PARA ADRIANA: MINHA MULHER E NAMORADA!



Vi Adriana pela primeira vez no Colegio Brasileiro de Cirurgiões, em 1985, numa das reuniões que eu tinha lá todas as semanas, sempre acompanhado pelo amigo e músico Sérgio Pimenta.

Ela estava grávida e me pediu para orar por ela. Tenho vaga lembrança disso. Depois tenho nítida lembrança de quando fui cumprimentado por ela após um culto na Barra, em 1998. Mas em nenhuma das ocasiões conversamos, e eu jamais fiquei sabendo seu nome, ou quem ela era.

Entre janeiro e abril do ano 2000, entretanto, eu sonhei com ela, sem saber que ela, era “ela”.

Eis o sonho:

Eu estava acompanhado da pessoa em razão de quem se dizia que meu casamento havia terminado. Estávamos na casa de minha avó, mãe de meu pai. Era o “Casarão”. Eu percebia que havia providenciado cama para centenas de pessoas dormirem, mas nenhuma para mim, de sorte que nós dois estávamos em pé, por isso ela dizia nervosa: “A vida toda você nunca guardou um lugar para você descansar”. Eu estava nervoso, estressado, angustiado, me sentindo culpado, cobrado e irresponsável.

De repente entra uma mulher jovem e madura como um anjo no lugar onde eu estava, olha para mim, e sorri. Ela era leve e livre. Quase flutuava. Quase nem tocava o chão… Eu via que ela era alta, tinha cabelos longos e esvoaçantes; e era longa de pernas. Sua face era fina, porém aberta por um sorriso cheio de alegria e paz. Ela me disse: “Vem comigo. Eu vim pra você ter descanso!” E me tomou pela mão e me fez descer de onde eu estava, no quinto andar da casa, e indo para o segundo piso, onde ela me levou direto para o quarto que no passado havia sido de meu tio Carlos.

Entrei ali levado por ela. Vi as janelas altas. Olhei pela varanda. Então, voltei-me, e vi a grande cama de casal que havia no quarto. Nesse ponto do sonho estávamos já apenas nós dois. Nenhuma outra presença era sentida. Ela sorriu, me mostrou a cama, e eu acordei.

Sonhei esse mesmo sonho três vezes, exatamente igual, sem qualquer variação.

No dia 6 de junho de 2000 eu entrava na Razão Cultural para o lançamento de meu livro Nephilim, quando, ainda do corredor, eu vi aquelas pernas longas, aquele corpo esguio, aqueles cabelos esvoaçantes, e aquela sensação de leveza e faceirice; ao mesmo tempo em que havia algo de anjo nela.

A reação que isso em mim provocou não foi de anjo, todavia, mas de homem; posto que me senti horrivelmente atraído por ela, quase como isto pudesse ser ler lido em minha testa.

Foi lá que fui apresentado a ela. Tenho em vídeo esse exato momento, visto que o evento todo estava sendo filmado pela editora que lançava o livro.

Nos dias seguintes nós falaríamos por e-mail e duas vezes ao telefone. Então, chegou o dia 12 de junho, Dia dos Namorados do ano 2000. Eu a convidei para almoçar. Conversamos como se nos conhecêssemos desde sempre. Ela tinha a vantagem de já me conhecer e acompanhar a mais de vinte anos.

Paixão, fascinação, desejo, admiração, estupefação, e certeza de haver encontrado um raríssimo tesouro, me possuíram de uma vez.

No dia 16 de junho eu disse a ela que era provável que viéssemos a nos casar, pois, sem poder explicar, eu sabia que assim era; e era desde antes de ser.

De lá para cá nós andamos uma longa jornada, apesar de apenas cinco anos haverem passado. Ela agüentou meus clamores, dores, angustias, medos, e ansiedades. Ela viveu muitos de meus piores dias de depressão. Ela me sustentou em todas as coisas. Ela me deu descanso.

No entanto, nossa vida não foi feita de lutas e nem contra os ecos de minhas batalhas passadas, nem do luto de meu filho. Na realidade tivemos um ano inteiro de lua-de-mel, de junho de 2000 a julho de 2001, antes que eu voltasse a pregar com mais regularidade outra vez.

Hoje, às vésperas do Dia dos Namorados, vejo o quão importantes e definitivas essas datas de 6, 12, 16 e 18 de junho me são. De fato me são sagradas. Afinal, nelas, numa seqüência de eventos, fui entrando no Santo dos Santos da alma de Adriana, e ela no de minha alma; de tal modo, que em menos de quinze dias, eu sabia que estava vivendo coisas que eram como se fossem os passos de um rito, cuja realidade já estava realizada e consumada desde antes de acontecer.

Minha convicção é que nosso descanso e alegria só estão começando, pois, a cada dia a amo e desejo mais; além de que a cada dia me surpreendo com ela, com sua beleza, com sua alma, com sua compreensão, com a profundidade de seu pensar e sentir, com sua capacidade de perdoar, com seu discernimento da Palavra, com sua maestria como mãe, com sua simpatia para com os estranhos, com seu amor verdadeiro por todas aquelas pessoas a quem amor ela confessa, com sua firmeza de decisões interiores, com sua maturidade e genialidade emocional, com seu amor ao ouvir, com seu poder de comunicar direto à razão e ao coração; e, sobretudo, com os banquetes de amor que ela me serve todos os dias.

Eu a amo para sempre, e quero viver com alegria e descanso ao lado dela todos os dias de minha existência na Terra; e com muito prazer também.

Adriana, eu amo você, mulher minha, e, ao seu lado, quero envelhecer com maturidade, paz, sabedoria, amor, alegria; e com o contentamento dos que encontraram o amor de suas vidas.

Eu, como homem, marido e amante, me levanto na praça, e honro você com meu amor, minha mulher.

Que Deus abençoe você!

Que Deus me abençoe com você!

Que todos os nossos filhos, netos, amigos, e todos os que nos querem bem, sejam abençoados com a benção que sobre nossas vidas repousa, e, na tua, superabunda.

Teu marido,



Caio

10/06/05