SÍNDORME DO LÁZARO RESSUSCITADO!
Nós, cristãos, nos declaramos como sendo “o povo da eternidade”. Sim! Pelo menos esta é a confissão pública que fazemos, e, além disso, é por tal afirmação que dizemos pregar “aos outros”, tanto no lugar em que estejamos como também em nossos “empreendimentos missionários” à volta da Terra.
No entanto, ainda me impressiona muito o fato de que a maioria dos povos da terra lida com a morte muito melhor do que as sociedades cristãs o fazem.
Índios, indianos, chineses, japoneses e orientais em geral, todos, quase sem exceção, lidam com o fato da morte com a mesma naturalidade com a qual lidam com o fato do nascimento.
Morrer faz parte. É normal. É natural. Daí Jesus ter tratado a morte como se fosse apenas “um sono”.
“Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo”.
“A menina não está morta, mas dorme!”
“Quem crê em mim já passou da morte para a vida”.
A morte dos santos é “preciosa aos olhos do Senhor”.
Assim, morrer, para os que ficam, deveria apenas gerar saudade, mas nunca desespero. Afinal, para quem vai…, o morrer é apenas aquilo que o morto não fica sabendo que aconteceu, pois, de fato, abre os olhos para a vida eterna.
Além disso, ninguém foi enganado. Já nascemos sabendo que morreríamos.
Vejo os cristãos desesperados até mesmo ante a morte de alguém que já está para além da cronologia natural da vida; ou seja: há cristãos com raiva de Deus porque o pai ou mãe, idosos, partiram…
É a Síndrome do Lázaro Ressuscitado.
Sim! Os cristãos querem viver do que na Bíblia é sempre a exceção, o milagre, o inusitado, mas nunca o fato simples do viver.
Assim, sempre sofrem como se Jesus não tivesse vindo para ressuscitar o Seu amigo!
Desse modo, sem termos resolvido em nós nem mesmo aquilo que Jesus disse que Nele já está vencido, que é a morte, como poderemos pretender ter o que dizer aos “pagãos” que tratam a questão com mais normalidade do que nós?
Sim! Como teremos o que dizer se temos apenas uma mensagem que nós mesmos não levamos a sério?
Afinal, como é possível dizer que Jesus faz sentido, se um budista sem Jesus lida melhor com os fatos da existência do que nós, cristãos?
Ora, enquanto a morte não é vencida como fobia em nós, nenhuma sorte de vida em Jesus ganha seu poder e sua efetividade em nós.
A primeira coisa que a consciência do Evangelho faz em nós é tirar a fobia da morte e dar ao discípulo a tranqüilidade plena ante os fatos naturais desta existência.
De outra sorte, como poderemos ser o povo da Paz que Excede a Todo Entendimento?
Nele, que é a Vida Eterna,
Caio
1 de agosto de 2008
Lago Norte
Brasília
DF
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