QUE SAUDADE DE MEU VELHO!

 

 

 

 

 

QUE SAUDADE DE MEU VELHO!

 

 

 

 

Ninguém jamais está de todo preparado para perder a possibilidade de deixar de falar com um homem como o meu paizinho.

 

De fato, nos últimos 20 anos, desde que a saúde dele começou a mostrar fraquezas em uma coisa ou outra [depois no coração, até quando os problemas cresceram e o levaram à mesa de operação, de cuja internação ele não saiu, exceto de vez para a morada eterna] — que eu me preparo para a partida dele.

 

Mas ninguém jamais está preparado para deixar de estar, de conversar, de ouvir, de receber, de amar e de ser edificado pela vida, sabedoria e amor de um homem como ele.

 

Ele se foi no dia 14 de setembro de 2007. Fiquei firme e forte; por ele, por mim e pela minha mãe; e pelas minhas manas, sobrinhos e netos.

 

No entanto, à medida que fui vendo a vida ir voltando a ganhar os seus contornos de nova rotina para todos eles, parece que minha alma foi se permitindo o meu próprio luto.

 

Somente agora, já meses depois, é que tenho acordado e passado o dia com o peso da ausência dele.

 

Ouço a voz dele, vejo milhares de imagens, escuto suas opiniões, observo de longe seu modo de ser, de amar, de perdoar, de esquecer, de abençoar os inimigos, de esperar com paciência no Senhor, e de sempre se alegrar nas tribulações bem como na esperança da glória de Deus.

 

Ontem escrevi que estou exausto e precisando descansar. Todavia, hoje, mais do que ontem, sei que meu cansaço é saudade, é vontade de beijar aquela cabeçinha santa, de sentir aquele cheiro de floresta que dele exalava.

 

É somente isto que hoje posso dizer, pois, continuo com os braços pesados e mãos cansadas para escrever.

 

Ah, meu paizinho! Sua falta é maior que o mundo!

 

 

 

Nele, em Quem meu pai vive eternamente,

 

 

 

Caio

 

22/01/08

Lago Norte

Brasília

DF