EU PEDIA PARA MORRER AOS 33 ANOS!
Quando conheci o Senhor Jesus achei que não viveria além dos 33 anos. Aliás, misticamente, esse era o meu ideal: morrer com a idade de Jesus.
Essa afirmação bem expressa o tipo e a qualidade da pulsão espiritual que me habitava, e a qual eu experimentava sem dar qualquer sinal de insanidade mental ou de qualquer forma de distúrbio do comportamento. Afinal, não é normal que jovens de 18 anos se sintam desse modo em relação “ao sonha da vida”.
Acho que se a mim fosse possível naquela altura da vida escrever para mim hoje, neste momento de minha própria vida, com certeza Eu-Hoje só não aconselharia Eu-Ontem a procurar ajuda terapêutica pelo simples fato que eu me lembro exatamente do senso de propriedade e proporção com o qual Eu-Ontem orientava de modo natural o todo de sua vida, minha vida.
Digo isto apenas no caso de Eu-Ontem escrever para Eu-Hoje dizendo que gostaria de pregar, pregar, pregar, só pregar, e morrer com a idade de Jesus.
A questão é que Eu-Ontem não faria tal declaração gratuita, e, caso o fizesse, haveria um contexto de tanta coerência, que Eu-Hoje acharia místico, porém sadio para o Eu-Ontem.
Interessante é que eu não morri aos 33 anos, mas as mais profundas mortes que conheci começaram a acontecer desde então…
Lentamente…
Pequenas decepções, grandes tristezas, sentimento freqüente de muitas formas de traição, amigos que simplesmente começavam a se deprimir ante o meu amor por eles, companheiros apresentarem lados sombrios, tomados de inveja e amargura… coisas desse gênero.
Até 1983, no Congresso Brasileiro de Evangelização Eu-Ontem só conhecia amor e carinho cristãos. Foi dali para frente que comecei a ver, até entre os companheiros de “Caminhada”, que alguns achavam que a multiplicidade de meus dons estava lhes fazendo mal. Houve alguns até que me confessaram; uns de modo direto; outros com muitas sutilezas, ou apenas com olhares e construções faciais. Isso sem falar na alteração de suas energias em relação a mim.
Na década de 80 sofri muitas pequenas mortes… Pequenas se comparadas com as que viriam, mas, para o tempo, eu lembro do impacto que tais coisas causavam nos meus companheiros de ministério na Igreja Betânia e na Vinde. “Não sabemos como você agüenta”—muitas vezes me disseram o Rev. Antônio Elias, o Josué e o Téo.
Depois, do nada, 1990 começou como uma década de aventuras. O muito que já havia sido feito até então, de súbito, explodiu… e as coisas começaram a crescer de modo exponencial.
De 1990 a 1998 eu realizei, com a ajude de meus amigos e colaboradores, mais do que muitas vezes o que eu havia realizado antes. A diferença é que agora tudo dava certo.
Então conheci que a quem tem, se lhe dará!
De 1998 a 2005 conheci todas as dores que eu achava que jamais conheceria.
Então conheci que àquele que não tem, até o que pensa ter lhe será tirado!
Não fora a chegada da Hellena, em novembro de 99, e meu encontro com Adriana, minha mulher, em junho de 2000, praticamente tudo o mais doeu, e muito. Só Deus sabe!
E eu queria morrer aos 33 anos. Pobre menino. Não sabia que provavelmente fosse morrer, depois dos 33 anos de idade, os próximos 33 anos de vida futura.
Eu nasci adulado pela vida. Por essa razão creio que aceito de bom grado todas as tristezas. Sei que elas carregam um conteúdo de cura para a minha alma.
Por isso me glorio nas tribulações, nas fraquezas, nas enfermidades, nas perdas, nos lutos, nos erros e vergonhas, na fama e na infâmia, nos acertos e nos muitos erros—pois, apesar de tudo eu sei que quanto mais fraco eu me torno, mais forte é Ele em mim.
“A minha graça ti basta; pois o poder se aperfeiçoa na fraqueza”—disse o Senhor a um irmão que gemia as dores de um espinho na carne.
“Bem-aventurados os que choram, pois eles serão consolados”.
“Levando sempre o morrer de Jesus nesse corpo mortal, para que também o seu poder se aperfeiçoe em mim”.
Nele,
Caio