TODA INSTITUIÇÃO FAZ MAL?



Passado o Engano, as pessoas começam a cair na real. Então, surgem muitas e muitas perguntas: O que faço? Para que igreja eu vou? Ainda existem igrejas boas? Onde elas estão? Sim, ainda há boas igrejas e bons pastores. A maioria, todavia, existe na obscuridade em razão de que se negaram a entrar no “esquemão evangélico”, espaço no qual se criam os grandes Shows de Fé, porém vazios do Evangelho. Muitas dessas boas igrejas nem são “interessantes” como ajuntamento e nem sempre têm pastores “carismáticos”. Mas são honestas, sinceras, sérias, misericordiosas e capazes de lidar em amor e graça com a natureza humana. Das chamadas igrejas grandes e institucionais que conheço no país, a mais aberta, sadia, amiga, sincera, pronta a acolher, bondosa, gentil, educada, e extremamente prática no trato da vida, é a Catedral Presbiteriana do Rio. Para mim a Catedral é uma prova de que uma comunidade pode ter história—muita história por sinal—e não se deixar matar pelo peso das tradições e nem se deixar engolfar pelo culto a si mesma. No entanto, tudo depende da liderança. E, sem dúvida, o pastorado do Reverendo Guilhermino Cunha é a razão de que aquela igreja seja hoje um dos lugares mais sadios do país para se freqüentar e criar os filhos. Estou dizendo isto porque desejo deixar bem claro que não é a instituição que tem o poder de matar as coisas, mas sim o coração que se deixar fixar pelos limites da instituição, fazendo da existência dela um fim em si mesmo. Uma instituição é sempre algo como o Sábado nas narrativas do Evangelho: pode ser dia de descanso ou pode ser dia de prisão e dia de juízo e morte. Tudo depende de como se vê as coisas. Simplificando: nenhuma instituição tem o poder de fazer mal quando os homens não se deixam instituir como função engessada dentro da instituição. Ora, assim como o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado, assim também a instituição existe para servir o homem, e não o homem à instituição. Toda instituição que existe para servir aos homens é boa e útil. Porém, quando ela demanda que os homens existam para mantê-la e servi-la, então, ela se torna demoníaca e instrumento do congelamento das almas humanas. Ou seja: uma instituição só tem poder maléfico se os homens a servirem como algo que é superior à vida e a existência dos indivíduos. Quando é assim, até o Templo de Jerusalém vira morada de demônios e gera para a escravidão. Quem entende isso já andou mais da metade do caminho. Caio