Para os cristãos, na maioria das vezes, moralidade é aquilo que praticamos a fim de, de fato, nos “conformarmos com Cristo na sua morte”.
Assim fazendo, desenvolvemos um modo externo de autojustificação pela via do comportamento de acordo com a Lei.
Toda forma de moralismo —cristão ou não— trabalha contra a apropriação da verdadeira liberdade!
O problema é que a afirmação de Paulo de que todas as coisas são lícitas é, em geral, vista como um estimulo à libertinagem e à total irresponsabilidade. Quem crê assim pensa que “estando em Cristo”, nossa singularidade irrepartível e nosso senso de individualidade, deveria implicar que somos agora livres para fazermos o que desejarmos. Afinal, pensam, estamos livres da Lei e da Moral!
Mas que engano!
Estamos sim, livres da Lei e de todos os seus subprodutos. Todavia, isso não nos põe no caminho da libertinagem, mas no tipo de liberdade que Deus chama como tal.
A liberdade do homem tem na liberdade de Deus sua referência.
Deus é livre para ser continuamente bom, fiel, misericordioso e justo; e, sobretudo, um Deus de graça para outros! Deus não precisa tratar-se a si mesmo com Graça. Ele merece! Eu é que preciso de Graça. Eu não mereço! Daí Graça ser favor imerecido!
O mais interessante de tudo é que no Novo Testamento se afirma nossa total libertação da Lei e da Moral, mas não “para dar ocasião à carne”. Ora, o conceito de “carne” é o que se torna importante para nossa percepção neste momento. Do contrário, não entendendo nossa liberdade em Cristo —que se deriva de estarmos “mortos em Cristo”—, caímos no caminho da carne, que, para os autores do Novo Testamento significava a mesma coisa que para nós deveriam significar hoje!
Mas esse é um outro assunto!