A FANTÁSTICA PERMISSÃO SOBRENATURAL PARA SURTAR



A fé que se manifesta pelo surto do sobrenatural, deixa o seu praticante em um estado de profundo perigo, pois, sob tal camuflagem, não há como tratá-lo ou ajuda-lo, visto que a pessoa não se enxerga como louca, mas sim como “elevada” ou “espiritual”. É para evitar que a fé se torne loucura ou viagem de irrealidade, é que se diz que Deus deve ser amado de todo o coração, de toda alma, de toda força e de todo entendimento. Somente assim a fé é loucura que é a suprema sanidade, pois as emoções, os sentimentos, as forças do instinto, e o entendimento, quando focados em Deus, pelo amor grato, é que produzem a fé que é loucura de sanidade. Muitos cristãos vêm conversar comigo, e percebo como muitos deles estão completamente surtados, mentalmente perturbados, emocionalmente fragmentados, psicologicamente paranóicos ou neuróticos; alguns tendo até manifestações esquizofrênicas e psicóticas, e, todas essas coisas, são acobertadas pela permissão que a “fé” dá para que toda maluquice vire piedade. É como o caso da médium que recebe o tal do espírito de um certo Caio Fábio, um antigo amante dela desde o tempo do Egito antigo, e que foi seu companheiro também em outras encarnações, durante o tempo em que ele era um general romano, o qual, hoje, é seu guia, mentor e amor do além. Pergunta: se tal afirmação não fosse feita em nome de uma fé, quem poderia ouvi-la sem pensar que se está diante de uma pessoa vivendo um processo profundamente dissociativo da realidade, e, afundada num mundo paralelo, o qual a mantém “livre” da necessidade de encontrar alguém de carne e osso na vida real, ou quem sabe, de se enxergar? No meio evangélico, a fé pentecostal é um viveiro maravilhoso para o desenvolvimento de tais disfunções mentais. O tal do “senti no coração” é desculpa psicoticamente divina para transformar qualquer maluquice em revelação. O “Deus me revelou” é o maior escudo para fazer de qualquer surto megalomaníaco ou narcisistico, algo próprio em qualquer ocasião, e completamente irretocável diante dos fiéis. Assim, mergulhados na permissão de fé para surtarem, especialmente em catarses públicas, os freqüentadores de muitos dos cultos cristãos, estão na ante-sala dos manicômios, visto que a maioria se dissocia da realidade, entra no mundo da fantasia, do qual muitos não sabem mais voltar ou sair. Paulo diz em I Coríntios que as “línguas” eram para ser faladas de modo introvertido, a menos que houvesse quem interpretasse. E não mais do que dois ou três, sucessivamente, em caso de ser algo publico. No mais, ele diz que preferia dizer poucas palavras inteligíveis numa reunião pública, do que falar em milhares de línguas estranhas que não edificavam ninguém. Assim ele chama o culto para o equilíbrio entre emoção, força da alma, manifestação da psique mais elevada, e do espírito tomado de consciência e entendimento. Eu creio em todos os dons espirituais. No entanto, creio em tais coisas a partir do modo discreto como Jesus as viveu, e também, através do discernimento carregado de bom senso e equilíbrio que eu vejo em Paulo, no que tange ao exercício de dons não coletivos, como as línguas estranhas. O que precisamos saber é que o vivencia do chamado “sobrenatural”, só pode ser sadia, se três discernimentos espirituais estiverem presentes: 1) Que o amor a Deus tem que ser equilibrado; das emoções ao entendimento; e também entre a força e paixão. 2) Que nenhuma manifestação indiscreta do sobrenatural é coisa do Evangelho, pois, em Jesus, não há “show de sobrenatural”. 3) Que uma comunidade só pode sadiamente exercer pessoal e coletivamente os dons, se o fizer no espírito da discrição, de ordem, de bom senso e da prevalência da inteligibilidade sobre a initeligibilidade de qualquer que seja o sobrenatural que não amplie o entendimento no amor. Essa é uma linha muito tênue, a que separa o genuinamente sobrenatural, da doença mental disfarçada de carisma, poder, visões, revelações, ou shows de milagres; sendo que este último aspecto do sobrenatural, tanto pode ser apenas filho do narcisismo de seus praticantes, como também pode ser o produto da má fé e da manipulação. O fato é simples: a fé é simples, e se parece com a discrição de Jesus! Caio