de todas essas expressões em uma síntese existencial caracterizada por paixão, ousadia, alegria e poder no anuncio da Palavra — com espírito de intrepidez, amor e moderação.
Entretanto, o que Pedro recebeu provavelmente não foi o que Bartolomeu recebeu.
Ora, os próprios apóstolos fazem esta distinção quando afirmam que Pedro e Paulo tinham chamados mais intensos e extensos a mundos mais amplos.
Portanto, não há comparações e nem tampouco qualquer espírito de clonagem ou de repetição histórica e existencial de um em relação a outro.
“Deu a cada um conforme a sua capacidade” — é o que Jesus disse.
A questão, portanto, não é nem mesmo acerca de sua capacidade, mas sim apenas em relação ao que você e eu recebemos. Pois, se recebi, então, a capacidade me foi dada com o dom-talento-dom.
Desse modo eu não pergunto jamais se sou capaz, pois, pela existência do dom em mim, eu sei que com ele recebi capacitação para o seu exercício.
Imagine se aos 18 anos eu fosse esperar me sentir digno para botar em prática a paixão que me devorava, o que teria acontecido?
Sim! — sem ir à escola há três anos, sem nunca ter lido um livro, e tendo vivido até ali uma vida jovem-adulta de significado, porém, totalmente “indigna” conforme os parâmetros de dignidade sempre aventados nessas horas, e para complicar não sendo “gostado” na cidade pelas brigas de antes — o que teria eu me animado a ser e fazer?
Além disso, o tempo mais efetivo de meu surto de significado aconteceu justamente quando minha “indignidade era maior”.
De fato, essa tal “indignidade” tem que existir junto com a paixão, pois, na realidade o surto de significado faz com que a Graça que cobriu o indigno se torne em sua grande alegria e força na proclamação, tanto quanto na gratidão que gera vida pessoal com Deus.
O surto de significado tem que ser constituído da moção do amor que não se contém ante a vida e, sobretudo, ante o que o Evangelho significa para o mundo; e isso a partir do significado dele para mim.
Quando Paulo manda que Timotéo “avive o dom” que nele existia, ele apenas dizia que Timotéo não deveria deixar arrefecer seu surto de significado; ou seja: sua loucura de amor.
Sem loucura de amor não há dom a ser vivido em plenitude!
Vou parar por aqui embora tenha ainda muito a dizer, mas irei dizendo aos poucos.
Nele, em Quem ainda não sou o que Ele me deu para ser em plenitude relativa, aqui na terra; e nem em plenitude absoluta, a qual acontecerá quando de minha total transformação,
Caio
30/07/07
Lago Norte
Brasília