—–Original Message—–
From: Viviane Lima
Sent: quinta-feira, 20 de maio de 2004 04:01
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Subject: BAGUNÇA NO CÉU– Lukas e Gil estão lá…
Querido Pastor,
Acredito que o senhor deve se lembrar do presbítero Gil, da Betânia. Ele faleceu há uns poucos anos, de infarto.
O Gil foi um dos caras mais incríveis que eu já conheci. Era um grande amigo! Espirituoso, afetuoso, realmente um cara legal. Ele sabia tocar e cantar todas as músicas dos Vencedores Por Cristo! E ainda ria das piadas de todos nós, adolescentes que éramos, uma gente esquisita…!
Quando o Gil se foi, eu não quis acreditar. Era como se a imortalidade da gente, um bando de meninos e meninas crescendo e aprendendo, estivesse morrendo bem aos nossos olhos. Agora eu te pergunto? Como pode a imortalidade morrer??? Mas agora entendo que, quando o Gil respondeu à chamada, a imortalidade em que os adolescentes e jovens sempre acreditaram não havia morrido. Não era apenas um ideal. A imortalidade é a ressurreição. Mas, meu querido pastor, quanto tempo levei para entender isso! A morte nada mais é que a ressurreição!
Confesso que quando soube da ida do Lukas, fiquei enlutada, mas não apenas por ele. Fiquei enlutada por cada um de nós, jovens que um dia foram aqueles adolescentes apaixonados por Jesus, loucos de amor pelo Criador, cheios da graça e da bondade do Espírito Santo. Deus, por que os jovens estão morrendo? Só tenho cinco anos a mais do que o Lukas! Lembro dele em um dos cultos, sentado no meu colo, desenhando e escrevendo algumas palavras em inglês. Era de uma meiguice linda! Tão menino e tão meigo. Então eu disse, “Lukas, está na hora de você ir para a sua salinha aprender com as professoras e com as outras crianças. Preste bastante atenção ao que a tia disser e se comporte”. Então, pastor, ele recolheu seus lápis e seu caderninho, me deu um beijo e foi.
Sei que, em todos os lugares do mundo, crianças e jovens, homens e mulheres, adultos e bebês, estão sendo chamados dessa Terra para um mundo melhor. Mas quando acontece com alguém que a gente viu crescer, é outra história. É mais perto! A morte (a ressurreição) se torna mais e mais real. Ora, pastor, por acaso a morte é uma realidade para nós, jovens? Para mim, nunca foi. Mas, agora, começo a perceber que sim, que ela, mais do que ninguém, faz parte da vida. Ela só não é maior do que a própria Vida… porque ela está vencida e, em Cristo, foi transformada em ressurreição daqueles que crêem que o próprio Caminho, e a própria Vida, é Jesus, e ninguém mais, e nenhuma doutrina, e dogma nenhum, e movimento nenhum, a não ser o do próprio Cristo em nós.
Pastor, a morte deixou de ser um uma realidade sublimada para mim, para se tornar uma vitória – no sentido da ressurreição em Jesus – e, não sendo mais sublimada, está assimilada, bem à minha vista, como um percurso normal para aqueles que crêem na Vida e no Caminho. Ela já não me assombra.
Gil foi há alguns anos. E ainda posso ouvir suas gargalhadas escandalosas por aí!
Em alguns momentos, quando não me lembro de algumas esperanças, ouço seu violão e uma canção dos Vencedores, que costumávamos cantar em duas vozes:
“Num dia assim eu vou partir
Num dia assim quero chegar!
Num dia assim eu vou partir para o meu lar!
Tristeza e dor ficam pra trás
Naquele lar só reina paz!
Num dia assim eu vou partir para o meu lar…
Olhei à minha volta, um dia,
só vi destruição
somente morte, a guerra, dor na Terra, só desilusão
pois o pecado tinha o homem preso em suas mãos
perdido estava o pecador sem ter a salvação!
Mas hoje o amor de Cristo
eu venho anunciar
só Ele pode o pecador pra sempre transformar!
E lá no céu, um mar de luz, onde está Jesus…
que para nos livrar do mal, morreu por nós na cruz!”
Querido pastor, desde menina eu o ouço, desde menina o eu respeito, e é com esse mesmo coração de menina e adolescente que lhe envio o meu afago de filha, o meu abraço de amiga, o meu “toca aí” de irmã.
O Lukas não era bobo… na hora em que o Pai o chamou, ele pegou seus lápis de cor, seu caderninho, e se mandou para “aquele lar onde só reina a paz”.
Provavelmente, deve estar agora de papo com o Gil; afinal, os dois adoravam uma conversa…e tinham bastante senso de humor.
Pastor, sabe o que é o mais sinistro disso tudo? É que em um breve dia nós estaremos junto com eles! Isso não é demais? E, naquele dia, “a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”.
Estou contigo nessa.
Um beijo no seu coração de pai!
Vivi
PS: Mande um beijão para o Ciro. Faz muito tempo que eu não o vejo…! Costumávamos “destruir” juntos vários pacotes de biscoitos de chocolate! Diga a ele que a “Neida” manda lembranças… ele é um cara muito querido. Perdemos o contato, mas o “para sempre e de verdade” dos adolescentes que fomos continua vivinho dentro de mim. O que era para sempre, continua sendo para sempre. Sempre!
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Resposta:
Querida Vivi:
Nós vivemos no poder da Ressurreição! Porque Ele vive, nós vivemos e viveremos também!
Faz umas cinco noites que o Ciro e eu conversamos sobre o Gil. E a razão é simples: conheci o Gil criança, cresci com suas irmãs, freqüentei a casa dele, meu pai e minha mãe eram e são amigos dos pais dele (hoje o Dr. Gil, pai, também vive com o filho, Gil, e com o meu filho, o Lukas); fui também pastor da família, e o Dr Gil (pai) foi presbítero no meu pastorado de quatro anos na Betânia. Além disso, uma das manas do Gil é hoje esposa de um amigo meu, o Alcimar; sem falar que os esposos das demais irmãs também me eram chegados, especialmente o Elizier, que também já está na Ressurreição.
Ciro estava me dizendo que uma das experiências espirituais mais profundas que já teve na vida foi num retiro de vocês, e onde o Gil-filho foi muito usado por Deus. Também, disse-me o Ciro, que foi com o Gil que ele falou em línguas do espírito a primeira vez.
“Bem-aventurados os que desde agora descansam no Senhor!”
De fato, é uma questão de lapso de tempo, e todos estaremos juntos!
Já, já eu estarei lá também!
Paulo disse que tudo, agora, em Cristo, é nosso; incluindo a morte, que já não mata; visto que virou apenas uma porta dimensional…uma passagem rápida…indolor…e gloriosa.
O resto é ainda medo e fobia essencial que habita todos os homens. E, entre outras coisas, foi para isso que Jesus se manifestou; a saber: para destruir aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo; e para libertar aqueles que pelo pavor da morte estavam sujeitos a escravidão por toda vida.
A liberdade para viver e morrer só acontece depois que a gente sabe que a morte já morreu!
Vou passar seu e-mail para o Ciro. Ele, certamente, fará contato. Ele tem me dito que anda com muita saudade dos amigos da Betânia.
O Ciro está muito bem; e o Davi e Jú também. Mas há uma beleza nova na alma do Ciro; e, nesses dias, vejo que o coração dele, ao modo dele, é extremamente pastoral, visto que ele tem sido uma sombra para muita gente aflita e angustiada. E isto me deixa feliz.
Um beijão.
Nele, em quem somos inseparáveis,
Caio