TERRA DA PROMESSA. TERRA DA ESCRAVIDÃO
Paulo disse que a Jerusalém terrestre gera filhos da escravidão.
Com isto ele decretava o fim de todas as coisas que historicamente pudessem se relacionar com as produções da Jerusalém terrestre como tendo vida.
A ironia é que o povo hebreu—cujo nome procede da raiz da palavra semítica que propõe a mais absoluta mobilidade e capacidade de continuar em estado de peregrinação—recebeu como promessa uma terra que manaria leite e mel.
É essa terra prometida que está, desde sempre, banhada não de leite e mel, mas de sangue e fuligem de incêndios genocídas.
Os que deveriam peregrinar acabaram por se tornar escravos de seus próprios sonhos.
A Terra Prometida virou a Promessa de uma Terra.
Aquilo que carregava utopia, mergulhou no pó da terra, e afogou-se de poeira.
É claro que havia uma terra. Seus termos e limites estão definidos na Bíblia. Mas aquela jamais seria a terra do descanso, pois que na terra não há descanso, há peregrinação.
E não foi Deus quem falhou em Sua promessa. Foi Israel que não andou conforme o pacto.
Mas quem andaria?
Há na terra tal povo?
Qual das nações teria andado conforme o Pacto?
A Promessa da Terra Prometida serve para mostrar que em nossa condição de seres caídos, ou é Promessa, ou é Terra; mas ambas as coisas se tornaram antagônicas.
“O meu Reino não é deste mundo; nem vem com visível aparência; o Reino está dentro de vós…”
A Promessa só nos mantém livres quando é algo inalcansavel.
A Terra, porém, só se realiza como promessa para aquele que a pisa como chão.
Ora, se é assim com a Terra Prometida, é assim com tudo o mais.
Até mesmo com a Escritura, nos dizem os Profetas, Jesus e Paulo, pode virar um pedaço de pedra.
Se se olha o livro e se se estuda a sua forma, fica-se com a letra, mas perde-se o seu espírito. Assim, o que deveria ser Palavra, subitamente não passa de um livro. E seu estudo não produz nada além de cultura, caso o livro não seja abordado sob o olhar do imponderável; pois, só então é que se vê e se ouve a Palavra.
Mas se o livro virar Terra, a promessa virá pó.
Espero que você tenha me compreendido.
Caio