A GRAVIDEZ DE DEUS
No Velho Testamento, muitas vezes Deus usa a linguagem da gravidez a fim de expressar a dor de processos histórico-espirituais, até mesmo quando quem sente as dores é Ele.
Jesus disse que as dores de parto precedem a alegria de trazer ao mundo um homem.
Paulo disse que sentia, outra vez, dores de parto por aqueles aos quais tinha gerado em Cristo e que, pela opção que estavam fazendo de voltar ao legalismo, haviam regredido ao estado pré-natal, depois de saberem acerca da liberdade na Graça em Cristo.
Jesus também disse que a aproximação do “fim dos tempos” haveria de ser sentida como “dores de parto”. Iniciando com as contrações, que ele chamou de “princípio das dores”.
E João, no Apocalipse, vê uma mulher em dores, dando à luz um filho, o qual há de reger as nações da Terra.
Uma só linguagem carregando vários significados…
As dores de Deus, até dar à luz Seus filhos; a alegria que vem depois de se dar à luz; a tristeza de ter de dar à luz outra vez apenas porque os nascidos não querem viver; as dores da história, antes da vinda do Filho do Homem; a Humanidade grávida de Cristo, que veio e há de vir; e que governará as nações.
Em todas essas variáveis da aplicação da imagem das dores de parto, há algo que não muda: dar à luz traz dor.
Criar gera dor no criador. Assim como procriar gera dor no procriador. E a dor do criar será tão mais elevada quanto mais a paternidade se assemelhar à do Pai. Da mesma sorte, tão maior será a alegria quanto mais se sentir o alívio agradecido e esperançoso de se ter trazido ao mundo um homem.
Essa viagem do “nascimento” é a viagem da dor, e acontece não apenas entre o berço e a sepultura.
Ela se realiza da sepultura para o Paraíso — isto para tomarmos a “sepultura” como localizador de uma cessação — para que se entre na verdadeira vida.
Por isso, também o Cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo. Afinal, todo ato de criação é ato de sofrimento.
Deus nos criou!
Mas é o Pai quem sente as dores de parto. Até que todos os Seus filhos nasçam e se tornem conformes à semelhança de Seu filho, o Filho do Homem.
Caio