LUK, FELIZSAUDADES!

Ontem, dia 27 de junho, fez três meses que meu filhote, o Luk, partiu para o Senhor. E como estou feliz por ele, e, Deus sabe, como estou saudoso dele.

Estou feliz por ele porque de fato eu creio-sei e sei-creio na vida eterna. Não é algo no que eu acredite mais.

Acreditar é coisa mágica, tem seu poder na imaginação, é ainda uma crença da infância da vontade de uma possível fé.

Acreditar é ainda a fé como algo que persegue um objeto. Ou seja: quem acredita tem o objeto da fé fora de si, em algum outro lugar…

Mas quando você vê Jesus outra vez, e o vê Vivo pra você, então isto já não é “um acreditar”, mas um “ser em”. Nesse dia você começa a experimentar o poder da ressurreição explodindo em sua consciência, rasgando você de dentro para fora, irrompendo de seu ser como a própria vitória de Jesus sobre a morte.

Nesse dia a eternidade fez morada em você, e você sabe que há muitas moradas na Casa do Pai, ao mesmo tempo em que você é morada do Pai.

“Nós viremos para ele, e faremos nele morada”, disse-nos Jesus.

Nesse dia há algo maior fora…ao mesmo tempo em que o infinito já nos habita o interior.

Então, tem-se saudade e presença, presença e saudade…

É assim que sinto. Estou feliz por ele. Afinal, hoje meu filho está de fato vivo e cheio de gozo, tomado de perplexidade em Deus, em estado de êxtase infinito, em prazer na consciência de ter sido um dia homem na Terra, e de ter sido levado na hora do chamado certo, e de ter entrado no banquete que já estava preparado para ele desde antes da fundação do mundo.

Hoje ele dança com o Pai, o Irmão Eterno, nas alegrias do Espírito da Vida, e pula e brinca com anjos, e não cessa de adorar em absoluta alegria. Hoje ele celebra o encontro com todos os humanos aperfeiçoados na Graça eterna.

O que eu sinto por ele é o que me salva do que sinto em mim como saudade. Do contrário, não tivesse eu essa “morada em mim”, eu estaria inconsolável. Sim, eu seria o mais inconsolável dos homens…pois só Deus sabe como eu amo cada um de meus filhos, e como amo ser pai deles.

Em João 16 Jesus disse que “por um pouco” a alma de Seus discípulos sentiria muita saudade, mas que Ele novamente os veria, e que nesse dia eles seriam possuídos por uma alegria que ninguém e nem nada poderiam fazer desaparecer. Essa alegria seria como a felicidade da mulher que vê as dores de parto se tornarem em prazer pela alegria de ver que trouxe ao mundo um homem.

Desse modo, Jesus estava lhes dizendo que quando eles mergulhassem na eternidade—ainda aqui, no tempo e no espaço—, e vissem a vida com os olhos da ressurreição, então, essa tal alegria lhe habitaria.

Tem-se que passar pela morte a fim de se experimentar a alegria da ressurreição!

A força mais essencial da existência do discípulo é a alegria que se existencializa como consciência da ressurreição.

O poder da ressurreição não acontece nos garantindo longevidade física, mas vivificação no espírito, dando ao discípulo um espírito de desassombro, visto que ele já é habitado por Aquele que é.

Jesus também lhes disse que “naquele dia”—cada um tem que ter o seu próprio dia—, eles nada lhe perguntariam. Sim, “naquele dia nada me perguntareis”, disse o Senhor.

Quando a eternidade já está em você, e você sabe disso pela fé que já nem é mais “fé”, pois, É em você; então, acabam-se as questões.

Nesse dia você sabe que o Pai ama você, pois o Pai ama como ama a Jesus, a todo aquele que a Jesus ama.

Nesse dia você pode orar sem neurose. Pois você poderá pedir o que quiser, e viverá em paz, visto que tudo o que lhe vier… terá sido a vontade do Pai; e você sabe que o Pai não faz o que você pede, mas faz tão somente o que for melhor para você, para que seu ser cresça na direção dos tesouros eternos.

Ou seja: se o que você estiver pedindo for uma “serpente”, Ele não a dará a você. Mas se você estiver pedindo pão, Ele não lhe dará uma “pedra”. Ora, até isto fazemos nós, os pais tão egoístas da Terra. O Pai celeste faz infinitamente mais do que tudo aquilo que pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, mediante a ressurreição de Jesus.

Ora, no que diz respeito ao Luk, eu sei que ele foi como resposta à própria oração dele, quando disse, em pé diante de mim—eu estava deitado em minha cama—, com olhos doídos de desejo de ser atendido, as seguintes palavras: “Papai, Deus sabe que eu não quero ficar neste mundo sem você e mamãe”.

E, saibam todos, estranhem ou não, eu sabia que aquela era uma oração que seria ouvida. Em meu coração, eu disse: “Faça-se a Tua vontade”—embora com minhas palavras eu tenha dito que ele amadureceria cada vez mais, e que chegaria a hora em que ele estaria pronto para sepultar a quem quer que fosse preciso, pois, Deus lhe daria aquela segurança.

Jesus, no entanto, ouviu a voz de meu filho. E quem disse que o Lukas não veio ao mundo para viver a vida que viveu e para partir na hora que partiu?

O próprio Senhor, quando sentiu nas entranhas a presença da morte, disse: “E por que está agora angustiada a minha alma? Se precisamente com este fim, e para esta hora eu vim ao mundo?” Então continuou e disse: “Pai, glorifica o teu nome”.

É o amor à soberania e à majestade de Deus o poder que vence a “angustia da hora”. Nesse dia até as tempestades e os trovões falam, e dizem: “Eu já glorifiquei o meu nome, e ainda o glorificarei mais”.

Os mesmos trovões que anunciam a tempestade, eles mesmos falam da glória de Deus.

Naquele evento de despedida, em João 16, sobre o qual venho falando, Jesus também disse aos discípulos que neles mesmo e de si próprios, eles não conseguiriam bancar a jornada. Isto porque neles habitava ainda o medo. Daí ainda naquela mesma noite eles terem vindo a conhecer o poder da fuga e da negação.

Jesus, todavia, se adiantou aos fatos, e lhes disse, “Tenho vos dito estas coisas, para que, quando acontecerem, tenhais paz em mim. No mundo tereis aflições, mas tende bom animo; eu venci o mundo”.

Então, ao anunciar o que lhes aconteceria, e também acerca da irremediabilidade da necessidade daquele encontro deles com as suas próprias naturezas, Jesus de fato lhes diz: “Estou dizendo antes de acontecer, para que quando estiver acontecendo, vocês passam atravessar o encontro com as próprias naturezas de vocês, sem perderem a paz que vem da certeza de que eu venci por vocês todo medo e fracasso. Aflições, haverá muitas! Mas tenham sempre o melhor animo. E essa força vira de você crerem e saberem que eu acabei com o poder do mundo sobre vocês, vencendo a própria morte. Com a morte vencida, que mais lhes inspirará temor?”

Assim, não tenho perguntas e nem curiosidades. A eternidade responde tudo, e o poder da ressurreição mantém o animo bom, pois recebe o seu alimento da própria eternidade.

Desse modo, saudade e felicidade se casam, e fazem a sua única síntese possível no amor de Deus.


Caio