COMO VOCÊ DIZ QUERER PAZ VIVENDO ASSIM?
Sem paz nada é bom. Por isto Paulo diz que a paz de Cristo deve ser o árbitro em nossos corações, acerca de todas as coisas desta vida.
Se há paz, se promove a paz, se é feito em paz, se é fruto da paz, e se é de paz, então, que seja; porém, se não é, que fique fora de nossas existências.
Ora, isto diz respeito até mesmo àquilo que, à semelhança de Jesus, façamos como movimento que gerará polemica ou controvérsia. Pois, para Jesus, sempre que assim aconteceu — e foi muito, quase sempre —, o ocorrido era feito em paz, na paz e para a paz; embora os filhos do ódio repudiem tais ações, pois, para quem não ama a paz, as coisas da paz são propostas de guerra.
Jesus levou isto muito, muito a sério. Pois, enfatiza desde coisas muito simples, até as mais complexas, que, não havendo paz, não há Deus — embora Deus seja sempre Deus, mas não como Deus para a pessoa.
Por isto, disse que ao entrarmos em uma casa, devemos sempre sobre ela invocar a paz, e, se nela houver um filho da paz, com ele nossa comunhão se estabelecerá; porém, não havendo filhos da paz naquele lugar, nossa paz é sobre nós; não, porém, para escolhermos o covil como morada.
Há um tempo na vida em que paz importa pouco. Em geral na juventude se pensa que aquela angustia de ser faz parte do existir, e, assim, assimilamos a angustia como elemento constituinte do ser-sem-paz.
Além disso, em tempos de sucesso, de conquista, de poder, de controle, de potencia e de paixão, em geral, não se dá valor à paz. A euforia do poder e do sentir como domínio e superioridade, é tão forte, que as angustias latentes são reprimidas; e, assim, a pessoa segue, chamando de minha felicidade a sua grande agonia — é sempre uma questão de esperar para ver.
E mais: no pique dos muitos afazeres bem-sucedidos, toda angustia e toda inquietação, passam a ser absorvidos como vicio no cérebro e na alma. Assim, a pessoa perde a paz como referencia, pois, já não se concebe existindo sem agonias latentes.
Chega, no entanto, o tempo em que ou se tem paz ou se morre. Ora, em geral é nesse tempo que a alma rebelde e iludida se rende às demandas mais profundas do ser; e, havendo Graça, a pessoa passa a somente desejar existência que seja vida; e, vida, somente se manifesta como Vida, se houver paz.
A paz, todavia, só nasce da entrega que confia.
A paz de Jesus, que excede a todo entendimento, é aquela que confia mais na vida do que na morte, pois crê na ressurreição.
Além disso, tal paz decorre de se escolher o que é bom; ou seja: todas as coisas do amor, da alegria, da bondade, da mansidão, do respeito, do louvor, e da Graça que prevalece sobre o juízo.
Tal paz cresce no contentamento em toda e qualquer circunstancia. É o que Paulo diz quando escreve aos Filipenses.
E mais: tal paz dá fruto de justiça e de verdade em amor; por isto, ela nunca é um discurso, mas atitude, olhar, presença, energia espiritual e decisão do ser.
O que não é possível é viver para a inveja, o ciúme, a contenda, a disputa, as conquistas, as seduções, as manipulações, as fabricações, as mentiras, os engodos, os disfarces, as idolatrias do afeto, e as muitas fantasias, e, ainda assim, queixar-se de que não tem paz; pois, a paz está apenas onde está o seu fruto.
Ora, mesmo quando passa a independer de nós o que seja paz para os outros, ainda assim não se perde a paz.
O meu inimigo, o que assim se considerar, terá que lidar com minha paz, pois, pela Graça de Deus, ele não terá o poder de me fazer escravo de suas armas de agonia, angustia, depressão e medo.
O filho da paz somente possui uma arma: o olhar de sua paz.
E quem é do Evangelho, crê assim, busca ser assim, e não se contenta com nada que seja menos do que isto.
Nele, que é o Príncipe da Paz,
Caio
12 de setembro de 2008
Lago Norte
Brasília
DF