A NOÇÃO DE TEMPO E O PROBLEMA HERMENÊUTICO
Um dos maiores problemas da “teologia” e, especialmente, de suas sistematizações, vem da antiga noção de tempo.
Os teólogos, em geral, pensam em Deus com as categorias de tempo e espaço, e pensam na Graça como uma “evolução histórica”, como se Deus tivesse crescido com os homens.
Hoje em dia é um desperdício sem precedentes continuar a “fazer teologia” sem se entender a questão do tempo, até mesmo do ponto de vista da física quântica. Boa parte dos nosso conflitos doutrinários e teológicos — coisas como predestinação e livre arbítrio — soam pequenas depois que você entende o que é o tempo, sua total relatividade e, no sentido Absoluto, até mesmo sua inexistente-existência.
O tempo serve à Relatividade, daí ele servir à História. Mas serve pouco à Teologia, que nunca é o que pretende ser caso não exista entre o temporal e o a-temporal. Deus é!
A redenção, portanto, aparece na História apenas porque ela preexiste à própria História.
O Cordeiro, afinal, foi imolado no Antes de qualquer História e de qualquer Tempo!
Passado, presente e futuro só existem como impressões para seres presos ao tempo e à finitude do ser — nisso inclui-se toda a criação, pois viver eternamente não é ser eterno —, daí os discursos inócuos e simplistas dos teólogos da predestinação pecarem contra o ser de Deus na tentativa de explicar aquilo que só se intui pela fé, visto não estar disponível à compreensão se a referência for a linearidade histórica do tempo.
Portanto, se Deus é, tudo está sendo, mesmo o que já foi e o que ainda será aos nossos sentidos limitados!
Caio
27/10/2003