O DIABO NÃO É DE CARNE E SANGUE – mas seus agentes são.

 

 

 

 

 

O DIABO NÃO É DE CARNE E SANGUEmas seus agentes são.

 

 

 

Minha primeira experiência com demônios foi aos 13 anos. A empregada de uma namoradinha era possessa, e, uma vez, caiu e serpenteou ante nossos olhos estupefatos, enquanto produzia um chacoalhar de cascavel e emitia sons inumanos. E não havia dúvidas: era demônio. O reverendo Antonio Elias o repreendeu; mas eu fiquei atormentado com a experiência um bom tempo.

 

Ora, eu nascera numa casa na qual doença mental não era tratada com alienação. Havia loucos de vários tipos na casa de minha avó, desde sempre — pessoa que meu avô tomara como afilhadas, algumas delas nitidamente descompensadas ou surtadas mesmo. Isto sem falar no meu amado tio Lucilo, mano de minha mãe, que era esquizofrênico; e que viveu como tal a vida inteira, até a morte.

 

Assim, de algum modo, em meu coração eu sabia que o que acontecera com a empregada da Marcinha era possessão.

 

Depois esqueci de tudo, até o dia em que estava com uma menina dentro de um carro no antigo Píer de Ipanema, 1972, quando ela gritou: “O Anticristo nasceu! Aleluia!” — e disse isto com os olhos inflamados de alegria do inferno.

 

Ora, eu era doido, mas nem tanto. Larguei a moça no carro e fui embora a pé…

 

Dali em diante houve uma sucessão de episódios do mesmo tipo, em seqüência; pois, aonde eu ia alguém incorporava e vinha com “papos do diabo” para cima de mim. Até que eu mesmo, em julho de 1973, na noite de minha conversão, fiquei sob sujeição demoníaca; pois, tinha consciência de tudo à minha volta, mas, de fato, apenas assistia, posto que algo dominava todos os meus comandos, fazendo de um fantoche daquela força perversa que desejava me matar.

 

Daquele tempo em diante, embora tenha ficado amedrontado de inicio, logo me vi na linha de frente daqueles enfrentamentos; os quais passaram a ser diários, e, pelos quais, não apenas aprendi o que é uma possessão, uma sujeição demoníaca, uma opressão, ou quais e como são os estados híbridos, quando a possessão gera uma disfunção psíquica permanente (uma espécie de psiquismo de possesso); ou quando em razão de uma disfunção psíquica acompanhada de ódio ou baixa auto-estima, a pessoa evoluiu da doença mental para um estado de possessão simultânea. Ora, isto sem falar nos inúmeros casos de doença mental que se fazem “condicionar” pela aparência aprendida pelo doente de como seria se manifestar como um possesso (que em geral são os “casos” de demônio que se vê nas “igrejas” e na tevê).

 

Na realidade fui aprendendo as sutilezas e as filigranas que separam um estado do outro; e, assim, pela Graça, fui discernindo como ajudar no caso de possessos, no caso de doentes mentais sofrendo de uma obsessão demoníaca; bem como fui aprendendo a perceber os “casos híbridos” e os casos da doença mental propriamente dita.

 

Entretanto, demorou um pouco mais para que eu identificasse o homem-diabo. Sim! Pois meu senso de humanidade e até de humanismo, me impossibilitavam de ver que o ocorrido a Judas é um fenômeno muito mais presente no mundo do que as pessoas acreditam.

 

Sobre o tema do Diabo Humano, escrevi faz uns poucos anos o seguinte texto aqui no site:

 

Jesus disse que viu Satanás caindo do céu. Ora, isto aconteceu enquanto os 70 discípulos enviados por Ele para pregar o Evangelho, curar os doentes, e anunciar o reino de Deus — iam de cidade em cidade, apenas levando quase-nada além de si – mesmos, porém inteiros de alegria e fé.

 

Paulo diz que na Cruz Jesus “despojou os principados e potestades espirituais, triunfando deles…” Já o Apocalipse nos diz que chegaria uma hora na qual Satanás seria lançado na Terra… Então se diz: “Ai da Terra e dos que nela habitam!”.

 

Pessoalmente creio que estamos vivendo existencial, psicológica, tecnológica, política, econômica, ecológica e espiritualmente — em dias apocalípticos!

 

Isto porque, além de todas as evidências esmagadoras que nos cercam como “fato-de-morte”, e que hoje são afirmadas não por profetas e videntes, mas por cientistas de todas as áreas —, temos algo mais sério ainda em curso; e que nenhuma ciência parece perceber a gravidade de morte que ela trás consigo.

 

Escrevendo a Timóteo, na segunda carta, Paulo diz no capítulo 3 que nos “últimos dias” os homens, para além de qualquer outra coisa, perderiam o afeto natural. E afirma que a morte da afetividade faria perecer com ela a reverência e a honra a pai e mãe; o que traria à reboque um estado de desafetividade que acabaria por produzir uma sociedade global feita de homens e mulheres implacáveis, egoístas, narcisistas, amantes apenas de si mesmos, e incapazes de aprender-apreendendo a verdade no íntimo; o que gestaria almas em crescente estado de auto-indulgência e uma quase total incapacidade de amar.

 

Ora, assim como em Jesus vai-se de glória em glória até a estatura do varão perfeito; no diabo se vai de desfiguração em desfiguração até ficarmos a cara de Satanás.

 

Tudo isto combina com o que Jesus disse ao se referir a estes “dias”; pois, Ele nos disse que “naqueles dias os homens odiariam, trairiam, e matariam uns aos outros…”; e afirmou que os “inimigos do homem seriam os de sua própria casa”; completando com a afirmação que diz que “por se multiplicar a iniqüidade”, o amor se esfriaria “de quase todos”.

 

Assim, com o diabo caído na Terra e com fome de morte; e com os homens se tornando semelhantes a ele e cada vez mais dês-semelhantes de Deus — o futuro dos humanos é sombrio!

 

Na realidade, como não se pode estudar as ações do diabo na Terra (posto que o próprio diabo está limitado ao “fornecimento” de material espiritual, moral e cultural que a humanidade lhe oferece) — o que fica visível aos olhos não é o diabo no homem, mas sim o homem no diabo.

 

Sim, porque de fato o homem está virando diabo!

 

Cada vez mais o melhor modo de saber como é o diabo é olhando a humanidade. Isto porque o diabo (diabulos) é aquele que divide; e Satanás é aquele que se opõe; ou seja: é o adversário.

 

Ora, olhando para qualquer lugar da Terra e observando os humanos, tem-se que admitir que a humanidade existe cada vez mais em razão das divisões e das guerras de todas as formas e maneiras. Vivemos numa sociedade dividida e na qual o outro é o inimigo; e isto indo da religião, passando pelas relações humanas em geral (especialmente as que envolvem sexo, dinheiro e poder), e chegando ao mercado de trabalho; pois, o concorrente já nem mesmo tem que ser vencido; de fato ele tem que ser aniquilado.

 

Além disso, a morte da afetividade, do respeito aos mais velhos, da reverência aos pais, do amor dos pais pelos filhos, da fidelidade, da gentileza, das educações mais banais, da solidariedade, da honestidade, da dignidade pessoal, do respeito pela existência de qualquer que seja o próximo — foi o poder-ausência que criou essa humanidade da qual somos parte; e que é feita de diabos, quase em sua totalidade.

 

O espírito do diabo está tão presente e imanente na maioria das consciências humanas (e até naquilo que entre nós se chama de Direito, Justiça e Crença), que já não se deve praticar qualquer tipo de “batalha espiritual abstrata”, posto que os demônios estão andando ao nosso lado todos os dias, em todos os lugares; e não são espíritos invisíveis, mas cobertos de carne, pele e ossos…; e muitas vezes travestidos até de “cristãos”.

 

A tragédia “destes últimos dias” é que a humanidade vai perdendo a “imagem e semelhança de Deus”; e, dia a dia, vai se tornando mais e mais parecida com o próprio diabo.

 

Ora, isto não é algo que deve ser dito apenas aos distantes e diferentes… “de nós”. Não! Isto deve ser dito a nós mesmos; e dentro de nossas próprias casas, famílias, igrejas e governos; e também a cada forma de expressão humana que nos cerca; pois, em quase todas elas, vemos sutilmente os humanos ficando a cara do diabo; e isto sem que o percebamos.

 

Basta ver o que existe em você. Sim, procure por amor, perdão, graça, misericórdia, compaixão, reverência, gentileza, bondade, alegria simples, e também pela fé que opera pelo amor —; sim, dentro de seu coração busque tais coisas; e, não achando tais coisas enraizadas em você, olhe para os céus e peça misericórdia a Deus; e isto a fim de que você e eu não sejamos tragados pelo bafo do inferno que seca a umidade do amor no chão da alma humana.

 

Assim, o que disse há dois anos, desejo repetir hoje, pois, é-me impossível não ver as ações malignas e sutis do diabo — usando o diabo-crente; o crente-diabo; o pobre-diabo; e o crente-diabo-crente.

 

Sobretudo, vejo esse diabo-humano se manifestando como fomentador de ódio, intriga, invejas, suspeitas, e muita e muita infâmia.

 

De fato, se não nos dermos conta disso, mas, ao contrário, se tratarmos tais coisas com “inocência”, todos nós seremos tragados para dentro da fraternidade do diabo-humano, a qual é feita de mentira, engano e sentimentos afiliados ao ódio e ao ressentimento.

 

Nos últimos dois meses (como fazia tempo não sentia e via), tenho percebido forte ação e ataque do diabo. Para mim, entretanto, todos esses ataques espirituais ou humanos (porém carregados da mesma energia de maldade), são o que a minha mulher chama de “o estrebuchar do rabo da lagartixa morta”. É reflexo nervoso das trevas ante a constatação de que não brincaremos com nenhum das diversões do diabo: ódio, amargura, ressentimento, desconfiança, infâmia, mentira, e toda sorte de dissimulação e engano.

 

Assim, digo: o pior diabo é o diabo-humano; pois, o diabo-diabo é apenas o diabo, mas o diabo-humano é gente agindo e sendo como o diabo entre os humanos.

 

Neste caso, é deixar, como Jesus deixou… Nós, entretanto, que temos ou que venhamos a ter este discernimento, não podemos nos tornar sócios inocentes desse diabo que se faz homem na maldade dos humanos desumanizados.

 

Lembre isto hoje, amanhã e sempre!

     

Nele, que nos disse como seria…, a fim de que não nos tornássemos o que não fomos criados para ser,

 

Caio

 

23/07/07

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