O SANGUE DE TUDO QUE SEJA AMOR É UM SÓ

 

 

 

 

O SANGUE DE TUDO QUE SEJA AMOR É UM SÓ

 

 

 

Um é o amor do pai, outro o da mãe; um o de um filho, um o de outro filho; um o de um amigo, outro o de outro amigo; um é o da mulher amiga e outro o da mulher de quem se amiga; um é o amor fraterno, outro é o amor que deseja; outro o amor que deseja o bem, mas não quer o outro em relação; um é o amor que dá e outro é o amor que recebe; um é o amor que deixa ir e outro o que acolhe; um é o amor que vai… [e deixa…] para fazer o melhor e outro o que fica mesmo para o pior; um é o amor que cuida de perto e outro é o que resiste ao desejo de cuidar e deixa, e apenas olha ao longe o bem que o outro tem que aprender a fazer a si mesmo — porém, mesmo sabendo que é por tais diferenças que o amor à mãe não nos leva a desejá-la e o amor da mulher que se deseja não nos faz amantes sem cuidado e sem desvelo; tem-se, todavia, que afirmar que em todos esses modos de amar há o único amor, que neles [nos muitos modos de amar] existe como o sangue existe no corpo; e os irriga assim como o sangue irriga os órgãos; o qual, como o amor-sangue de todo modo de amar, tem em si as mesmas e únicas propriedades, as quais, não existindo, fazem a alma entrar em dyscrasia, havendo a implosão de todo modo de amar [assim como na dyscrasia o sangue se descomunica e implode]; e assim fazendo com que todos eles morram como morre um corpo cujo sangue se auto-desfez.  

 

E qual é o sangue de todo modo de amar?

 

 

Parafraseando o imutável…

 

 

Ainda que eu falasse as línguas de todos os homens e me comunicasse com os anjos em suas próprias línguas, mas se não tivesse amor em meu ser, ainda assim eu me faria ser ouvido diante de Deus como uma lata sendo batida ou como um sino repicando doloridamente nos ouvidos divinos.


Mesmo que eu tivesse poder de profetizar sempre, e fosse capaz de conhecer todos os mistérios da existência, e cumulasse em mim toda ciência e saber… e ainda acrescentasse a tais dons a força de uma fé que exercesse autoridade de transportar montes, mas se eu não tivesse amor, nada seria verdadeiro para mim, e menos ainda para Deus.


Se possuído de toda disposição social eu distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres da terra, e mesmo que decidisse entregar o meu corpo para ser queimado em holocausto ou martírio pela defesa do que é bom, e, ainda assim, não fosse por amor, nada disso me aproveitaria aos olhos de Deus.


O amor é capaz de suportar toda dor e não deixar de ser benigno.


O amor não conhece a inveja.


O amor não se vangloria de si mesmo e não se ensoberbece com nada.


O amor é sempre próprio, por isto jamais se porta inconvenientemente.


O amor nunca busca primeiro os seus próprios interesses.


O amor não se irrita injustamente.


O amor nunca espera o pior dos outros homens.


O amor não se regozija com a injustiça, mas se alegra com a vitória da  verdade.


O amor é forte, por isso, tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta.


O amor jamais acaba…


Profecias, todavia, perderão um dia a sua utilidade.


As línguas cessarão, pois, a comunicação do amor prescinde línguas.


E toda a ciência desaparecerá, porque chamamos de ciência à nossa própria ignorância — em parte conhecemos, e em parte profetizamos! — mas, quando as limitações do tempo e do espaço derem lugar ao que é perfeito, então, todas essas coisas que tem sua utilidade no tempo e na história humana, serão aniquiladas, pois, não se farão mais necessárias.


Nós somos crianças no discernimento de que no amor reside todo o bem.


Sim, ainda somos como crianças.


Quando eu era menino, pensava como menino, sentia com imaturidade e tinha valores infantis.


Foi apenas quando me tornei um homem que deixei de lado aquilo que me era tão importante quando eu ainda era somente um menino.


Assim também é conosco enquanto estamos aqui, nas limitações deste corpo de morte — nossa infância do ser!


Porque agora vemos apenas sombras e projeções opacas, e enxergamos apenas em enigma. Mas quando nossa idade adulta no amor de Deus acontecer…; então, já não estaremos sujeitos à tarefa de interpretação de enigmas.


Naquele dia veremos tudo face a face!


Agora conheço apenas em parte… Haverá o dia, entretanto, quando conhecerei tudo em plenitude. Assim como também sou plenamente conhecido por Deus.


Mesmo ainda vivendo em relatividade, devemos saber que a busca das melhores virtudes não está adiada para a eternidade. Começa aqui.


Assim, saiba que agora permanecem a fé, a esperança, o amor!


Sim, estes três estão em plena vigência.


O maior destes, todavia, é e sempre será o amor!

 

Sim! O amor em todos seus modos de amar!

 

 

 

Caio

 

 

01/09/07

Manaus

AM