UMA NETA…QUE COISA!

A sabedoria de Deus nos fez também para sermos avós. Talvez, mais avós do que pais, se o critério fosse o da sabedoria. Como eu gostaria de ter podido olhar e entender meus filhos como eu hoje penso olhar e entender a minha neta. Havia muitas disciplinas, muitas educações, muitas convenções, muitas prestações de conta, além daquela terrível insegurança de desejar ser o melhor em algo que você não sabe bem o que é: a paternidade. Quanta pressa, quantos cuidados, quantos não toque aí menino, tira a mão já daí, e cuidado que você cai… Então, eles se descuidam mais, tocam em mais coisas, lambuzam-se em tudo, e caem toda hora… O avô conversa, demonstra, faz a cena toda, viaja com a criança, sente que vale fazer o tempo parar… vale fazer tudo parar…somente o momento não pode parar… Elazinha chegou… Antes me telefonou… Disse que estava com muita saudade… Fiquei louco… Ela mesma veio…e ficou…foi ficando…não queria mais voltar. Que delícia! Quanto conversa. Como é bom ajudá-la a conhecer seus pais vistos também pelos olhos do avô. Ela vibra. Adora histórias da vida real. Pede fatos, lembranças, gosta de minhas recordações. Fui pregar e ela foi junto. Sentou na primeira fila. Para cada palavra minha, o eco da voz dela…repetia frase a frase a frase… Vovô ficou muito feliz. Lá pelas tantas ela disse: Ta bom, já falou demais…não vai acabar não? Ato contínuo…vovô parou. Se as crianças não estão mais interessadas, por que perder tempo com os adultos? Ela foi há pouco. Eu saí, peguei meu Notebook no “hospital”—transplante de cérebro fizeram nele—e voltei pra casa. Que vazio! Ela já não estava… Sinto saudades de sua falinha infindável, sempre puxando o mais engraçados assuntos, e me mostrando que ser pai foi maravilhoso…mas que ser avô é pura graça. Caio