COMPADRE DO DIABO…

 

COMPADRE DO DIABO…

 

Havia um caipira que todos os dias ia a um bar pra tomar uma pinga.

Sempre chegava e dizia:

“Uma pra mim e outra pro meu compadre aqui”.

Só que não havia nenhum compadre com ele…

Ele bebia as duas…

O homem do bar já estava acostumado.

Era todo dia:

“Uma pra mim e outra pro meu compadre aqui”.

Um dia o caipira chegou lá com uma Bíblia na mão, e disse: “Põe uma pro meu compadre”.

O homem do bar perguntou: “E você?”

O caipira respondeu:

“Ah! Eu me converti e parei de beber”.

E entornou a dose do compadre!…

É mais ou menos assim a nossa hipocrisia.

Nós nos convertemos “e paramos de beber” [figura metafórica, é claro!], mas o “compadre”, o parceiro de pingas de toda a vida, o comparsa de maldades, o diabo, continua a beber por nós, a surtar por nós, a roubar por nós, a adulterar por nós, a ser desleal por nós — e a ser o diabo a quatro e o diabo de quatro por nós, levando a nossa culpa, enquanto gosta de tal transferência, posto que se alimente da mentira.

A culpa do diabo é do diabo, e o homem não tem nada a ver com isto!

Adão adulto não diz: “Foi a mulher!…”

Eva adulta não diz: “Foi a serpente!…”

Homem e Mulher adultos apenas dizem que fizeram o que fizeram.

O homem diz: “Eu comi”.

A mulher diz: “Eu desejei e tomei”.

Ora, na narrativa do Éden foi a serpente quem saiu com mais dignidade, pois, não disse nada e apenas passou a rastejar.

Mas o homem adulto que escolhe o melhor caminho, diz: “Aí vem o Príncipe deste mundo, e ele nada tem em mim”.

É assim que se deixa de ser compadre do diabo.

 

 

Nele,

 

Caio   

27 de abril de 2009

Copacabana

RJ