É BOM DEMAIS E É VERDADE!



Sou apenas um homem que creu. Nada além disso. Não sou discípulo de Jesus porque seja mais lógico, ou mais racional, ou mais humano, ou mais sadio, ou mais qualquer coisa. Eu apenas cri. E cri porque fui seduzido por algo maior do que eu, e que me quis, me escolheu, me chamou, me justificou, me glorificou; e, assim, me deu força para enfrentar a existência; e mais que isto: para poder prová-la como realidade, e sem medo de ser feliz; apesar de tudo o que nos seja ensinado como sendo absurdo. Digo isto porque não dou provas de nada do que afirmo, pois, de fato, assumo que qualquer visão que exista da vida, tal visão deve ser vista como “fé”. Isto porque até para se “descrer”, tem-se que ter fé na possibilidade de uma existência sem fé; o que é também fé na forma de uma pressuposição filosófica negativa quanto a fé. Isto dito, e sem tentativas de prova, afirmo que a mais essencial de todas as afirmações do Novo Testamento é aquela que diz que o Cordeiro foi imolado desde antes da fundação do mundo-cosmo. Ora, isto define a pulsão mais essencial do que seja vida: sacrifício, doação, abertura para tudo, e disposição de se fazer contínuo no outro. Assim, da meta-física que tem no Sacrifício sua pulsão primal, à criação de um ser feito à imagem e semelhança do Criador’; a Vida se torna vida. A criação do homem é mais um ato da Vida criando vida semelhante a Si mesma na Sua realidade mais visceral: o conhecimento de si mesmo e a capacidade de dizer “eu sou”. Jesus disse que somente uma coisa é necessária; e isto tem a ver com tudo na Existência. Tudo vem de Um e tudo volta a Um. E esse Um é como é, não se explica e nem se deixa descrever. Ele apenas se Encarna diante de nós. Mas nem de Seu rosto humano, Jesus deixou cópia. Porque quem via a Jesus via o Pai não porque Jesus “tivesse” a cara de Deus, mas sim porque Ele era Deus. Jesus é como o Pai, mas o Seu rosto humano não é a cara de Deus. A cara de Deus está em todas as coisas e em todas as caras. Porém, o chamado divino é para nos dar não as feições físicas de Jesus, mas sim para nos transformar na face de Cristo. A face de Cristo, para mim, é a minha face glorificada Nele! Disse isto apenas para afirmar que a Vida tem como princípio mais primal, o sacrifício. Esse ato é o Útero de todas as coisas; visto que o primeiro Parto a existir foi a doação da Vida do Cordeiro chamando à luz, e pela Luz, todas as coisas à existência. Assim, quanto mais Deus se esvazia de Deus, mais Deus se torna Deus. Quanto mais Ele se dá, mais tudo se torna Seu; não porque Ele as criou, mas sim porque elas todas se tornam atraídas para Ele. O Deus que é imolado antes de criar é o mesmo que morre na História a morte já conhecida como Sacrifício antes de qualquer existência. O Deus Vivente é o Deus Esvaziante de Si Mesmo! Afinal, Jesus disse que o princípio da vida era dar a vida. Assim, Ele não falava apenas algo a ser relativo aos humanos ou aos grãos de trigo simbólicos, os quais, morrendo, produzem muito fruto. Ao contrário: a vida, em qualquer perspectiva, é sempre assim. Desse modo se pode dizer que o Cordeiro imolado antes de haver qualquer coisa, é a suprema afirmação de que o Deus que se Sacrifica, é o Deus que cria; pois não há vida que não proceda da Vida. E Vida é Sacrifício de Si mesmo para poder ser Graça. Criar é tanto um ato de Graça quanto de Redenção. Para Aquele que foi imolado antes da fundação do mundo, criação e redenção são uma só coisa. Nele subsistem, de fato, todas as coisas; incluindo toda a criação como toda redenção! Entretanto, essa fé se faz compatível com o espírito de Cristo Jesus, e que se recomenda que também nos habite, o qual afirma que Ele sendo Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes esvaziou-se de si mesmo, e assumiu todas as identificações humanas; fazendo-se obediente até a morte, e morte de Cruz; pelo que Deus o exaltou, e lhe deu o Nome que está sobre todo nome, em qualquer que seja o plano ou dimensão. Portanto, em Jesus, Deus chama o homem a viver com Deus enquanto Deus vive como homem! E o princípio único a existir é este: amor, que se doa, e, por isto, tanto cria quanto redime; pois tanto serve quanto perdoa; pois tanto mais misericordioso é, quanto mais misericórdia tenha experimentado. Essa fé, todavia, faz desabar todo o edifício da Teologia. Quem pensar saberá o porquê. Nele, Caio