SEMPRE DE VOLTA À SIMPLICIDADE!

 

 

 

 

 

SEMPRE DE VOLTA À SIMPLICIDADE!

 

 

 

 

Quando recomecei a pregar, depois de mais de dois anos em silêncio entre 1998 e 2001, decidi que só valeria a pena se fosse num processo leve e livre como o caminhar de Jesus com Seus discípulos.

 

Eles sabiam com Quem andavam e O seguiam. Sim! Sabiam que na viagem eles veriam as marcas dEle, que eram Luz como entendimento, Sal como natureza de ser, Pão como alimento essencial embora simples, Água como Vida na vida, e Amor na forma de Graça, Misericórdia, Acolhimento, Verdade, Liberdade, Independência, Surpresa, Confiança, Alegria, Justiça e Bondade em tudo.

 

Entre eles não deveria haver questões que não fossem relacionadas ao reino. No entanto, mesmo assim, houve quem desejasse saber quem era o maior entre eles, quem se assentaria ao Seu lado no Porvir, ou quem fosse o mais amado. Também houve quem achasse que tinha o poder de dizer como Ele deveria se comportar ou se manifestar. Não faltou também quem julgasse que Ele não estava dizendo e nem fazendo a coisa certa, e, portanto, precisando de “ajuda”.

 

Ora, eu sabia de tudo isto, mas, mesmo assim, aceitei me encrencar pelo amor enquanto caminhava e pregava a Boa Nova aos meus semelhantes.

 

E sabia mais:

 

Tinha consciência de que haveria quem cresse que poderia falar por mim ou admitir ou proibir em meu nome, pois, se antes de mim assim trataram o Dono da Casa, como não haveriam de proceder comigo que sou tão-somente um servo? Ora, com Ele eu já havia aprendido acerca de como eles procedem quando sentem dores, insegurança ou medo, e buscam fazer de você o responsável por cada um de seus sentimentos. Sim! Eles fazem de você um totem e convertem você em tabu quando bem necessitem.

 

Isso sem falar que eu sabia que eles fogem, silenciam, e, frequentemente, entendem tudo errado. No entanto, para mim, sendo assim, simples e franco, cru como as dores humanas! — valeria a pena, pois, para mim, só não valeria a pena se fosse como antes, no tempo de meus serviços à religião: dentro de algo fixo e fechado como uma instituição que existe por e para si mesma. Sim! Para mim, se fosse para ser como no tempo em que eu pastoreei clubes de crença cristã, não daria nunca mais, como de fato não dá.

 

Desse modo, pensei que se pregasse e escrevesse e ajudasse os que desejassem ajuda, estaria fazendo o bastante por ora. Não demorou e milhares começaram a se manifestar buscando “uma irmandade” comigo, ou um “andar juntos”, ou uma “fraternidade” no mesmo espírito do que ensino e prego. Foi por isso que surgiu o “Caminho da Graça” e, agora, “A Fraternidade no Caminho”.

 

Entretanto, com o crescimento surgem as necessidades orgânicas e organizacionais. Então aparecem as necessidades de divisão de tarefas, assim como enviar de dois em dois antes de você. Ou, quando em razão de melhor gestão dos dons, tem-se que fazer o povo assentar-se na relva em grupos de cem e de duzentos. Então, tem-se que nomear ajudantes em cada uma dessas áreas.

 

Assim, na intenção original de servir, logo alguns deles estão perguntando quem faz o grupo ficar mais rápido, solidário e organizado. Logo os competentes aos olhos exteriores vão sendo identificados entre eles, e, sutilmente, começam a surgir os centuriões do amor,  que acabam entrando no cinturão do amor de Jesus.

 

Sabendo disso, eu assim mesmo me dispus a buscar toda paciência do mundo a fim de agüentar as tolices e os entusiasmos infantis quando eles surgissem, porém pedindo a Deus que eles não aparecessem. Afinal, se Jesus suspirou de cansaço ante tais tolices Até quando vos sofrerei? Até quando estarei convosco?—, que não dizer de mim, que não sou nada além de pó?

 

Toda-via, pus-me a caminho com quem quis vir e veio. Todos conscientes de que o modelo não é “eclesiástico”, mas sim “do caminho”, acontecendo em profunda desinstalação, e sempre focado no ser e no ir… — enquanto se vai pregando a Palavra e fazendo discípulos na jornada, não para que eles se assentem a fim de fazerem gestão social uns dos outros, mas para que sejam testemunho ao mundo, conforme a vida e o ambiente real de cada um (família, trabalho e vínculos naturais), enquanto se caminha no Caminho, que é Jesus.

 

Assim, música, instrumentos, líderes, aglutinadores, motivadores, escritórios, formatações, etc, não seriam importantes em si mesmos.

 

O importante seria pregar e ensinar a Palavra e ajudar as pessoas a terem um suporte mínimo de comunhão umas com as outras, e isso conforme a necessidade que as pessoas tivessem de que assim fosse. Afinal, muita gente se satisfaz em ouvir a Palavra e voltar para o dia-a-dia sem necessidade de freqüentar mais nada. E eu sou um desses!

 

Nos últimos 15 dias venho meditando muito acerca das concessões que já fiz. E quais foram? Ora, foram todas no sentido de dar suporte aos que se habituaram a ter, no “ajuntamento” para ouvir a Palavra, também algo que ofereça um espaço mais contínuo de convívio a fim de suprir a necessidade desses que desejam estar sempre junto de outros ou com outros que confessem a mesma fé.

 

No entanto, é justamente desse tipo de necessidade que acabam surgindo as piores doenças, as quais estão aqui no site muito bem explicitadas. Ver em Busca: “A Diferença entre o Clube e o Caminho”, e, ainda: “Estações Podem Virar Estacionamentos”.   

 

O fato é que apenas três anos depois, me é possível constatar a realidade dos “vícios da religião”, com seus clérigos pagos ou ordenados (com ou sem imposição de mãos), seus humores de desejo de definição de função e busca de excelência, de necessidade de ter gente acima de si para a maioria e, para uns poucos, a necessidade de saber sobre quem dirigem; e isso com as inevitáveis transferências de responsabilidade da felicidade pessoal para os “líderes” uma vez que para eles seja projetada a insatisfação existencial de cada um, ou, outras vezes, pelo mero interesse de “ajudar” fazendo a ressurreição de modelos defuntos, aprendidos na religião. 

 

Assim, mais do que nunca, quero ficar no que é simples. Quem quiser andar no Caminho da Graça terá que aprender, na prática, a seguir sabendo que a viagem é sobretudo aquela acerca do bem do Evangelho na consciência de cada um, pois se não houver isso como  caminho de Deus no coração, toda iniciativa do lado de fora é doença.

 

Quando, porém, o coração não está carente de afirmação, mas apenas contente em Deus, tudo à volta é contentamento. Quando, todavia, não é assim, tudo à volta é objeto de insatisfação.

 

Eu, no entanto, não fui chamado para ser babá de insatisfeitos. Quem viaja de carona tem sempre duas opções: ou anda feliz e grato ou, então, pede para descer. É simples assim.

 

Ou não foi assim que Jesus tratou a coisa toda? Quereis vós também retirar-vos?

 

Só tenho energia para pregar a Palavra e nenhuma para as questões do “clube e seus associados”. 

 

Estou no Caminho e não pedi a ninguém que viesse comigo. Quem veio o fez de livre vontade. Ora, se foi assim, é assim que continuará a ser: simples, leve e livre! E se quando eu não estiver mais aqui alguém resolver criar “A Igreja Cristã ‘O Caminho da Graça’”, espero que algum profeta de Deus acabe com tudo, ou que se convertam à semente da simplicidade que gerou tudo aqui até agora.

 

Não morri ainda e não estou aberto para ser esculpido por homens e seus desejos. É nesse nível de radicalidade que significa andar comigo nessa jornada de fé. E ninguém mudará isso, pois somente o Espírito de Deus me fará ver o que vejo como Evangelho de uma outra forma, se um dia for o caso.

 

Estou aqui para combater somente bons combates, para completar apenas a carreira que me foi proposta, e guardar a fé conforme me foi ensinada e por mim crida e pregada a milhões. 

 

Quem desejar vir, venha; e quem deseja continuar, lembre-se que esta sempre foi a proposta. 

 

 

NEle, em Quem está todo o meu prazer e em nada mais,

 

 

Caio

 

25/01/08

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