—–Original Message—–
From: Luciana
Sent: terça-feira, 30 de março de 2004 13:59
To: Caio Fábio
Subject: O LUKAS VIVEU MUITO…
Querido Pr. Caio Fábio
Cresci na igreja presbiteriana Bethânia, em Niterói. Tenho 23 anos e ainda sou membro da mesma. Cresci ouvindo suas pregações cheias de unção e tenho profunda admiração pelo sr.
Não tive contato com o Lukas nos últimos anos, mas me lembro muito bem de alguns retiros da U.C.P e da U.P.A em que estivemos juntos e ainda posso ouvi-lo cantar: “Não me bate que eu chamo meu irmão, Cirão. Caiu no chão e tremeu o quarteirão…”, e de como ele tornava alegre os momentos de quem estava ao redor dele. Também me lembro que as menininas eram loucas por ele!
Lukas não viveu muito tempo cronológico, este tempo que nós, aqui nesta terra contamos em anos, dias e horas. Mas Lukas viveu seus 22 anos com muita vida dentro dele.
O que importa talvez não seja este tempo medido mas como ele foi vivido. E creio que foram 22 anos em que Lukas trouxe para o sr, sua família e seus amigos mais próximos momentos muito intensos de amor, alegrias, lutas, tristezas, conquistas, dores, vitórias e outros sentimentos que experimentamos aqui na Terra.
Foram tempos em que o Senhor realmente presenteou a todos com a vida de Lukas e sua passagem por nós.
Alguém sempre tem uma lembrança do Lukas, mesmo que seja tão singela como a minha; ele cantando para nós.
Alguém que conviveu, mesmo que apenas por um instante com ele, como eu, sempre se lembra de algum momento dele e é isto que faz a diferença, não o quanto ele viveu, mas como ele viveu. E lendo seus depoimentos de pai, estou certa de que Lukas realmente viveu aproveitando o tempo que o Senhor lhe permitiu estar aqui com intensidade.
Lukas não foi apenas um espectador da vida, foi um participador!
Lukas não assistiu a vida passar diante de seus olhos, mas a viveu!
Lukas teve a coragem que muitos de nós não temos: a de viver a vida!
Lukas não fez como muitos de nós que nos escondemos e fugimos da vida, ele fez questão de vivê-la!
Lukas era muito carajoso!
Sei que nada do que eu lhe disser irá amenizar a sua dor e de sua família. A morte de Lukas doeu em todos nós também. Mas penso que agora ele está fazendo o que sempre quis; viver a vida! Não esta vida terrena, mas a vida eterna que o Senhor tem preparado para aqueles que o amam. Lukas está vivendo a vida em que não há dor, nem lágrimas nem tristezas, talvez esteja cantando suas divertidas canções lá no céu, alegrando os anjos e os nossos outros irmãos que lá estão, trazendo momentos de alegria para quem está ao ser redor neste momento!
Eu vou me lembrar deste Lukas cantando, vivendo, sentindo…
Estamos todos orando pelo sr. e sua família para que o Espírito Santo lhes traga consolo e paz neste momento tão difícil.
Um grande abraço de sua irmã em Cristo,
Luciana
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Resposta:
Querida Luciana: Vida Nele!
Cada um de meus filhos é um tesouro inestimável; e curto a cada um como se fossem filhos únicos. E, de fato, cada um deles é único!
Sou pai de quatro filhos únicos!
Foi isto que sempre disse para eles: que eles eram, para mim, únicos!
Eles cresceram sabendo disto. Tanto é que ninguém jamais disse: “Papai gosta mais de fulano…” Eles sempre souberam que eu era e sou louco por todos eles com aquele amor que só têm os filhos únicos.
Lukas, era único. E do jeito dele, ele era único onde tenha estado!
As alegrias, a meiguice, a amizade dele, as brincadeiras, a ironia, o sarcasmo, a sutileza, o bom gosto, a coragem de buscar saber, a coragem de desistir do que ele soube que fazia mal, o desejo de ser bom, a tristeza pela Terra ser como era, a fidelidade dele aos irmãos—mesmo quando brigava—, e a certeza dele de que era amado até o fim, fizeram dele um ser único.
Dos meus filhos ele foi quem sempre teve mais coragem de dizer o que pensava a meu respeito, fosse certa ou equivocada a percepção. Aprendi muito com ele, até porque ele me forçou além do que eu saberia que seria um dia forçado a me dilatar.
O fato, é que ele era mais que especial, e seu amor-dor pela vida agora é amor-gozo na Vida.
Até mesmo aqui no site houve ocasiões em que o chamei e perguntei: “Esse cara que me escreveu é jovem. O problema dele é esse… O que você acha que ele está de fato sentindo?” E, na maioria das vezes, ele era cortantemente cirúrgico nas percepções que tinha.
Ele continua e continuará sempre presente em tudo. E fazemos isto ainda com muitas lágrimas. Mas sei que logo tudo se tornará apenas lembrança de alegria. Pois, mesmo em meio às dores, alegria foi o que ele deu a mim e a todos os que o amavam.
Tudo o que de ruim aconteceu a ele, desde criança—e ele era o rei do acidente!—, acabou virando brincadeira; a começar do modo como ele sempre se tratou.
O senso de humor dele era tão grande que se ele pudesse ter falado acerca de seu próprio atropelamento, certamente ele diria: “Puxa, mandaram um BMW me buscar!”
Enquanto esse coração aqui bater na Terra, o Lukas terá parte em todas as suas pulsações!
Meu beijo, filha, e que Deus guarde você!
Nele, que nos dá Vida, não apenas Tempo,
Caio