O AMOR ETERNO… E O AMOR ETERNO ENQUANTO DURA



Demora um tempo até que se saiba que as coisas essenciais são apenas aquelas que não morrem. Nesse dia, quando esse entendimento nos atinge, a gente percebe que a maior parte de nossa existência é feita de coisas que não são, pois não deixam raízes de vida em nós. Quanta gente vem… e passa pela nossa vida… mas enquanto estavam presentes, tinha-se a impressão que sem elas não se poderia mais viver. Uma vez idas…, com o passar do tempo, vê-se que elas não eram eternas em nós. O essencial é apenas aquilo que feito de imorredouro amor! Em geral o amor essencial faz com que as pessoas assim significadas em nós, fiquem conosco… em convívio. No entanto, acontece também com muita freqüência que as coisas e significados essenciais não fiquem sob o nosso teto. Nesse caso, a alma tem apenas duas alternativas: ou sofre a ausência do essencial e se amargura ante sua ausência; ou, então, aprende a vencer o sentimento de posse e, assim, abraça o essencial com o abraço de quem deixa livre, e apenas se satisfaz com o privilégio de conhecer significados essenciais. Há quem conheça tais significados mediante o afastamento da morte, como quando você ama eternamente um filho que lhe foi colhido pela morte. Há menos de dois anos vi um filho de minhas entranhas ser levado para a eternidade. O que fiz e faço é abraçar todos os dias o seu amor, e amá-lo na eternidade a partir da Terra. Assim, a cada dia o amo mais, e, ao mesmo tempo, menos sofro as angustias da perda. No entanto, pode-se conhecer o amor essencial, que é aquele que sofre tudo e jamais acaba, mesmo quando as pessoas que assim amamos, vivem na Terra, mas estão longe de nós; e nós delas. Nesse caso, o “longe” pode doer até a morte…, a menos que se vença o sentimento de posse e se ofereça aquele amor como dádiva nossa à vida. Jesus ensinou o “amor recíproco” como sendo algo natural… Afinal, “até os gentios amam assim”—ensinou Ele. Entretanto, o que Ele estabeleceu como amor divino foi justamente aquilo que nós chamamos de amor catastrófico. Sim, porque Jesus ensinou que o verdadeiro amor transcende a necessidade de reciprocidade, como é o caso de se amar aquele que nos julga como um inimigo. Além disso, Jesus também ensinou a liberdade de amar sem medo de não haver a “compensação no amor”, que é a reciprocidade. Isto porque para Ele o ato de amar é a própria recompensa do verdadeiro amor. “O amor jamais acaba” apenas quando ele deixa de ser amor-posse e se converte em dádiva, em graça, em fidelidade ao próprio coração. Do contrário, se o amor é condicionado a alguma forma de compensação, ele é eterno apenas enquanto dura a “negociação afetiva”. A diferença entre o amor que “é eterno enquanto dura” e “o amor que jamais acaba”, é que o primeiro se estabelece como negociação e compensação, e os segundo se satisfaz em apenas ser. Felicidade é poder viver o amor que é eterno com o viço do amor que é eterno enquanto dura. Nesse caso, a compensação de tal amor é dar… e o ato de receber não é uma expectativa, mas sim uma dádiva que se acolhe como graça. Nele, Caio Escrito com muita saudade de meu filho Lukas… que se foi… mas nunca partiu!