Uma Molhada Teoria do Gosto

Sou amazonense e, por isto, tomo muitos banhos todo dia. Tomava-se muito banho por lá. Quanto mais para o interior, mais banho ainda. Na minha família tomava-se banho antes do almoço e antes do jantar. Mas nos intervalos todos se molhavam muito. Uma chuveirada pelo menos! —e nos áureos tempos da infância em Manaus, um banho de cuia no fundo do quintal. Assim, minha toalha sempre ficou muito molhada. Se desejar pode-se trocá-la no mínimo todos os dias. Muita gente só aceita uma tolha se ela estiver bem sequinha. Gosto muito de me sentir inaugurando um tecido porosamente suave—como costumam ser as toalhas—e aquececar meu corpo com ele. Não é apenas aquecer e nem tão somente secar. Delicia pura! Ainda assim amo muito minha toalha molhadinha. Gosto de que ela me desumideça sem me secar, me seque sem me enxugar, me permita vestir-me enquanto me sinto refrescado. Vai explicar! Há coisas que simplesmente entram na gente. Nos constituem ou pela natureza ou pela cultura—ambas as coisas acabam fazendo simbiose! O nome disto é gosto. O gostoso é isto: é gostoso. E é gostoso porque é isto. Isto é você. Goste do que gosta. Mas goste sem desgosto. Caio Fábio