A ciência Física acredita que a equação do Universo haverá de ser definida numa só e única realidade.
Jesus disse que tudo se resume a uma só coisa.
Quanto mais observo as coisas à volta de mim, mais vejo que as coisas acontecem numa espécie de “contradição”, que, como tal, não existe em contradição de fato—exceto para nós e nossa limitada percepção—, pois se explica numa convergência supra racional, à qual chamamos de Mistério.
De fato pode-se observar que a vida carrega em si a marca da contradição destrutiva e criativa.
O oxigênio, por exemplo, sem o qual não se vive, é também aquele que nos mata, visto que é pela exposição a ele que nossas células acabam por envelhecer e morrer. E se não fosse a capacidade de armazenamento de energia que as mitocôndrias possuem, o próprio oxigênio extinguiria toda vida no ato de seu próprio começo. É o armazenamento de energia que as mitocôndrias fazem aquilo que nos garante longevidade, pois, do contrário, a exposição ao oxigênio nos aniquilaria de imediato.
Assim, mesmo no nível biológico todas as coisas são trazidas para a simplicidade de um ente: a mitocôndria.
Quando se olha para o Cosmos a percepção não é diferente, havendo apenas mais ignorância nossa a respeito. Entretanto, hoje se sabe que praticamente todas as galáxias possuem um buraco negro, e que o tamanho da galáxia equivale ao volume de massa compressa do buraco negro. De tal modo que um depende do outro, pois um não existe sem o outro, isto mesmo que aos nossos sentidos o Universo Expandido, os Cosmos que nós vemos, nos fale de vida, e o buraco negro nos fale de destruição e morte.
Assim, na contradição do que é potencialmente vida e do que é potencialmente morte—o Cosmos Expandido e o Buraco Negro—, a existência tem os seus fundamentos mais essenciais.
Hoje a Física ainda não sabe que ponto de convergência do contraditório é esse, mas sabe que tudo e nada acabam se resumindo a uma só coisa.
No fim, ter-se-á que dar razão a Deus. Afinal, é Ele quem diz que para Ele as trevas e a luz são a mesma coisa. Do mesmo modo em que Ele também afirma que Ele é Deus de vivos e de mortos, pois, para Ele todos vivem.
O estranho é pensar nisto tudo e depois dizer que “Deus é amor”.
Na maioria das vezes eu percebo que as pessoas têm um Deus para consumo pessoal e existencial (o qual pode ser amor), e um outro Deus, que serve ao consumo cósmico, e que é um Deus mais frio, capaz de gerar explosões, erupções, buracos negros, extinção de matéria, liberação de forças destrutivas; ao mesmo tempo em que abre flores, faz as sementes parirem plantas e árvores, atapeta os campos, explode vida na terra e nas águas, controla movimentos estelares em rotas bem definidas, e dá ao homem a perspectiva de tempo, estação, etapa, alvo, sentido, busca, e sonho.
Entretanto, conquanto no mínimo se pense necessitar de um “Deus de Duas Caras”—uma pessoal e outra impessoal—, a realidade é que se diz que Deus é amor.
Ora, tal declaração—considerada inspirada e corroborada pelos atos de Jesus—não pretendia em si mesma fazer ninguém crer que Deus é APENAS amor no que tange, por exemplo, à redenção do homem; enquanto é frio e calculista no que diz respeito ao Cosmos e tudo o que ele implica.
Não! Não é nada disso. O que se afirma é que o próprio Deus ‘é’ amor. Desse modo, o amor não é uma manifestação de Deus, mas sim a sua própria natureza e essência.
Deus é espírito! Deus é amor!
Ora, a própria natureza de Deus—que é amor—nos define amor como algo que está para além de todas as nossas construções.
Se Deus é amor, e também é o Criador de galáxias e de buracos negros, de vida e de morte, de elementos que são vida-morte, e de naturezas que parecem inconciliáveis entre si, cabe a nós não esquizofrenizarmos Deus, ora atribuindo a Ele amor, ora lhe atribuindo o poder do caos como se não fosse também obra do mesmo amor.
Isso porque no amor de Deus as trevas e a luz são a mesma coisa.
É também por essa razão que se diz que todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus.
E por quê?
Porque para esses (os que crêem) no amor cabe tudo, e no amor tudo se explica, sendo que a criação de galáxias não é melhor do que o buraco negro, pois, nessa contradição é que o amor cria vida até quando a destrói.
Deus não é Tudo. Tudo não é Deus. Deus não é Nada. Nada não é Deus. Tudo e Nada acabam sendo a mesma coisa. Sendo que o que é e o que não é, ambos são.
Deus está acima de Tudo e Nada. Tudo e Nada em Deus são. E Ele é Aquele que diz “Eu sou”.
O mais fascinante de tudo é que isso é coerente com Aquele que ressuscitava mortos e que também fazia a figueira secar e morrer.
Há uma única fonte. Uma só Videira Verdadeira. Um só Deus.
Em Jesus morte e vida se fundem na Ressurreição. Por isso Jesus diz que sendo Ele a Ressurreição e a Vida, todo aquele que Nele crê “ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive e crê (Nele), não morrerá eternamente”.
Desse modo, morte e vida se dissolvem Nele. Por isso Paulo diz que Nele tanto a vida quanto a morte nos pertencem.
Na realidade quando se chegar ao fim de tudo se encontrará essa Única Realidade. E ela não é fria. De fato, se encontrará o Deus que é amor.
Por trás de todas as contradições o que existe é amor, e nele tudo se explica e tem a sua convergência.
Nele o Tudo subsiste, incluindo o Nada. Por isso não há o que temer, pois, o verdadeiro amor lança fora todo medo, inclusive de Buracos Negros!
Caio