DOIS MODOS DE CONHECER A GRAÇA: pela revelação ou no cacete
MAS VOCÊ SÓ QUER GRAÇA E AMOR?-perguntou um crente Hoje alguém me escreveu perguntando por que essa minha ênfase no amor de Deus. E, na semana passada, alguém disse o seguinte a uma senhora que hoje está no Caminho: “Você vai lá? Mas lá é só Graça! Você só quer Graça?” — indagou a crente, para ouvir a seguinte resposta: “Se Deus disse: “A minha Graça te basta, o que mais vai me bastar?” Para questões como estas, sem esticar nada, antes sendo simples, minha resposta é a seguinte: A fé em Jesus é a fé no amor. Amor de Deus por nós. Fé na possibilidade do amor de nós pelos outros. E fé que vem da certeza que nos é dada por Jesus, a Palavra Encarnada, de que o amor vence até a morte, e gera ressurreição de mortos. A Bíblia fala de muitos chamados “atributos” divinos. Ela diz: “Teu Deus é Deus de Justiça”. Ou então: “Ó Israel, teu Deus é Santo”. Ou ainda: “Teu Deus é Misericordioso”. No entanto, em todas essas “definições”, fica claro que em Deus há também aquele “atributo”; embora tal atributo não confine o ser de Deus. Todavia, somente João diz: “Deus é amor”. Desse modo, caminhando do complexo para o simples, João chegou àquela “uma só coisa” que Jesus disse que é a “equação” de um só elemento essencial à vida: amor. Todas as demais coisas derivam-se do amor. Por isto, no fim-começo-de-tudo, somente o amor permanecerá, visto que todas as demais realidades e virtudes só aparecem com seus nomes ‘minimalistas’ em razão de que elas existem como tais, apenas porque o homem e o mundo são caídos. Porém, numa existência restaurada, não há necessidade de mais nada, pois, o Cordeiro é sua luz; e amor é o que lá se respira; posto que, então, com toda plenitude de consciência, todos respirarão Deus; ou seja: respirarão amor; pois Deus é amor. Quem ensina o amor de Deus ensina tudo; afinal, Jesus disse que o resto é conversa para erguer os meninos, em sua dureza de coração, e sua trágica vocação suicida, incapazes de escolher o caminho excelente, que é amor. Sim, Ele disse que tudo se resume a amor; e, assim, fez do amor o único dogma de Deus e da vida! No amor há todas as coisas; mas em todas as demais coisas, nem sempre há amor. Assim, quem quiser deixar de ser menino na consciência vinculada ainda à lógica do animal e do predador, ainda que tal pessoa seja “cristã”, deve começar logo a se exercitar na pratica do amor; pois, esse amor que é como o Deus, é Graça que sobre nós se derrama como Entendimento; e, só se mantém se o Entendimento for praticado; visto que é somente pela prática que as coisas se enraízam em nós; tanto para o mal (vício), quanto para o bem (virtude). E tem mais: nada nos põe neste caminho do amor se a pessoa não receber uma revelação da Graça no coração, e, com fé, a acolha para si, dando razão a Deus. Ou, então, se levar um grande cacete da vida como disciplina, e, assim, tendo que conhecer o perdão sem auto-justificação ou justiça-própria, o indivíduo, caso não se endureça, aprenderá o significado do Dogma do Amor; e isto porque terá que prová-lo como perdão de Deus para a sua vida; e, depois disso, conforme o Evangelho, a fim de não se tornar “Credor Incompassivo”, terá ele mesmo que aprender a perdoar o próximo e a jamais buscar maquinar nada contra ele; visto que é no exercício do perdão, num mundo caído, que o amor se faz exercitar no coração humano. Do contrário, para esses que nunca conheceram o amor de Deus e nunca acharam que “precisaram” de Graça (pobres coitados!), a não-experiência da Graça, será morte-em-vida; sim existência de zumbi comportamental da religião ou da moral. Assim, seja pela via da revelação que ilumina o entendimento, e efetua o querer e o realizar em nós; ou seja pela via do santo cacete, a única realidade que os pode salvar de nos tornarmos estátuas falantes e insensíveis da religião, é a rendição à Graça; o que sinônimo de rendição ao amor de Deus. Nele, Caio