TREINO DE DISCIPULADO EM JESUS
Quando Buda ensinou que sem a renuncia do ‘eu’ ninguém seria feliz, ele dizia o que Jesus posteriormente ensinou sem a radicalização da morte do eu, mas sim do “si-mesmo”, do self como acumulação de direitos, ilusões, sonhos, fantasias e expectativas irreais.
Cada dia me convenço mais, tanto pela Palavra como também pela observação dos santos de Deus, como meu pai o foi — que, de fato, os felizes, os bem-humorados e os esperançosos desta vida, são os que, de um lado, abraçaram a esperança da glória eterna de Deus como galardão/promessa hoje, já; e, de outro lado, desistiram da própria felicidade como recompensa terrena; fazendo, na prática, com que tal projeto de existência seja um projeto de desistência ativa do que nos seja ensinado como nosso “direito”; e mais ainda: desistindo mesmo de todo direito pessoal.
A justiça que se sente que a nós seja devida, ou os bons tratos, ou o respeito, ou a consideração — são os elementos que mais fazem uma pessoa normal sofrer quando vê que, em sua vida, eles são sempre preteridos.
Ah, como ando longe de tudo isto ainda…
Irrito-me quando vejo a falta de prioridade, de objetividade, de simplicidade quanto a dizer “agora não dá, pois, tenho um compromisso”; e, sobretudo, quando vejo que as coisas sem importância ganham o poder de parar o fluxo das coisas essenciais, seja por distração, por avoamento, por irresolução, ou, pior: por falta até de percepção das implicações.
Hoje, minha maior ambição espiritual é colocar meus pés de fato no chão desse caminho sem direitos e sem importâncias a eles.
É parte do meu negar a “mim mesmo” que assim seja; e, ao invés de me irritar com os que são os agentes desse “treino”, peço a Deus a compaixão e a paciência que me ponham acima da contrariedade — embora, como eu disse, este ainda é meu lugar de “treino”.
Nele,
Caio
18 de abril de 2009
Copacabana
RJ