TROCANDO O MEDO DO EXU PELA DEPENDÊNCIA À “IGREJA”

 

 

 

 

TROCANDO O MEDO DO EXU PELA DEPENDÊNCIA À “IGREJA”

 

 

O poder que a superstição tem é imenso.

 

Quando você vê pessoas inteligentes e cultas abandonarem todo o sentido e significado real das coisas e passarem a temer objetos, signos, símbolos e amuletos — vê-se como a alma pagã (sem a consciência do Evangelho toda alma é pagã) está inapelavelmente sujeita a todo “poder” que não é Poder, pela simples razão de que tais “poderes menores” são feitos e dimensionados pelo tamanho do medo e da insegurança humana.

 

De fato as pessoas existindo em tal estado, em geral, antes que a fé lhes alcance, precisam de um interventor-mediador, à moda pagã, mesmo que o “mediador” seja eu, a fim de terem coragem de entregar algo que foi por elas, por exemplo, consagrado à “pomba gira” ou a um Exu.

 

Ontem de manhã vi uma moça bela e saudável tremendo de medo de se ver livre de uma cruz da macumba, uns amuletos e uma bebida sacrificada aos demônios. Ela já não queria cumprir a “oferenda” devida ou contratada com a “pomba gira”, mas também não tinha coragem de jogar fora.

 

Temia a raiva dos espíritos.

 

E, assim, há muita gente que vai acendendo velas ao diabo por medo do diabo; e, quanto mais acendem…; quanto mais sacrificam…; quanto mais oferecem… — mais dependentes se tornam, e mais endividados pelo medo se colocam daí para frente.

 

Há pessoas que continuam dando e dando aos “espíritos” como quem paga uma taxa de proteção ao “trafico” ou à “Máfia”.

 

Algumas delas, pela via de um amigo, por exemplo, podem até encontrar no amparo do amigo a força para desfazerem-se do “despacho”. No entanto, se assim fazem, e se assim permanecem (ou seja: sem consciência própria, mas apenas confiando na fé do outro), o que nelas se implanta, não as liberta; pois, em tais casos, a pessoa pega o medo dos espíritos e projeta sobre Deus, de tal modo que o Deus que liberta dos espíritos tem agora de ser servido com o mesmo medo devocional com o qual tais pessoas antes serviam os deuses menores.

 

É por essa razão que todo aquele que sendo pagão de entendimento e se “converte” pela via do medo dos espíritos, não encontra paz-paz, mas apenas um alívio temporário; visto que estando na “fé”, na fé não está; pois, a “fé” que ele (o indivíduo) tem, não é fé; mas apenas a crença que antes era focada nos espíritos e que, agora, foi projetada sobre o “Deus do outro”, do amigo que busca ajudar.

 

Entretanto, a maioria das vezes, essa projeção e transferência de poderes se solidificam de modo pagão na “crença-fé” que as pessoas passam a ter na “igreja”, ou num “pastor”, ou numa “cobertura espiritual”; ou mesmo numa “legalidade de direito” que muitos evocam, à moda da própria macumba, a fim de dizerem ao pagão-pagão que ele só estará seguro se agora estiver sobre o poder da “macumba dos crentes”.

 

A moça de ontem me deu os objetos cheia de medo. Tomei-os da mão dela e disse que Paulo, se estivesse com sede, e ela (a moça) não estivesse no lugar (vendo ainda tudo com olhar pagão), tomaria a bebida e a beberia em gratidão a Deus (que é o Senhor de tudo, pois é o Criador de tudo); e, depois, queimaria os objetos.

 

Ora, eu disse isto a ela apenas para fazê-la ver que não há mal-intrínseco algum em tais coisas, exceto para aquele que a elas atribui poderes.  

 

Ontem à noite ela estava na reunião do Caminho. Perguntei se ela estava bem. Ela me disse: “Agora que o senhor levou a coisa e assumiu a responsabilidade, eu estou bem!”.

 

Imagine se eu fosse do tipo falsário do evangelho, que “Universal” não poderia ser criada?!

 

É fácil, muito mais fácil do que tudo, explorar a crença pagã das pessoas. Mesmo o homem mais prático gosta de um processo espiritual no qual a sinceridade não tenha que estar presente, mas apenas o rito, a forma, o sacrifício e mecânica da bruxaria.

 

O grande estelionato que se pratica contra o Evangelho é deixar as pessoas substituírem o bruxo pelo bispo, o macumbeiro pelo profeta, o pai-de-santo pelo pai-stor, e, sobretudo, substituírem a fé em Jesus pela “crença” no poder da igreja ou de seus líderes.

 

Assim, ao invés de “fazer a cabeça” do devoto como se faz na macumba (raspando o cabelo e fazendo uma dedicação de rito especial aos espíritos) — os crentes-bruxos pegam uma pobre alma dessas e a batizam como quem “faz a cabeça”; não pela via do entendimento, mas da magia que vê na água um elemento pagão, à semelhança de uma aspersão de sangue de bode ou de galinha preta.

 

O problema é que muitas vezes os “espíritos perversos” conseguem demandar menos do que os crentes que dizem libertar; pois, antes, o individuo cumpria “obrigações” mensais, mas, agora, no terreiro dos crentes, as obrigações têm que ser validadas todos os dias, com sacrifícios em dinheiro; do contrário a presente divindade administrada pelos “crentes” pode ficar zangada e fazer pior do que o diabo.

 

A uns, de um lado; e há outros, de outro lado, Paulo ensina:

 

 

No que diz respeito às coisas sacrificadas aos ídolos, já sabemos todos nós o seu significado.


Saber, apenas saber, incha o ser e nada mais; pois, somente o amor edifica.

 

Desse modo, se alguém tem a pretensão de achar que sabe alguma coisa, de fato ainda não aprendeu como convém saber.

 

O verdadeiro conhecimento vem do amor, pois, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por Deus.

 

Digo isto tudo porque eu sei que todos vocês sabem que comer coisas sacrificadas aos ídolos nada significa.

 

Afinal, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só.

 

Ora, ainda que haja muitos que se chamem de deuses e senhores ou que assim sejam chamados — seja no céu, seja na terra —; todavia, para nós, há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas; e por Ele nós também existimos.


Mas isto é o que nós sabemos. Entretanto, nem todos têm este entendimento.

 

Assim digo apenas por que há alguns que, acostumados até agora com a devoção ou temor do ídolo — como se o ídolo de fato tivesse poder —, comem coisas sacrificadas aos ídolos como se o ato de comer tivesse algum significado espiritual.

 

Desse modo, quando comem, sua consciência, sendo ainda fraca e ignorante, contamina-se em razão do próprio significado que atribui àquilo que, em si mesmo, não é nada.


As coisas ganham o significado que nossa consciência atribui a elas!

Todavia, não é a comida que nos há de recomendar a Deus; pois, não ficaremos piores se não comermos, nem ficamos melhores se comermos; ou vice-versa.


Portanto, não estamos falando do que é em si, mas daquilo no que as coisas se tornam em razão da projeção de valor a elas atribuído.


Desse modo, vejam atentamente que a liberdade de vocês — fruto do saber verdadeiro —, não venha a ser motivo de tropeço para os fracos.

 
Ou seja: para aqueles que ainda olham para a comida sacrificada ao ídolo ou para o próprio ídolo, como se a “coisa” tivesse em si algum valor ou poder.

Assim, se alguém dentre esses supersticiosos vir a você (que tem “ciência espiritual”) reclinado tranqüilamente comendo à volta de uma mesa num templo de um ídolo, poderá pensar que você está ali atribuindo culto e valor àquilo que para você não tem nenhum valor —; e, assim, poderá ser induzido pela sua liberdade, a comer com a consciência fraca e supersticiosa as coisas sacrificadas aos ídolos; como se a sua presença ali avalizasse também o ato dele.

Não seria porventura assim que “eles” interpretariam sua presença na macumba, por exemplo?

Desse modo, ironicamente, pelo saber e pela liberdade que você já adquiriu…, alguém que ainda está na ignorância pode vir a sucumbir à superstição.

Assim, por causa da “ciência” que você possui alguém poderá perecer — aquele que é fraco, o teu irmão por quem Cristo morreu!

Ora, pecando assim contra os irmãos, e ferindo-lhes a consciência ainda débil e fraca, vocês estão pecando contra Cristo.

Dessa forma, o que se deve saber é o seguinte:

O ídolo não é nada para você em razão de você já saber que ele não é nada mesmo.

Sozinho você pode comer onde e o quê bem desejar — ou em companhia de pessoas maduras!

No entanto, se a comida fizer tropeçar a meu irmão, nunca mais comerei em sua presença nada que o faça tropeçar; isto porque não quero servir de tropeço à consciência fraca de meus irmãos, que ainda não discerniram a grandeza da liberdade que em Cristo eu tenho.



Assim, pergunto eu: Você busca fazer os fracos no entendimento aprenderem a fim de ficarem livre de tudo, até de você? Ou será que você tenta manter tais pessoas suficientemente dependentes de você, pelo fato de que você precisa e gosta de ser ídolo e protetor dos incautos que ainda nada sabem do Evangelho?

 

Algumas pessoas acham que devem fazer tudo para manterem as pessoas sempre dependentes delas, pois, assim, mantêm o poder do bruxo sobre tais cativos.

 

Ah! Como é fácil virar o bruxo das almas! Basta não amar!

 

Afinal, toda prática de poder espiritual sem amor é bruxaria!

 

 

Pense nisto!

 

 

Caio

 

06/08/07

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