Paulo nos diz que a ninguém devemos ficar em débito em coisa alguma, senão no amor; pois, quem ama ao próximo tem cumprido a lei.
De fato: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
O amor não faz mal ao próximo. De modo que o amor é o cumprimento da lei sem legalismo, mas pela força e constrangimento do coração.
E isso se deve fazer conhecendo o tempo, que já é hora de nos despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando no início cremos.
A noite é passada, e o dia é chegado; dispamo-nos, pois, das obras das trevas, e vistamo-nos, pois, das armas da luz.
Assim, andemos honestamente, como de dia: não em glutonarias e bebedeiras, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e invejas. Pois, tais coisas são trevas; e nós somos filhos do Dia.
Mas revistamo-nos do Senhor Jesus Cristo e de Seus modos, frutos e obras; e não tenhamos energia para dedicar às animalidades do desejo… Sejam eles os excessos do corpo ou as arrogâncias do espírito: tudo isso é carne!
Ora, ao irmão que é fraco na fé e na consciência, acolhamo-no, mas não para condenar-lhe os escrúpulos; ou seja: a fragilidade da consciência.
Não forcem sobre a consciência de ninguém aquilo que na de vocês levou anos para ser forjado!
As pessoas estão em níveis diferentes de entendimento e maturidade. Um crê que de tudo se pode comer e beber; e outro, que é fraco de consciência, crê que só pode comer legumes e beber água.
Mas e daí? Tem isso que ser um problema? Ora, isto só é um problema para quem não ama o próximo e nem se importa com o amor de Deus pelos homens.
O que, pois, se deve fazer?
Quem come e bebe não despreze a quem não come e não bebe; e quem não come e não bebe, não julgue a quem come e bebe; pois Deus a todos acolheu!
Quem é você, que julga o servo alheio? Para seu próprio Senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o sustentar; e falo não apenas dos fracos julgando os mais livres na maturidade em razão de suas consciências serem mais abertas e fortes do a daqueles; mas, muito mais que isto, refiro-me “aos mais maduros”, e que de fato maduros não são, pois, se o fossem, não fariam de seus caprichos, tópicos de “maturidade e liberdade”; e desse modo como que chamando o mais fraco de consciência para um embate que não edifica e não carrega o fluxo do amor em si mesmo.
Ora, é tão simples entender que um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Por isto, cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente. Pois a fé nasce e cresce na consciência — e em cada um a sua própria consciência e fé, conforme o que convém e edifica a pessoa.
Saiba, porém, uma coisa:
Aquele que faz diferença entre dia e dia, para o Senhor o faz. E quem come e bebe, para o Senhor come e bebe, porque dá graças a Deus; e quem não come e não bebe, para o Senhor não come e não bebe, e dá graças a Deus.
Assim, tanto o comer e o beber gratos são agradáveis a Deus, como o não comer e o não beber gratos são igualmente agradáveis a Deus. Pois a gratidão é que é o material espiritual de toda ação que agrada a Deus.
Isto porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Pois, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, quer vivamos quer morramos, somos do Senhor.
Por isso, se vida ou morte já nada significam entre nós e Deus, por que o comer e o beber significariam?
Ora, uma é a gravidade da vida e da morte, e outra é a significação de comer e beber. Cristo, entretanto, não morreu por comida ou bebida, mas para ser senhor de vivos e de mortos; porque foi para isto mesmo que Cristo morreu e tornou a viver.
Mas você, por que julga seu irmão? Ou você, também, por que despreza seu irmão?
Pois todos haveremos de comparecer ante o tribunal de Deus. Então, tudo o que for verdade será aberto; e tudo o que for impressão será desfeito.
Porque está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua louvará a Deus.
Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. E se é assim, por que esta mania infernal de dar contas do irmão a Deus, e não de você mesmo ao Senhor?
Portanto não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o nosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao nosso irmão. Sim! Nenhum tipo de tropeço!
Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nada é de si mesmo imundo a não ser para aquele que assim o considera; para esse é imundo. Entretanto, o que me é um fato estabelecido na minha consciência, ainda não o é na de meu irmão.
Por isso, se pelo seu comer ou tipo de comida e bebida se entristece seu irmão, mas mesmo assim você insiste em chocá-lo, devo dizer que você já não anda segundo o amor. Não faça perecer por causa de suas escolhas pequenas na vida, coisas como comida ou bebida ou outras opiniões, aquele por quem Cristo morreu.
Pensar, fazer e proceder diferente é tornar censurado e censurável o bem da nossa liberdade no Evangelho.
Afinal, o reino de Deus não consiste no comer, no beber, no dançar, ou em qualquer outra coisa; mas sim consiste em justiça, em paz, e em alegria no Espírito Santo.
E mais: quem assim, com tal consciência, serve a Jesus, é agradável a Deus e aceito pelos homens sinceros.
Assim, pois, sigamos as coisas que servem para a paz e as que contribuem para a edificação mútua; e não nos entreguemos aos temas que devem ocupar os que morrem, não aos que vivem.
Entretanto, não destruamos a obra de Deus por causa da comida, bebida ou qualquer outra coisa.
Na verdade tudo é limpo, mas é um mal para o homem dar motivo de tropeço por qualquer razão que não seja a essência do Evangelho.
Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa em que meu irmão tropece — pois, se é mal para ele, e bom ou insignificante para mim, caso eu faça tal coisa que para mim é boa ou inofensiva, então que seja atento para não provocar pela minha liberdade a consciência fraca de meu próximo.
Pois, agindo deliberadamente contra a consciência fraca de meu irmão, eu peco contra ele e contra Aquele que por ele morreu.
A fé que me dá a liberdade de consciência que tenho, guardo-a para mim mesmo diante de Deus.
Afinal, bem-aventurado é aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.
Mas aquele que tem dúvidas, se age contra a consciência está se condenando, porque o que faz não provém da fé; e tudo o que não provém da fé é pecado.
Quando se diz que o justo vive pela fé, se inclui tudo que na vida seja vida; pois, sem fé toda ação é pecado. Ação sem fé é contradição de termos; pois, fé é ação de fé. Ou seja: a fé obra…
Ora nós, que supostamente somos maduros de consciência, devemos suportar as fraquezas dos imaturos, e não agradar a nós mesmos apenas para provar que eles são crianças na fé e na consciência.
Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo, visando o que é bom para edificação.
Porque também Cristo não se agradou a si mesmo, mas como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam.
Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança.
Ora, o Deus de constância e de consolação nos dê o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus. Para que unânimes, e a uma boca, glorifiquemos ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
Portanto recebam-se e acolham-se uns aos outros, como também Cristo nos recebeu, para glória de Deus.
Ora, tudo o que violar essa lei do amor, não é Evangelho, mesmo que o “proponente” se enfatue de ser fruto de uma elevada e madura consciência em Cristo por ele “adquirida” — até porque quem vive a consciência do Evangelho não perde tempo com temas de tal natureza, e, assim, acolhe os irmãos ainda mais fracos; e jamais provocará em nenhum deles aquilo que não é ainda Evangelho para ele.
Caio – baseado em Romanos 13-14
03/09/07
Manaus
AM